O PASSADO TEM O MAU HÁBITO DE PERMANECER NO PRESENTE

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[15.07.19]

Oi! Acho que esse capítulo está chatinho, mas acho que estou realmente encaminhando a história para o fim agora (!!!)

[lembrando: as datas no início dos capítulos não são referentes à história! São só as datas em que os estou postando]


Taehyung largou o pincel e observou o esboço de Jeongguk, que agora começava a ficar colorido em tons tão suaves quanto seus toques. Subitamente, os olhos de Taehyung caíram sobre o maço de cigarros em cima do piano. Esticou a mão, inclinando-se para a frente na tentativa de pegar um, mas hesitou. Recuou. Um suspiro rápido escapou pela boca.

Levantou-se, agarrou o maço e foi até o quarto. Jogou o pacote no lixo cheio de partituras amassadas e começou a procurar por alguns pincéis menores. Não encontrou-os sobre a escrivaninha, então puxou uma caixa que ficava sob a cama. Lembrava-se de guardar material extra ali, mas já havia muito tempo que não pintava, então podia estar errado. Ao abri-la, encontrou os pincéis e uma pequena caixa de metal.

Sentou-se, pegando-a. Um mal estar se apossou dele enquanto a abria, completamente enojado pela nostalgia.

Ali dentro havia uma foto polaroide. Podia ver seu rosto — de um Taehyung idiota de dezessete anos – ao lado de Yoongi. Aquela foto fora tirada em um almoço de família, recordava-se agora. Havia tanto tempo que o roqueiro já tinha esquecido da existência daquela caixinha e daquela foto. Ele sempre fora tão imbecilmente apaixonado pelo irmão postiço que guardara uma lembrança. Taehyung sentou-se e puxou um papel dobrado que estava guardado junto à foto. Sentiu-se estúpido ao ver a letra de Yoongi.

"Desculpe não ter ido à sua apresentação de piano.

Você tem um enorme talento e devia acreditar em si mesmo sem a necessidade de ouvir isso de mim.—Y"

Taehyung observou as letras com cuidado. Engraçado como, anos atrás, ao receber aquele bilhete, ele tinha se achado especial de alguma forma. Pensado que significasse algo para Yoongi. Se ele tivesse aberto um pouco mais os olhos, teria percebido que não tinha sido nada. Pode ser que Taehyung houvesse significado algo para Yoongi no começo, logo que terminara com Suji, mas era óbvio que nunca havia passado de um desejo, em vista do final que tiveram. Um final sem explicações, sem diálogos, sem despedida — apenas um silêncio cortante e uma distância súbita.

Pensou na última vez em que se viram, quando Yoongi pediu desculpas pelo passado e, ao invés de aceitar, Taehyung só pudera dizer palavras grosseiras com intenção de machucá-lo. Ainda guardava tanto rancor dentro de si que vez ou outra sentia o peso daquele sentimento sobre seu peito, em especial nas noites mal dormidas em que sonhava com as lembranças mal enterradas e nem um pouco superadas. Fosse com Yoongi ou com seu pai, não conseguia se livrar do ressentimento, nem ao menos sabia como fazê-lo.

Taehyung puxou o isqueiro do bolso da calça jeans e aproximou-o do papel. Depois de três segundos com os olhos fixos naquilo, ele afastou o fogo. Então tirou o maço de cigarros do lixo, acendendo um enquanto fechava as pálpebras. Largou a foto e a carta para tragar, sentindo-se terrível.

Tinha dito a Jeongguk que estava feliz por ter largado o cigarro e as drogas. Mas ali estava Taehyung. Fumando.

Ele soltou a fumaça pela boca, a cabeça inclinando levemente para trás.

sobre todas as bandas de rock que eu não conhecia antes de conhecer vocêWhere stories live. Discover now