fourteen

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"Essa é a história

que eu te contei
quando você me conheceu
E eu te alertei
Mas você quis ficar
E agora é muito tarde pra você ir embora

Eu tenho coisas ruins dentro de mim
Eu não tenho coisas boas para dar."

– I have, I haven't
girassolia

–– Emma, não que eu esteja reclamando, mas você poderia chegar mais cedo na próxima vez? –– Arthur questionou, me dando espaço pra entrar em seu apartamento enquanto eu sorria

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–– Emma, não que eu esteja reclamando, mas você poderia chegar mais cedo na próxima vez? –– Arthur questionou, me dando espaço pra entrar em seu apartamento enquanto eu sorria.

–– Te acordei, não foi? –– ele assentiu, me chamando para sentar ao seu lado no sofá –– Desculpe, é que eu queria conversar com você.

–– Muito bem, sou todo ouvidos. –– limpei a garganta, me preparando para contar aquilo de uma vez por todas, sabendo que preciso seguir em frente e deixar o passado em seu devido lugar.

–– Eu e Noah nós conhecemos desde crianças, desde os cinco anos mais ou menos. Estudamos juntos, a gente se conhecia tão bem. Crescemos juntos, sabíamos tudo da vida um do outro, chegamos em um ponto que a nossa amizade evoluiu. Acontece, não é? Na maioria das vezes, dá certo. Mas nós não tivemos tanta sorte assim.
Nós namoramos por algum tempo... –– nesse momento, engasguei.

Percebendo o quão difícil ainda é concluir o raciocínio, só de pensar naquele dia outra vez.

–– Tem todo o tempo do mundo, Em. Fique à vontade. –– Arthur disse, pondo a mão sobre as minhas e acariciando-as.

Não seria mais fácil deixar toda essa história de lado e investir em alguém como ele?

–– Obrigada, Arthur. –– olhei ao redor, procurando me distrair até relaxar o suficiente, uma hora ou outra eu teria que colocar pra fora. –– Onde seus pais moram?

–– Ah, eles são do Brasil. –– sorriu ternamente, retirando suas mãos que ainda estavam sobre as minhas. –– Nós somos, eu vim para cá tentar uma faculdade.

–– Katrina tem amigos lá, ela já passou algumas semanas no país. Disse que é incrível, pelas fotos parece ser um país legal. –– respondi, Katrina amava ir para lá nas férias, seus amigos brasileiros eram extremamente divertidos, os conheci brevemente numa vinda deles até Londres, mas nunca viajei com ela para lá.

–– É lindo, sim. As paisagens, pessoas e principalmente a comida lá é maravilhosa. Sem falar nas gírias, você iria dar muita risada se ouvisse alguém de lá falando informalmente. –– ele disse, parecendo divertido.

–– Sério? Me diga uma gíria de lá. –– pedi e ele enrubesceu, gargalhei e ele sorriu balançando a cabeça negativamente.

–– Não estou tão atualizado assim, qualquer dia eu te mostro. –– ele disse e eu assenti, ele riu aliviado.

–– Pretende voltar pra lá? –– questionei

–– Claro, talvez no Natal... Preciso rever minha família. Você vai?

–– Ver minha família? Não. – ele franziu o cenho, confuso. –– Esqueça.

–– Desculpe.

–– Ele me traiu. –– disse, e Arthur voltou a ficar sério, aos poucos entendendo o que eu quis dizer. –– Com a minha quase irmã, no aniversário dela, eles estavam no meu quarto, aliás.

–– Sinto muito, Em. Quer que eu bata nele? –– ele questionou, tentando amenizar a situação e eu sorri.

–– Não adiantaria nada.

* * *

New York

6 anos atrás

–– Emma! Tudo bem? –– Ethan questionou, assim que eu me aproximei dele tocando levemente seu ombro e chamando sua atenção.

–– Eu estou ótima! E você? –– indaguei, forçando um sorriso.

–– Eu tô bem, –– sorriu e eu retribuí, até sua expressão se tornar confusa –– o Noah sabe que você tá aqui?

Este era o ponto.

Ethan e Noah simplesmente se odeiam, não é incrível?

Por conta disto, Noah nunca gostou da ideia de eu ter uma conversa de mais de dois segundos com Ethan sobre qualquer coisa. Ele simplesmente odiava me ver conversando com a pessoa que ele mais abominava no mundo, e eu que já não tinha motivos para gostar de Ethan, apenas aceitava.

Sua amizade não me fazia falta.

Mas agora, poderia ser útil.

–– Desde quando isso importa? –– questionei, com as sombrancelhas erguidas, fazendo pouco caso da situação.

–– Ele seu namorado, não é? Ele me odeia, você sabe. Não que eu me importe, mas acho melhor você ir embora antes que ele venha dar chilique pra cima de mim, eu não quero quebrar a cara do seu namorado hoje. –– respondeu e sorriu assim que concluiu sua fala.

–– Ele não é meu namorado, Ethan. Nós terminamos. –– disse e ele franziu o cenho, confuso.

–– Desde quando?

–– Não vim aqui pra te contar a trágica história da minha vida, só queria saber se você quer subir. –– ele me encarou incerto, e eu tive que revirar os olhos. Teria que ser mais clara? –– Você vem ou não, Ethan?

-–– Já que você insiste... –– ele correu até ficar ao meu lado, e eu sorri. Passou os braços calmamente sobre meus ombros enquanto passávamos pelos convidados, Melissa fez menção de vir até nós mas eu a impedi com um aceno.

Eu queria isso.

Queria que ele sofresse como eu estava sofrendo.

Eu queria tanto que ele sentisse o mesmo, ou até pior.

Era o único jeito de fazê-lo pagar por todo sofrimento que me causou, queria o coração dele tão dilacerado quanto o meu.

Mas mal sabia eu que essa história não é sobre os finais felizes.

É uma história sobre a tragédia que é o amor, e como ele nos destrói sem culpa.

A nossa história é sobre as tragédias que agridem nossa vida diariamente, eu apenas não havia percebido isto ainda.

***

• twitter: @htulipszz
• Instagram: @htulipsz

A senhorita girassolia, tem um livro com textos e músicas autorais incríveis! Se eu fosse vocês eu não perderia essa oportunidade
(além de escrever histórias maravilhosas <3)

BROKEN Where stories live. Discover now