Capítulo 26

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Luna

Minha mãe não disse quem era, mas enfatizou que eu preciso dessa conversa. Então, já imagino quem seja.

Tudo que menos quero agora é ver alguém. Principalmente se for ele. Me sinto cansada e quero descansar. A porta abre e Théo entra.

Não consigo dizer nada. Apenas olho para ele. Se aproxima e senta na cadeira ao lado da cama.

- Oi! Como está? - fala.

- Bem. O que você quer aqui? - Pergunto grossa.

- Te ver. Saber como você está. Fiquei preocupado. Mas, fui barrado no hospital. - diz.

- Não queria te ver. Aliás, não quero. Respeita a minha vontade. Por favor.

- Calma. Não fique nervosa. Só quero saber como está. Você não atendeu a nenhuma das minhas ligações. Por isso vim.

- Deve ter sido porque não queria falar com você. Conclusão simples. - digo ríspida.

Ele me olha e passa a mão no cabelo. Parece que vai arrancar tamanha a pressão.

- O que o médico disse? - pergunta.

- Você se importa?

- Claro. Por isso pergunto. Sei que te disse coisas terríveis. Mas se coloque no meu lugar. Não pense que será fácil. - diz.

- Já se colocou no meu também? Já percebeu que se vai ser difícil para você, para mim vai ser mais ainda? Não. Você não imagina porque é egoísta ao extremo. - falo alto.

- Por favor Luna. Não pode ficar nervosa. Léo me disse que você tem que ficar de repouso por uns dias. - fala.

- Se não quer que fique nervosa vá embora. É a única opção. - digo.

- Não vou embora. Pensei muito esses dois dias. E hoje refleti sobre tudo. Eu vou assumir a criança. Vou acreditar em sua palavra. - diz.

- Acreditar? Essa realmente é uma coisa que me comove. Você está me fazendo um favor. Obrigada. Estou emocionada. - digo irônica.

- Estou falando sério. Não quero mais discutir sobre isso. Não queria ter filhos. Mas, ja está feito e não é uma coisa que se possa voltar atrás. - fala.

- Não se sinta obrigado. Ainda mais quando não tem certeza de que o filho é seu.

- Luna, estou tentando. Está difícil. Mas vamos fazer isso da melhor forma. Como te disse, darei apoio financeiro. Vou cumprir com minhas obrigações. - diz.

- Vai embora Théo. Por favor. - peço.

Levanto e vou até a porta. Abro e fico aguardando que ele saia. Ele levanta se aproxima e fica de frente para mim. Sustento seu olhar.

- Vamos conversar por favor. Eu sei que fui grosso e ofensivo, mas foi mais forte que eu. Juro que não esperava por isso. Achei que isso nunca aconteceria, de verdade. - fala.

- Você não usava camisinha. Nunca usou comigo. Deveria saber que isso engravida caso a outra parte se esqueça. - digo.

- Eu sei. Mas confiei em você. Passei cinco anos com a Mabel e não usavamos. Mas ela sempre se cuidou. Então, relaxei com você. - diz.

- Então, façamos o seguinte: esquece que meu filho e eu existimos e vai para seu mundinho perfeito com a Mabel. - digo sem controlar as lágrimas.

Ele chega mais perto, fecha a porta e me abraça. Não o impeço e também não retribuo.

- Não chora. Vai dar tudo certo. Confesso que será difícil. Mas a gente consegue. Vem deitar. - me leva até a cama.

Segundas Intenções. (Série Família Portinari)Where stories live. Discover now