(23) camellias

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[P O V   P A R K  J I M I N]

Sentir que o meu aniversário começava a não passar de um rito de passagem começava seriamente a dar-me nervos. 

Taemin sempre o tratava como se fosse o melhor acontecimento do ano, como se merecesse todo o tipo de gente. Mas ele precisava apenas de entretenimento, porque, naquele ano, Taemin não ligou muito para a data, não por falta de interesse, até porque acabou convidando toda a família na mesma, mas um pouco por falta de tempo, pois estava ocupado com os preparativos para o nosso casamento. 

É. O nosso casamento estava finalmente marcado, para os finais do mês de Abril, e Taemin estava tratando de tudo sozinho. Eu tinha deixado isso com ele, porque eu não sabia o que dava em mim, mas eu não estava preparado, de certeza, para enfrentar a preparação de tal acontecimento. 

Aquele ano estava do meu lado, com o treze de Outubro calhando a um domingo e talvez isso fosse o motivo pelo qual abraçava todo o festejo espalhado pela casa de bom grado.   

Sem todo o exagero de Taemin, Yang Mi e eu apenas saímos na manhã daquele dia de final de semana para comprar refrigerantes, salgadinhos e outras coisas, inclusive um bolo de aniversário, porque eu não tinha vontade de fazer um, então eu simplesmente deixei a garotinha escolher, porque não me importava com tal.

Aquilo era o tipo de coisas que o meu noivo não aprovaria então nós dois prometemos manter segredo.

"Hoseokie vai vir?" Ela perguntou-me, no caminho de volta, ainda sentada no banco de trás.

"Yeah." Eu respondi, distraído, atento na estrada, baixando o volume da música porque de alguma maneira estava enchendo o meu cérebro.

Pela tarde, mais para o final, os convidados começaram a chegar, e pelo menos, dessa vez, eu estava com disposição para os receber, apertando a mão do meu sogro e do meu pai, deixando um beijo na face das mulheres e abraçando os meus amigos e os costumeiros que Taemin convidava. 

E a noite deu-se por aí, pelo costume, a convivência com os meus amigos, incluindo o meu chefe, que eu avidamente considerava meu grande amigo, com a minha família e os demais. 

Yang Mi sempre andava no meu pé e eu não sabia ao certo o que ela queria, mas, como até então tinha sempre alguém conversando comigo, eu não cheguei a perguntar-lhe. 

Mas, em algum momento, ela puxou a minha mão, quando eu estava sozinho olhando a mesa de doces, e eu abaixei-me, ficando de cócoras na sua frente, sorrindo grande. 

''Passa-se alguma coisa, Yang Mi?'' Eu questionei, subtil, porque eu sabia a resposta. Ela acenou com a cabeça na minha direção, um pouco encolhida. Eu segurei-lhe a mão, trazendo-a para o meio das minhas pernas e deixando-a recostar-se no meu joelho. ''E o que foi?'' 

Ela aproximou o rosto do meu, juntando a sua boca à minha orelha, com as mãos pequenas rodeando a mesma, tentando daquele modo que ninguém realmente a ouvisse. 

''O presente desse ano ainda não chegou, pois não?'' Ela perguntou-me, completamente receosa sobre fazê-lo. 

Eu segurei a sua cintura fininha, afastando-a para a olhar, e ela apenas mantinha a cabeça baixa, mas eu encarava-a com as sobrancelhas unidas. 

''Do que está falando, Yang?'' O meu tom tinha soado mais sério do que o costume e ela apenas tremelicou. ''Yang!'' Eu abanei-a muito levemente, sussurrando também para que ela entendesse que eu não deixaria ninguém saber do que falávamos ali. ''Pode me dizer.'' 

Ela voltou a aproximar o rosto do meu ouvido, sem as mãos dessa vez. 

''Os seus presentes de aniversário.'' Murmurou-me. ''Que você recebe.'' 

''Do Papai?'' Eu sorri um pouco torto, mas ela negou. 

''Aquela rosa bonita que você recebeu...'' Ela disse-me, sorrindo com os dentinhos. ''E o seu brinco legal.'' Ela passou os dedos no piercing no cimo da minha orelha, ainda sorrindo. 

E eu suspirei, porque aquela miúda era demasiado perspicaz para mim, porque nem Taemin havia descoberto sobre o maldito brinco. 

Eu nem tentei perguntar como ela havia descoberto, porque isso seria insinuar que eu estava tentando esconder, e eu simplesmente não estava. 

''Não virá esse ano.'' Eu neguei, sem um resquício de mentira na minha voz. ''Nem em mais nenhum.'' 

Aquela para mim era a verdade, porque Jungkook não podia mais entrar na minha vida. Não mais, e eu esperava que o meu recado tivesse sido o suficiente para que ele realmente parasse com aquele tipo de coisas. 

''Oh.'' Ela lamentou, abraçando os meus ombros. ''Mas eram seus presentes, porque não tem mais?'' 

''Hun, Yang Mi... Só não. E são só presentes, não interessa para mim porque eu tenho você aqui, não é?'' Eu apertei a sua barriga, ouvindo-a soltar uma risada e encolher-se, para então distribuir cócegas pelo seu corpo, querendo que ela esquecesse aquele assunto. 

Taemin chegou a nós em passo rápido, rindo sobre a forma como a pequena tentava se escapar. E ele parecia preocupado, e eu levantei-me, questionando-o e deixando Yang Mi correr dali para fora. 

''O que foi?'' Eu perguntei, passando um dos meus braços por cima do seu ombro, sorrindo e aproximando-nos. 

''Houve um problema com as flores.'' Ele resmungou, e eu suspendi uma sobrancelha. 

''Do casamento?'' 

Taemin achava mesmo que eu ficava triste ou incomodado por alterações de planos como aquele tipo, mas eu não ligava realmente para aquilo, tal como eu não ligava se tinha uma festa grande ou pequena, ou se nem mesmo tinha festa de aniversário. 

Eu não ligava para essas coisas, ligava para as intenções, os pequenos pormenores. 

''Está tudo bem, Tae.'' Eu assenti, sorrindo e lhe dando um selinho casto. ''Quais teremos agora?'' 

Ele bufou para o ar, mas eu apenas ri da sua agonia. 

''Camélias.'' Disse-me e eu sorri largo. 

''Camélias!'' Eu repeti em um tom mais contagiante e animado. ''Adoro camélias!'' 

Não era mentira, porque camélias eram similares a rosas e rosa era de todo a minha flor favorita. 

''Você gosta?'' Ele perguntou, suspeito, com as sobrancelhas franzidas e eu acenei freneticamente. ''Ok, camélias serão.''  

It Ain't My Fault [jikook/kookmin]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora