three

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Te vi escapar das minhas mãos
Eu te busquei, mas
Não vi teu rosto não
Eu te busquei, mas
Não vi teu rosto
Não

Ausência quer me sufocar
Saudade é privilégio teu

Difícil é ver que tu não há
Em canto algum eu posso ver
Nem telhado, nem sala de estar
Rodei tudo, não achei você

Seis anos atrás

New York

- Emma! Ei, tá tudo bem? - Noah passava a mão sobre meus cabelos, na esperança de me fazer parar de chorar apenas com este gesto. Estava visivelmente desesperado, e não era só porque eu tinha caído, é por eu estar chorando.

Não existia coisa pior para Noah Blake do que ver uma pessoa chorando.

É engraçado e ao mesmo tempo muito fofo a forma como ele se preocupa quando alguém está chorando, seja quem for.

Respiro com dificuldade, tentando me acalmar enquanto ele continua a sussurrar coisas sem sentido, na esperança de me calar antes que ele próprio começasse a chorar.

- Eu acho que a gente precisa ir no médico, só pra ter certeza que você não quebrou a perna, ou o braço, ou um dedo, você pode ter torcido o pé e...

- Noah! Eu já disse que tá tudo bem. Relaxa, tá? Respira fundo, eu tô bem, não quebrei nada. - tranquilizei-o.

– Pela quantidade de lágrimas que você derramou, algo sério com certeza aconteceu!  – disse e eu ri, as vezes me preocupo com a possibilidade de acontecer algo realmente ruim a alguém que ele ama, Noah não reagiria bem.

Beijei sua bochecha e o abracei, sentindo-o retribuir o abraço rapidamente, me segurando.

– Eu estou bem, ok? – sussurrei próximo ao seu ouvido, com a voz tranquila para deixá-lo calmo.

– De qualquer forma, vou avisar pra sua mãe te levar no médico. – disse me ajudando a andar, enquanto eu revirava os olhos.

– Ela sabe que você é exageradamente super-protetor, não vai levar muito a sério. – respondi quando estávamos chegando em casa.

– Certo. Mas, quando você estiver andando por aí de cadeira de rodas lembre que eu te avisei. – disse e eu sorri para ele, dando um tapa em sua testa.

• • •

Dias atuais

Londres

– Emma? Hoje é sábado, sabia? Não precisa vir trabalhar no fim de semana. – ouvi a voz do meu chefe se aproximando, quando me avistou sentada na minha mesa terminando de escrever o artigo que ele me deu duas semanas para fazer, e eu tinha acabado de terminar.

– Só queria te entregar isso ainda hoje, já tô indo embora. Vou te deixar em paz. – sorri para ele, sabia o quanto gostava de vir aqui nos fins de semana apenas para ficar sozinho.

– Já que você está aqui, pode revisar uma coisinha pra mim? – indagou se apoiando na mesa, ignorando meu comentário anterior.

Assenti e o segui até sua sala, sentando na cadeira à sua frente e segurando o notebook que estava me oferecendo. Era uma entrevista com Olívia Holt, me lembrava de Becky comentando sobre isso em um dia qualquer, Susana, nossa colega, havia sido escolhida e teria o prazer de fazer a entrevista do mês para a revista, estava flutuante.

Peguei o notebook e comecei a ler a entrevista, corrigindo alguns erros gramaticais e checando se algumas perguntas eram realmente necessárias ali. Susana era uma boa entrevistadora, talvez não uma boa colega, mas trabalhava bem.
Henrique, meu chefe, voltou minutos depois com dois copos de café em mãos, me entregou um e eu agradeci.
Ele era um bom chefe, e uma boa pessoa, pelo que ele conseguia mostrar.

Não era a pessoa mais extrovertida do mundo, mas também não era um idiota. Na verdade, tinha um quadro com sua foto na parede próximo a sua sala, chefe do ano. Mais que merecido, a revista trabalhava muito bem sob seu comando, estávamos entre as melhores fontes de notícias da cidade, mérito da equipe, e dele.

Depois de um tempo, quando terminei de revisar metade da entrevista, percebi que já eram quase cinco da tarde, eu havia chegado aqui às 10 da manhã. Tecnicamente, havia quase cumprido toda minha carga horária de um dia normal de trabalho.

– Acho que precisa ir, senhorita. Já passou da sua hora faz muito tempo. – ele disse quando me viu descansar na cadeira, balancei a cabeça afirmativamente e sorri, desta vez ele retribuiu.

– Até segunda. – disse antes de sair.

Cheguei em casa 35 minutos depois que saí de lá, caminhei até a porta do meu apartamento, olhando em volta procurando por Arthur, mas nem ele estava aqui hoje. Suspirei e entrei, deixando os sapatos perto da porta e derrubando minha bolsa em qualquer lugar no chão da sala, com os olhos fixos nas 15 mensagens de Katrina no meu celular, estava pronta para chamar por ela quando congelei onde estava.

Meu cérebro demorou alguns segundos até perceber o que estava havendo ali; Noah e Katrina sentados no sofá da sala, com xícaras de chá como se fossem duas amigas fofocando.

– Alguém pode me explicar o que está acontecendo? –  perguntei ríspida, atraindo a atenção de ambos que riam de alguma coisa que havia sido dito anteriormente.

– Oi Em, nós estávamos esperando por você. – ele disse sorrindo, mas voltou a ficar sério quando percebeu que eu não sorria. – Na verdade, eu estava.

– Hey Em, o seu amigo tá te esperando aqui desde cedo. – Katrina disse, se levantando e pondo a xícara sobre a mesa.

– Katrina, pode nos dar licença? – disse, olhando diretamente para o meu problema. – E, ele não é meu amigo. – sussurrei antes que ela passasse por mim, em direção a cozinha.

– Ela é gentil e educada. Ela se importa com você, eu gostei dela. – ele disse atraindo minha atenção, caminhei até ele, dando a volta no sofá para ficar frente a frente com Noah.

Eu gosto de quem se importa e cuida de você.

– O que você quer aqui?

– Conversar, e não posso aceitar um não como resposta. – respondeu me encarando com intensidade, pronunciando cada palavra para me dar certeza de que não iria embora até falar tudo o que queria.

– Seja rápido.

***

• Instagram: @htulipsz

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