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Te amar foi juvenil, selvagem e livreTe amar foi legal, quente e doceTe amar foi luz do sol, foi estar sã e salvaUm lugar seguro para baixar minha guardaMas te amar teve consequências

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Te amar foi juvenil, selvagem e livre
Te amar foi legal, quente e doce
Te amar foi luz do sol, foi estar sã e salva
Um lugar seguro para baixar minha guarda
Mas te amar teve consequências

Te amar foi idiota, obscuro e sem valor
Te amar ainda me machuca
Pois te amar foi luz do sol, mas então caiu uma tempestade
E perdi muito mais que meus sentidos
Porque te amar teve consequências

– Ok, é muito difícil começar a falar sobre isso. Mas eu esperei tempo demais, então quero começar pedindo perdão. Fui a pior pessoa do mundo para você, quando na verdade eu deveria ser alguém que te amaria e te ajudaria em qualquer situação; eu fui um idiota e nada do que eu diga agora vai apagar o que aconteceu, mas eu preciso dizer isso.  – ele estava nervoso, o balançar frenético da perna esquerda indicava isso, a forma como passava as mãos pelos cabelos a cada palavra dita, nervoso.

A minha falta de reação, a expressão neutra, o deixava frustado. Eu conseguia sentir, conseguia identificar qualquer reação sua, eu sempre sabia.

Conseguia lê-lo como a palma da minha mão, conhecia a maioria dos seus sonhos e medos, ou achava que conhecia. Eu conhecia o Noah de anos atrás, o Noah que me amava, que eu amava.

Não reconhecia nada do Noah daquela noite, o mesmo que destruiu meu coração.

Olhando agora para ele, eu quase conseguia reconhecê-lo, quase.
Ele se parecia com o Noah que brincava comigo na neve, que chegava cedo na minha casa pra tomar café pela segunda vez, o que sempre tinha um bom plano para nos ferrar, más respostas, e desculpas convincentes.

– Já se passaram seis anos, Noah. Você tem noção disso? – perguntei quando o silêncio passou a sufocar, se ele queria esclarecer tudo, nós faríamos isso de uma vez por todas.

Mágoas na mesa.

– Eu tenho, mais do que você imagina.
Você fala e age como se eu não ligasse mas eu passei todo esse tempo pensando no que houve, nos atos, nas palavras ditas e em você. Eu lembro todos os dias de como magoei você aquele dia. Por favor, não me julgue, você não sabe o que aconteceu comigo depois daquilo. – respondeu, ele parecia mais alerta agora.

Na defensiva, como se eu o estivesse atacando.

Mas, eu é que havia sido ferida.

Eu deveria estar na defensiva, não ele.

– Sabe por que eu não sei? Porque você foi embora, Noah. Você me deixou, foi embora sem ao menos se despedir. Foi embora sem pedir perdão, e agiu como se não ligasse, o que você espera que eu pense? Que me amou esse tempo todo e foi embora para o meu bem?

– Você pode até não acreditar, mas foi exatamente isso. Você estava me odiando, Emma. Acha que eu iria imaginar que poderia me perdoar? – perguntou, ele havia se levantado e caminhava pela sala enquanto tentava se explicar.

– Você era meu melhor amigo, Noah. A pessoa que mais me conhecia, você deveria saber que eu perdoaria você. Eu era uma idiota apaixonada, pelo amor de Deus! – me sentia frustrada, irritada e triste.

– Eu deveria... Mas acho que fiquei cego demais, você também me magoou Emma; eu só queria que aquilo acabasse, queria que você tivesse paz. – disse se aproximando de mim, parando a minha frente e me encarando com tristeza explícita.

Quando ele tocou meu rosto, me encolhi involuntariamente, eu senti falta daquilo durante um ano inteiro. O primeiro ano depois de toda a nossa confusão, mas agora não era nada pra mim. Nada, além de uma lembrança vazia, nada além da mão de um estranho tocando quase que carinhosamente o meu rosto.

– Perdão, Emma. – Ele sussurou depois de me fitar por tempo demais.

– Eu sei que não é fácil para você, sei de tudo que eu fiz e sei o quanto isso te machucou, doeu em mim também! Mas, eu voltei porque te amo, porque preciso de você, Emma. – ele colocou a mão sobre o meu rosto novamente e me fitou com intensidade enquanto pronunciava as últimas palavras.

– Te amar foi luz do sol, foram os meus dias de paz, o meu pequeno paraíso na terra. Descobrir sua traição foi um baque tão forte, Noah...
Te ver ir foi como perder uma parte de mim, e ter você aqui de novo é confuso e vai acabar me enlouquecendo. Não posso abrir mão da minha sanidade mental por você outra vez. – sussurrei enquanto ele assistia com o cenho franzido minhas lágrimas escorrerem pelo meu rosto livremente, ele não sabia lidar muito bem com pessoas chorando.

Ele não reagiu inicialmente, apenas me encarava sem saber muito bem o que fazer. Depois de alguns minutos, ele acariciou minha bochecha e me trouxe para perto, foi um abraço longo e carinhoso, do tipo que eu sou recebia de Katrina, mas eu não me importei.

Eu não iria cair nessa novamente, eu conheço Noah como a palma da minha mão.

Deixei que ele me abraçasse por quanto tempo quisesse, e quando ele finalmente me libertou, eu o encarei por longos minutos em silêncio, abri a a boca e fechei inúmeras vezes antes de finalmente conseguir dizer algo.

– Adeus, Noah.

Ele hesitou, pensando no que faria a seguir, percebendo que não adiantaria ficar ali. Com a cabeça baixa, se afastou aos poucos.

Eu o assisti ir embora, com o coração doendo, como se fosse a primeira vez.

Mas não era, ele já havia ido embora uma vez, e eu superei.

Não vai ser diferente desta vez, não pode ser diferente.

Me encolhi no sofá quando ele atravessou a porta, e chorei.


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