capítulo 35

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Caminho para o quarto, que costumava ser só meu, mas que agora divido com Sophia, sem um terço da empolgação de outrora

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Caminho para o quarto, que costumava ser só meu, mas que agora divido com Sophia, sem um terço da empolgação de outrora. O cômodo já não me transmite as mesmas sensações, na verdade, todos os bons sentimentos que aqui compartilhamos, agora parecem ficar porta a fora. O nosso quarto tornou-se pura melancolia e angústia.

Os últimos dias vinham sendo difíceis para a minha namorada, e essas paredes eram as testemunhas dos seus momentos de fraqueza. A cada tentativa falha de aproximação eu a via pior. A esperança se esvaia cada vez mais rápido do seu olhar, dando lugar a decepção e a frustração.

A menina havia mesmo conseguido quebrar a minha mulher.

Emma, acredito que sem nem dar conta, destroçava o coração dela um pouco mais a cada dia. E eu, que acompanhava de perto toda está situação, já não aguentava mais. Sim, eu entendia que ela era só uma criança e que estava passando por um momento difícil, no entanto, isso não tornava as coisas melhores.

A garota precisava entender que se estava bem e a salvo, devia a Sophia. Somente a ela.

Girei a maçaneta e finalmente entrei no quarto. Diferente das outras vezes não me aproximei, ela já havia deixado claro que queria um pouco de espaço, e eu decidi respeitar a sua escolha, ao menos por enquanto. Lentamente, comecei a abrir os botões da minha camisa e por fim a retirei. Levei as mão até o meu cinto, e ele teve o mesmo destino que a peça superior. Estava prestes a fazer o mesmo com a calça, quando a sua voz melodiosa soou.

—Miguel... —Virei em sua direção, e flagrei o momento que mordeu o lábio inferior. —Temos que conversar!

—Sobre o que?

—Emma. —Disse num único suspiro. —Você estava certo desde o início. Eu nunca deveria tê-la trago para cá. —Ela fechou os olhos e respirou fundo, retomando o que parecia ser um discurso previamente ensaiado. —Eu achei que... Eu não sei o que achei, só que foi um grande erro. Não tem espaço para uma criança em nossas vidas. Temos que achar um lugar para ela o quanto antes.

Percebi todo o esforço que fazia para me dizer tudo isso, acredito que ela se sente responsável pela garota, e que está a abandonando. Tentei focar em tudo que ela disse, mas o "Não tem espaço para uma criança em nossas vidas." Roubou toda minha atenção, e precisei ter certeza.

—Você não quer ter filhos?

Sophia, que repassava na mente todas as palavras que havia escolhido cuidadosamente, foi pega totalmente de surpresa. Eles nunca haviam conversado sobre aquele assunto, e ela não esperava que ele viesse a tona logo agora. Piscou os olhos, e quando viu já estava falando, sem nem pensar.

—Sim, eu quero uma criança nossa. 

Miguel abriu um grande sorriso, por um momento ficou apreensivo, não sabia o que faria se ela não quisesse. Pois se dependesse dele encheriam a casa de miniaturas loiras.
Sophia ficou sem graça com a sinceridade com que respondeu.

Juntos por um Golpe Where stories live. Discover now