twenty seven

2.5K 328 50
                                    

Dois meses depois

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.


Dois meses depois

Revirei os olhos pela milésima vez naquela noite, o barulho alto de uma música extremamente chata estava perfurando meus tímpanos e eu queria morrer.

Era festa de aniversário da editora, haviam alugado um salão espaçoso e bonito numa área boa da cidade.
Havia comida e muita bebida por aqui, e apesar de estarem todos animados, eu queria ir embora.

Becky me convenceu a vir de alguma forma que eu não me lembro bem, talvez ela tenha me drogado; e agora eu estou sentada na mesa cercada de doces e salgados, enquanto ela dança com Henry Miller, um jornalista chato que se acha demais por ter desvendado um caso importante uma vez, rendendo muitos elogios na época, mas que agora só ele se recordava.

Eu queria estar em casa, assistindo com Katrina e comendo besteiras com ela, ou com Arthur, fazendo qualquer coisa que não incluísse sair para festas.

Pra ser sincera, o lugar não faz muita diferença, Arthur faria dessa festa a melhor de todas apenas se estivesse sentado aqui ao meu lado falando bobagens ou me contando coisas importantes com a expressão lindamente seria e concentrada.

Sorri ao pensar que agora eu sou uma idiota apaixonada, e qualquer pessoa que olhar para mim pode perceber isso. Está estampado na minha testa, e pela primeira vez depois de muito tempo, eu percebi que amar não dói.

A Emma de um tempo atrás, a que havia sido machucada e traída, tinha uma ideia errada sobre o amor.
Hoje eu consigo perceber que eu sempre estive errada, e que mesmo que o amor doesse, valeria a pena.

Faz mais ou menos três semanas desde a primeira vez que eu assumi que amo Arthur, dizer isso em alto e bom som aliviou meu coração e me deixou quase tão feliz quanto ele.

Estávamos indo bem, e eu esperava que continuasse assim. Eu tento não pensar muito no futuro, sempre me dá sensações ruins e eu odeio essa incerteza.

Às vezes, a vida não acontece como planejamos, e isso é ruim.

Vejo Becky se aproximando de mim, meio andando, meio cambaleando, até sentar pesadamente a minha frente e rir sem motivo.

Bêbada.

–– Becky? –– elevei minha voz, tentando fazê-la me ouvir apesar da música. Ela se inclinou na minha direção e parecia atenta ao que eu ia dizer. –– Tô indo embora, ok?

Ela sorriu, meio que já esperando por isso e assentiu.

–– Vai lá, amiga! Um beijo. –– mandou um beijo no ar e gargalhou, meu Deus.

–– Você vai ficar bem? –– questionei

–– Claro, Emma! Não se preocupa, vai tranquila. Eu tô ótima!! –– franzi o cenho, duvidosa.

–– Qualquer coisa me liga, tá ok?

–– Claro, amiga!

[...]

Eu sempre odiei os pressentimentos ruins, esse sentimento ruim que surge do fundo do seu coração e se espalha por todo o peito; até que chega num ponto em que fica difícil respirar, ou estar viva.

Nesses momentos, eu sempre corria para mamãe, a maioria de nós faz isso. É naquele colo, no carinho e nas palavras doces que encontramos a tranquilidade que precisamos nesses momentos turbulentos.

Porém, como eu já não posso mais contar com a minha mãe, recorro a única pessoa que pode me ajudar.
Já que Katrina não sai mais da casa de Oliver, preparando as coisas para o casamento, eu passo a maior parte do meu tempo livre com Arthur.

Assim que chego ao meu andar, mudo a rota e sigo para o seu apartamento, entrando casa a dentro e procurando por ele em todos os cômodos, até que eu o encontro no quarto. Ele está vendo algo no celular e não nota minha presença, sorrio para sua figura estendida confortavelmente sobre a cama.

A palavra lindo no sentido literal significa Arthur.

Eu o olho por mais alguns instantes, acalmando o meu coração aos poucos, até que ele me nota. E sorri, como sempre.

Caminho até a cama enquanto ele se ajeita, e me aconchego em seus braços quando deito na cama, com o ouvido sobre o seu coração. Ele acaricia meus cabelos, diz que me ama e tenta me distrair, distribuindo toques pela extensão do meu braço até a barriga.

É isso que acontece quando ele sabe que eu não me sinto bem, ele me toca profundamente, sem muito esforço.

São nesses momentos, em que as palavras não são realmente necessárias, que eu vejo o quanto o amo.

Então, nós damos um jeito de terminar a noite da forma mais banal possível.

–– Quer ver Cinderela pela quinquagésima sétima vez esse mês?

–– Você não vai dormir, não é? –– questionei e ele riu

–– Não posso te prometer algo assim.

Naquela noite nós assistimos ao filme mais uma vez, e por incrível que pareça, nenhum de nós dormiu.

Eu posso afirmar com certeza que aproveitei a noite calma ao máximo, como se soubesse o que iria acontecer nos dias seguintes.

_______________

instagram: @htulipsz
twitter: @htulipszz

MIL PERDÕES pela demora, eu lutei muito contra meu bloqueio e só hoje consegui voltar a escrever.

Estamos na reta final, por favor, estejam prontxs para o capítulo seguinte (que eu pretendo soltar assim que eu terminar de escrever).

BROKEN Where stories live. Discover now