[concluída]
quando um amor preenche todas as lacunas da sua vida, avassala de tão forte, sufoca de tão maciço; um erro pode desestabilizar até a construção mais segura.
e quando isso parte de alguém tão importante, pode causar um dano irreversível...
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Seis anos atrás
New York
–– Já chegamos?
–– Pela milésima vez, Emma, não. – Noah respondeu impaciente, ele havia dito que tinha uma ótima surpresa para mim, mas que para isso eu precisaria ir o caminho inteiro vendada.
Então, ele finalmente parou o carro, Noah avisou que precisava sair, mas que eu ainda não poderia retirar a venda, que é, na verdade, meu cachecol.
Ele voltou algum tempo depois, praguejando alto e chutou o pneu do carro, gemendo de dor em seguida.
–– O que aconteceu?
–– Está fechado, acredita? Fechado! – quase gritou, frustração e irritação evidentes em sua voz e na forma como bateu no volante.
–– O que está fechado, Noah? – questionei, com as mãos postas para retirar o cachecol quando ele me interrompeu.
–– Isso! Não, não tira não, Emma. Eu tive uma ideia, calma. – bufei irritada, ouvindo o barulho do motor e sentindo o carro entrar em movimento outra vez.
[...]
–– Chegamos! – anunciou, saindo do carro e dando a volta para abrir a porta para mim, me ajudando a descer –– Pronta? Vamos lá.
Gargalhei alto ao visualizar sua casa, e o olhei com desdém.
–– Nós demos essa volta todinha pra voltar pra casa? – indaguei e ele pôs a mão no peito, fingindo indignação.
–– Não desmereça minha linda casa, você nem sabe o que vai acontecer ainda. – respondeu segurando minha mão e me levando para dentro.
–– E então, o que vai acontecer? – questionei sentando no sofá, enquanto ele ia para a cozinha.
–– Em? Escolha um filme, por favor. – revirei os olhos e liguei a TV, dando uma olhada nos filmes que estavam passando e escolhi P.S.: Eu te amo, gritandopor Noah e avisando para voltar logo e trazer muitos guardanapos, eu iria chorar horrores hoje.
Ele chegou minutos depois, com um prato na mão e os guardanapos. Sorri e agradeci quando ele jogou o pacote fechado no meu colo, sentando ao meu lado.
–– Bom, eu não sei você sabe mas, seu namorado além de lindo, cozinha muitíssimo bem. Quer saber qual o prato do dia? – sorri e pus a mão no queixo, fingindo pensar.
–– Na verdade, sim. Pode me dizer? – indaguei e ele sorriu
–– Feche os olhos e abra a boca.
Obedeci, fechei os olhos mas foi um pouco difícil manter a boca parada já que estava tendo uma crise de riso muito fora de hora.
–– Okay, Emma, passou? – Noah perguntou, já sentado ao meu lado e ainda cobrindo o prato, mesmo que o cheiro da comida denunciasse um pouco. Assenti e ele me pediu para fechar os olhos mais uma vez, mas aí eu tive outra crise de riso e ele desistiu. –– Deus, você não vai parar tão cedo. Aqui, come e vê se para de rir.
Era pão de mel, pão de mel!
Céus, eu amo pão de mel com todo o meu ser. Sorri como uma criança e peguei o prato de sua mão, voltando minha atenção para o filme.
Me impressionei ao notar que ele não havia pedido para mudar de filme, estava assistindo tudo atentamente, eu sabia que aquele não era o seu estilo de filme preferido.
Quer dizer, ele até gosta um pouco de romance, mas filmes tristes não são muito a sua praia. Quando o filme acabou, eu já tinha comido todos os pães de mel e me sentia extremamente cheia.
Enxuguei as últimas lágrimas enquanto acompanhava Noah levantar e ir para a cozinha levar o prato de volta, cheguei na cozinha e assisti enquanto ele lavava o prato e tagarelava sobre como eu sou fresca.
–– O filme nem é tão triste assim, Emma. – concluiu e eu ri
–– Acha que eu não vi você chorar, Blake?
–– Eu? Eu não chorei, não mesmo. De jeito nenhum. – respondeu, encostando na bancada e me encarando com divertimento.
–– Sabe, acho que eu exagerei um pouquinho no pão de mel. – falei, com o cenho franzido e sentindo a barriga reclamar.
–– Concordo. Quer que eu pegue um remédio pra você? – questionou se aproximando e passando a mão sobre minha barriga enquanto eu ria. –– Você acha que é menino ou menina?
–– Acho que é um dragão. – respondi e ele sorriu –– Eu preciso mesmo ir,Noah.
Ele assentiu e me acompanhou até em casa, me despedi e entrei. Eu me sentia tão enjoada que quando cheguei no quarto, fui direto para o banheiro e vomitei até não ter mais nada para pôr pra fora.
Depois de passar um bom tempo embaixo do chuveiro, vesti um pijama e fui dormir.
Noah: Espero que esteja melhor, e tome cuidado da próxima vez, honeybun.
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Dias atuais
Londres
–– Acho que agora baixou. Se sente melhor? – questionou checando o termômetro e eu assenti. Quando ele comentou sobre me dar mais detalhes sobre o seu caso, ele foi verdadeiro.
Evans Kent estava realmente tendo um caso com uma das melhores amigas de sua esposa, ela soube disso e esse foi o pivô da sua última discussão, que acabou a levando para o hospital. Segundo Noah, ela havia ameaçado contar toda a história para a imprensa, e realmente iria, mas seu ex nãogostou muito da ideia.
O casal já havia se envolvido em diversas polêmicas desse tipo, o cara era realmente agressivo com qualquer um. Mas, pelo menos em frente as câmeras, tratava sua esposa como uma verdadeira princesa. Pelo menos nos primeiros meses de casado, toda a confusão começou pouco depois de completarem dois anos de casados, a relação era visivelmente tóxica e Estella, sua ex esposa, não conseguia se livrar dele.
Amá-lo era terrível, foi meu pior castigo. Eu convivi por longos anos com meu maior inimigo, e ainda é duro admitir que a única pessoa que eu achei que me amava verdadeiramente estava me destruindo. Amar Evans era um suicídio diário, eu apenas não aguentava mais morrer por amor.
Foio que ela disse na primeira entrevista que deu logo após a separação.
–– Você comeu antes de vir pra cá? – questionou, se levantando e guardando o termômetro.
–– Não consigo comer. – apesar de ter tentado comer antes de sair, o nervosismo e o mal estar não me permitiram.
–– Okay. – saiu do quarto e eu o acompanhei, observando o espaço ao redor. O apartamento era bonito, mas a decoração não se parecia muito com o estilo dele, apesar de eu não ter mais certeza sobre seus gostos.
Ele foi até a cozinha, abrindo os armários e geladeira, tirando algumas coisas de lá e eu apenas o observei, aguardando para descobrir o que ele iria fazer.
Me distanciei, indo até a janela e percebendo só agora que estava acontecendo um dilúvio lá fora, praguejei baixinho e voltei meu olhar para dentro outra vez.
Senti um cheiro familiar e me aproximei de onde Noah estava, de costas pegando algo na geladeira. Virou-se para mim e sorriu, estendendo um prato em minha direção, repleto de pães de mel.
Ele tinha a droga de pães de mel em casa.
–– Talvez isso você consiga comer.Só tente não exagerar desta vez. – alertou, deixando o prato bem a minha frente e sorrindo enquanto eu cedia e começava a comer.