5 - Venturas e desventuras

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- Ei mocinha!

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- Ei mocinha!

Eu estava caminhando pela calçada quando ouvi aquelas palavras e já sabia que eram destinadas a mim, pois era quase impossível não reconhecer aquela voz, que há algum tempo já havia se tornado tão familiar. Era o senhor Ricardo, o simpático velhinho que ia à lanchonete todas as manhãs para fazer sua refeição matutina. Ele estava em seu carro, um opala preto bastante charmoso.

- Bom dia seu Ricardo! Como o senhor está? - Falo enquanto ele encosta o carro

- Estou bem minha querida, e você como está? E que carinha abatida é essa? - responde com sua gentileza habitual

- Estou vivendo a minha vida - dou um leve suspiro - mas confesso que não está fácil

- Não fique assim, minha querida, ela não merece a sua dor.

Ela? como ele sabia que eu estava assim por causa de Jim - pensei - Como eu era tola, toda a cidade sabia do que havia acontecido no passado e agora que ela voltou, não era difícil imaginar que eu não ficaria bem com essa volta.

- Sabe de uma coisa, não é qualquer um que merece o nosso sofrimento, nem nossa tristeza, raiva ou dor - Ele diz enquanto abre a porta do carro e desce - Vamos nos sentar naquele banco e conversar um pouco, sim? - ele fala apontando para um dos bancos de madeira que havia na rua. Nós seguimos até lá e nos sentamos

- Escute querida, Todos da cidade sabem o que sua irmã fez com você e com seus pais... o que ela fez com a própria família é muito feio e nós sabemos que alguns fingirão que nada houve, enquanto outros olharão com simpatia pela frente e pelas costas falarão mal dela e haverão ainda aqueles loucos que acharão que ela não fez nada demais, mas tudo isso pouco importa, o importante é o que você está sentindo e pensando e mais ainda, você deve pensar no que não pode deixar que ela faça com você. - ele pega as minhas mãos e as segura com carinho - Você deixou de realizar seus sonhos, perdeu seus pais e agora trabalha numa lanchonete cujo o dono é um sujeito ridículo. Portanto, minha filha, a sua vida já é difícil demais para você permitir que essa garotinha safada volte e lhe roube a paz que você já nem tem mais. Ela já lhe tirou coisas demais, Jenny, não deixe que ela lhe faça mais nenhum mal. 

Escutando as palavras daquele velho homem não pude conter minhas lágrimas e nós dois ficamos ali por cerca de vinte minutos, que pareceram horas. Eu chorei e deixei a dor que eu sentia sair de dentro do meu corpo junto com cada uma daquelas lágrimas e o senhor Ricardo ficou ali me olhando com aqueles olhos azuis cheios de ternura. Por um instante senti como se tivesse o meu pai novamente perto de mim e aquilo doeu, mas ao mesmo tempo me senti feliz por ter tido essa sensação, da qual eu tinha tanta saudade. 

- Muito obrigada senhor Ricardo, o senhor não imagina o quanto eu precisava dessas palavras e desse carinho - disse com minha voz ainda embargada pelo choro - acredite em mim, não deixarei a Jim me magoar novamente

- Não agradeça, filha, sempre que precisar de mim estarei aqui e não deixe mesmo ela te magoar. Escute, não exite em me procurar quando quiser conversar. Depois que minha esposa morreu e eu passei a frequentar a lanchonete todas as manhãs, conversar com você se tornou a melhor parte do meu dia. Eu estava tão sozinho e infeliz, e você sempre se esforçou para tentar colocar um sorriso em meu rosto, mesmo carregando tantas dores você ainda se preocupa com as outras pessoas. Sou muito grato a você Jenny e tudo o que eu puder fazer por você eu farei, conte sempre comigo, doce menina. 

Segunda chance para o AmorWhere stories live. Discover now