PARA QUE SERVEM OS MELHORES AMIGOS (MESMO ESQUECIDOS)

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[27.05.19]

Na manhã seguinte, quando a mente de Jeongguk despertou, a primeira coisa que lhe aconteceu foi um meio sorriso nos lábios, antes mesmo de abrir os olhos. O calor da cama de Taehyung e o cheiro deste por toda parte eram suficientes para lhe extasiar e derreter. Ao finalmente abriu os olhos, percebeu que estava sozinho na cama.

O relógio marcava 7:13. Estava atrasado para a Faculdade e não fora à nenhuma aula do dia anterior. Jeongguk estava tão fodido...

Levantou-se, colocando os pés no chão frio, e passou a mão no cabelo para ajeitar a bagunça e os fios levantados. Coçou os olhos enquanto abria a porta e teve de coçá-los de novo, mas dessa vez não por causa do sono: a visão de Taehyung na frente de um cavalete e de uma tela de pintura pegou-lhe de surpresa, sobretudo às sete e pouquinho da manhã.

Taehyung tirava algumas tintas e pincéis de dentro de uma caixa, e já parecia bem acordado. Jeongguk estampava uma cara de sono quando entrou no campo de visão do namorado, e eles se entreolharam e sorriram em silêncio.

— Você vai pintar? — Jeongguk disse com a voz rouca da manhã.

— Não, vou pular de paraquedas. É claro que vou pintar.

— Babaca.

Ouch, não me insulte, isso dói — Taehyung brincou, colocando a mão no coração, e aquela cena foi nostálgica de alguma forma. — Você dormiu bem?

— Uhum... — Jeongguk sacudiu a cabeça e percebeu um maço de cigarros em cima do piano. Olhou para a sacada, cuja porta de vidro estava fechada, e viu o cinzeiro no chão, com dois ou três cigarros apagados. — Então... você não tinha parado...?

Quando Jeongguk conheceu Taehyung, não tinha se atentado a nenhum cheiro nem gosto de cigarro, nem mesmo quando se beijaram, porque o roqueiro tinha parado de fumar havia alguns meses. Entretanto, depois que começaram a namorar, por passarem tempo demais juntos, Jeongguk acabou descobrindo que, vez ou outra, Taehyung ainda tinha recaídas, em especial quando algo o fazia pensar demais ou o deixava nervoso — o que chegava a ser irônico, visto que o roqueiro estudava Filosofia, a mãe dos questionamentos e pensamentos.

Mas nos últimos tempos parecia que Taehyung vinha lentamente substituindo o vício em cigarro pelo vício em Jeongguk. E que vício, uh?

— Desculpa, Gukie... — o roqueiro balançou a cabeça. — Eu estava parando... é que... estou nervoso.

— Com o quê?

— Quis fazer um quadro, mas me lembrei da minha mãe... e do meu pai. Fiquei nervoso por lembrar como ele dizia que tudo que eu pintava era feio. Talvez ele tenha razão, entende?

— Esquece isso, ele não tem razão — Jeongguk franziu a testa, aproximando-se e abraçando-o. — Eu acho que tudo que você pinta é lindo e incrível. E só a minha opinião importa, a do seu pai não, ok? — riu. — E, hã... Tae, não fume de novo... Isso mata, você sabe! E eu quero você bem vivo, sim?

Taehyung riu baixinho e o abraçou mais forte. Jeongguk se afastou, reclamando do cheiro de cigarro, e o outro só pôde observá-lo se jogar no sofá com a cara de sono.

Aish, Jeongguk ficava tão fofinho com aquela carinha de sono...!

Taehyung chacoalhou a cabeça para afastar a vontade de apertar o namorado até os olhos saírem-lhe para fora.

— Está com fome? — a voz grossa soou mais rouca do que o normal e Jeongguk ergueu os olhos, levemente arrepiado:

— Tae, eu já disse que amo sua voz?

sobre todas as bandas de rock que eu não conhecia antes de conhecer vocêWhere stories live. Discover now