Epílogo

694 65 45
                                    

—Laura Ortiz Ferraz! —Berrou Sophia, enquanto recolhia os brinquedos espalhados pelo chão da sala e tentava calçar os sapatos ao mesmo tempo

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.

—Laura Ortiz Ferraz!
—Berrou Sophia, enquanto recolhia os brinquedos espalhados pelo chão da sala e tentava calçar os sapatos ao mesmo tempo. —Não me faça ir até aí. Estamos atrasadas!

Correndo de um cômodo para o outro, ela tentava entender como a sua manhã, que tinha tudo para ser tranquila, havia se transformado naquele caos. O despertador deveria ter tocado, ela tinha certeza que havia programado.

Droga, droga. —Praguejou, quando pisou com intensidade em cima de um peça de lego. A dor se alastrou com rapidez, fazendo-a cerrar os dentes, e prender os diversos palavrões que ficou tentada a proferir.

Tinha acordado com o pé esquerdo. Não havia outra explicação. Desde que abriu os olhos tudo dava errado.
O lençol enrolou-se em suas pernas, fazendo-a cair no chão. Laura relutou em ir a escola. O suco que colocava na pequena garrafa cor de rosa espirrou em sua blusa. E agora, o seu pé latejava.

Fechou os olhos por breves segundos, e respirou fundo. Tinha de se acalmar.
Decidiu, então, contar até dez. Estava na metade, quando a voz infantil soou, e a fez retesar no mesmo instante.

—Mamãe!

O chamado foi desesperado e estridente, típico de uma criança machucada. Imediatamente largou tudo que fazia, e correu escada acima. No caminho pensou nos mais diversos acontecimentos, e se a sua pequena farmácia estava abastecida. Poderia precisar. A maternidade lhe ensinou que nem tudo se resolvia com xarope.

Finalmente chegou ao cômodo decorado em tons azuis, que lembravam a Cinderela, e a viu.
Procurou algum machucado visível, e
logo depois uma explicação para o rosto banhado em lágrimas. Não encontrou ambos.

—O que aconteceu? —Questionou, os olhos arregalados em confusão, enquanto abaixava-se, e recebia a pequena que tremia entre os braços.

—É a nina, mamãe! Tá dodói. — Quase não foi capaz de ouvir a explicação, já que ela não passava de um sussurro. — Ela não quis brincar comigo!

Os olhos atentos procuraram por todo o quarto, e logo encontraram a Golden Retriever sempre tão agitada, deitada em um canto. Cuidadosamente pós a menina no chão, e se aproximou da cadela. Ela permaneceu quieta, e nem quando Sophia acariciou os seus pelos macios isso mudou. Algo estava errado.

—Ela vai para o céu,  mamãe? —Perguntou a pequena, chorosa. Não queria que a sua cachorrinha fosse embora.

Sophia suspirou. Tinha uma reunião importante em exatos 20 minutos, e o escritório ficava do outro lado da cidade. Não teria tempo de ir ao veterinário, e depois liderar a transação que renderia alguns milhões. Tinha que fazer uma escolha, que acabou sendo a mais fácil da sua vida.

—Não, meu amor. Ela provavelmente não tem nada demais. Vamos levá-la para o médico, e ela vai ficar boa. Tudo bem?

Passou os dedos pelas bochechas vermelhas, e enxugou as lágrimas que escorriam sem descanso. O seu coração estava apertado, Laura não chorava com frequência, e quando o fazia era um tanto desesperador. Sentia vontade de chorar junto.

Juntos por um Golpe Where stories live. Discover now