prólogo

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[14.11.18]

Era fato incontestável que não houvesse uma única alma ー viva ou penada ー naquela faculdade que não tivesse pelo menos um traço de atração por Kim Taehyung. Se ele fosse um astro do Rock N' Roll, certamente sairia na capa da revista Rolling Stones como "o vocalista mais sexy e bonito do ano ー e a voz mais sexy do ano também" por muitas vezes seguidas.

Bem, decerto essa sentença seria verdadeira se fossem excluídas algumas espécies de humanos da faculdade: os homens heterossexuais convictos de si mesmos, as lésbicas... e Jeon Jeongguk.

Não que Jeon Jeongguk fosse o clichê encarnado de filmes e livros de romances onde o personagem bonitão e gostosão não conseguia conquistar apenas uma pessoa. Estava longe de ser isso, porque a única verdade ali era que Jeongguk era um coitado que nem sabia quem Taehyung era.

A família Jeon pressionava o filho único a fazer mil atividades em um mesmo dia: faculdade, aula de direção, aula de piano, aula de violino, aula de natação, aula de inglês, aula de japonês e aula de alemão — as línguas das três maiores potências mundiais durante a década de 1990.

Jeongguk era tão ocupado que faltava-lhe tempo para respirar e pensar em si mesmo. Ele não sabia muito bem o que ocorria na faculdade a não ser que fosse sobre as aulas; não sabia o que passava na televisão a não ser que fossem as notícias e ele não lia quaisquer revistas sobre as tendências do novo século, apenas livros clássicos. É claro que Jeongguk já tinha ouvido falar em Kim Taehyung — porque quem é que não tinha ouvido falar, afinal? —, mas nunca o havia visto. O campus era tão grande e seu tempo, tão escasso, que simplesmente não havia como sua curiosidade vencer e fazê-lo procurar o famoso "Taehyung" com seus colegas.

Em segredo, porém e é mais do que óbvio, Jeongguk mantinha sua "vida real" bem viva em seu quarto trancado: seu gosto pelo pop nacional que crescia desde a última década, além da Madonna e da novíssima Britney Spears em seus novíssimos fones de ouvido; o desejo que sentia por homens, especialmente por Leo DiCaprio e alguns outros que ele via nas revistas que sua melhor amiga, Park Sooyoung, emprestava-lhe. Jeongguk também arranjava tempo para assistir seriados em sua televisão, quando seus pais pensavam que ele estava estudando partituras. E ele sem dúvida nenhuma comprava livros escondido, livros que não eram nem um pouco "clássicos" nem comportados.

Quando Jeongguk parava para pensar em sua vida,  ele a achava extremamente chata, monótona, entediante e irritante. Ele queria se libertar daquilo tudo, cair fora e fazer o que bem entendesse, do jeito que quisesse, mas... para alguém que crescera tendo tudo do bom e do melhor, era muito difícil simplesmente sair de casa, com as mãos abanando — em outras palavras, sair de casa sem dinheiro algum. Em resumo, Jeongguk era um covarde, era isso que era, e ele admitia todos os dias. Não possuía coragem suficiente para sair de casa e viver a droga da própria vida, mesmo que toda noite fosse dormir cruzando os dedos para viajar no tempo e acordar dali alguns anos, quando sua vida já estivesse feita e ele não morasse mais com os pais.

Em contraposição àqueles dias regrados, completamente atarefados e monótonos de tanta rotina, a vida de Kim Taehyung era um imenso caos fervente, afogada no famoso lema "sexo, drogas e Rock N' Roll" — lema este bem autoexplicativo, inclusive. Sua vida era coberta por uma fina camada de sensatez, que o fazia ir à faculdade e estudar. Todavia, aquilo tudo era parte da vida que ele desejava esquecer. E almejando uma forma de escapar de todos os seus pensamentos, Taehyung afundava-se nas drogas sempre que saía com seus amigos aos bares para beber e para ouvir as bandas de rock. Se tinha uma coisa que Taehyung gostava mais do que se sentir livre com as drogas era sentir o prazer esvaziar plena e absolutamente sua mente e seu corpo quando necessitava. Ele não se importava com gêneros: desde que houvesse uma boca para beijar e algo apertado para se enfiar dentro e derreter de prazer, Taehyung estava feliz. Ele gostava de tocar pessoas — mas não tanto quanto gostava de tocar guitarra — e sabia bem como era um ímã àqueles ao seu redor e sabia ainda mais como tirar proveito daquilo.

Não havia quem não soubesse de sua fama e quem não o quisesse independente disso. Uma noite com Kim Taehyung era conhecida como a melhor e mais louca noite da sua vida junto a um implícito (e paradoxalmente explícito) "você sabe que não vou te ligar amanhã e que não vou nem decorar seu nome".

Porque a verdade era que Taehyung preferia estar sozinho. Ou queria acreditar que preferia.

A única coincidência ali era que, na realidade, tanto Jeongguk quanto Taehyung, mesmo que parecessem tão diferentes, eram bem parecidos. Solitários, vivendo vidas que não desejavam, mas com as quais já tinham se conformado; tapando buracos de vazios existenciais, cada um à sua forma, mas com o mesmo intuito.

Foi no começo dos anos 2000 que os dois se conheceram; aquele ano em que todos acreditavam que não existiria porque a virada de 1999 para o novo século seria o final dos tempos.

E talvez fosse mesmo o final dos tempos, porque Taehyung e Jeongguk estavam prestes a acabar com a vida um do outro. Prestes a se corroerem com mentiras, toxicidade e sentimentos malucos e desesperados.

E música: uma mistura ensurdecedora e genial entre música erudita e rock, tão complementares e explosivos quanto Kim Taehyung e Jeon Jeongguk no tempo em que estiveram juntos.


[🎸]

aqui está a fanfic com o maior título entre as minhas obras KKKKKKK

eu meio que criei esse plot em uma tarde e escrevi esse prólogo em uma semana... eu ainda não sei o que eu vou fazer com essa fanfic kkkkkk

mas tá aí! gostou?

não prometo nada agradável, como sempre, e aqui fica meu sorriso de psicopata! (:

[obs: as datas no início dos capítulos não são referentes à história! São só as datas em que os postei]

-mayu

sobre todas as bandas de rock que eu não conhecia antes de conhecer vocêWhere stories live. Discover now