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Noah Blake era o meu maior medo em pessoa

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Noah Blake era o meu maior medo em pessoa.

Irritantemente conseguia roubar meus pensamentos, que deveriam estar focados em tirar a sujeira dos móveis da casa, mesmo que eles não estivessem realmente sujos, ou fazer uma redação importante que eu não precisava realmente fazer.

Havia se tornado costumeiro. Eu sentia que precisava ocupar meu tempo, precisava manter o cérebro trabalhando, eu não podia simplesmente parar. Toda vez que minha mente descansa das demais preocupações, as lembranças vem.

Eu odeio a forma como elas vem.

Nunca é algo simples, uma festa em família ou uma conversa animada com alguma amiga, são sempre as lembranças perturbadoras que me fazem sentir extremamente enjoada.
São sempre as coisas que me tiram o sono, e tornam minha realidade um pesadelo.

O vento frio balança meus cabelos e me dá calafrios, mas eu amo a sensação do vento frio se chocando contra a minha pele. Passei o dia inteiro adiantando trabalhos e criando alguns, e agora eu estava tentando fazer um desenho da parte da cidade visível daqui de cima, estava indo bem.

A necessidade de não errar de forma alguma, faz você errar cada vez mais.

Mas eu me esforçava para não me deixar levar, apenas vinha aqui e me concentrava ao ponto de não ouvir o barulho das buzinas, ou até mesmo os gritos dos motoristas irritados com o engarrafamento.

– Emma? – não precisei virar para reconhecer a voz, Arthur encostou-se na grade junto a mim, os ombros quase se tocando. – Tudo bem?

– Oi Arthur, sim. – respondi, ainda olhando para a rua movimentada logo abaixo. Ele ficou em silêncio, tirando um tempo para olhar a rua também.

– Posso ver? – perguntou, olhando sugestivamente para o caderno que eu segurava. O entreguei o caderno. – Você desenha muito bem, sabia?

– Obrigada. – seus olhos se prenderam em mim por tempo demais e me perguntei o que se passa na sua cabeça quando me olha assim.

– Tem um acampamento por aqui, que abre todos os anos nessa época do ano que é muito legal. Você não quer vir? – perguntou e eu fechei os olhos, eu não queria negar, mas também não queria aceitar.

– Talvez eu esteja trabalhando, não sei se posso. – respondi e olhei de solsaio para ele, sorrindo.

– Se você estiver livre, que tal? Vai ser divertido, já fui inúmeras vezes lá. – questionou e eu pensei a respeito.

– Bom, pode ser que eu vá, melhor do que ficar em casa. – menti.

Ele sorriu, como se soubesse exatamente o que estava pensando.

– Você não vai, Emma. Só está falando isso pra que eu vá embora e te deixe em paz aqui, não é? – sim, quis dizer, mas seria grosseiro demais.

– Eu gosto de você Arthur, apesar da insistência. – disse, tirando o fato de que ele era irritantemente insistente, eu gostava do quão agradável ele poderia ser.

– Então eu posso começar a fazer perguntas? – questionou e eu ri.

– Claro, só não garanto que irei respondê-las.

– É um risco que vale a pena correr. – respondeu sorrindo. – Então, senhorita Hall, já faz um tempo que mora aqui não é?

– Sim, vim pra Londres a seis anos atrás, morar com o meu pai, aqui. – respondi e ele virou-se rapidamente para me olhar quando me ouviu falar sobre meu pai. – Ele morreu, caso esteja se perguntando onde ele está, e espero que em um bom lugar no céu.

– Nossa, eu...

– Sente muito, eu sei. – cortei e ele suspirou.

– Seu namorado deve sofrer um pouco com esse seu gênio forte. – ele provavelmente sabia, ou deduzia, que eu não tinha namorado, mas fez questão de citar.

– Eu não tenho namorado.

– Que sorte a minha, então. – respondeu e eu cogitei a ideia de jogá-lo daqui de cima, mas apenas não consegui conter o riso divertido que escapou dos meus lábios ao perceber o quão idiota era.

– Se fosse outra mulher no meu lugar, você já teria conseguido o número dela. – respondi, ainda sorrindo.

– Eu não preciso do seu número de telefone, eu sei onde mora, a doze passos de onde eu moro.

– E isso não significa nada pra mim. – o sorriso em seu rosto aumentou, e ele virou o corpo ficando de frente para mim, que ainda estava encostada na grade de proteção.

– Sorte sua que eu sou insistente. – me devolveu o caderno e sorriu, se distanciando – Boa noite, Em.

Então ele saiu, e eu fiquei ali, observando a porta fechada por tempo demais. Fechei o caderno e me despedi da paz que o térreo me oferecia, descendo as escadas rapidamente para acompanhá-lo. Cheguei, ofegante, a tempo de vê-lo com a mão na maçaneta, sorriu e virou-se para mim, esperando.

– Talvez eu me arrependa profundamente disso mas eu aceito. – contava com a sorte que eu não tenho para que não estivesse me metendo em uma furada.

– Aceita o quê? – encostou-se na porta fechada, erguendo a sobrancelha.

–Seu convite para o acampamento. Eu acho que vou, mas espero que seja tão bom quanto você fez parecer ser. – disse e ele sorriu convencido, caminhei até meu apartamento e entrei, sorrindo também.

– Você não vai se arrepender. – disse e o ouvi fechar a porta do seu próprio apartamento.

***

• Instagram: @htulipsz

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