QUEEN

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[26.11.18]

Os raios de sol trespassavam as beiradas das nuvens que abarrotavam o céu tingido naquele azul tão claro. O vento soprava de leve, fazendo as folhas verdes dançarem nas árvores. O campus estava quase vazio àquela hora, já que os alunos deviam estar em suas salas, mas Kim Taehyung andava sem preocupação, matando aula no prédio da Faculdade de Música, que não era o seu.

No caminho até lá, havia passado por algumas garotas bonitas e trocado olhares com a que mais chamara a sua atenção devido aos longos cabelos pretos. Era definitivamente linda, mas ele não se daria ao trabalho de pará-la e pedir seu número — não havia finalidade naquilo se nem ao menos gostava de levar pessoas a encontros.

Sendo assim, ele continuou o trajeto e passou pelas enormes portas do edifício. O silêncio do lugar misturado à abafada música de alguns instrumentos o agradou, assim como o piso claro e limpo. Aquele prédio era espantosamente mais cuidado do que o de sua faculdade, a de Filosofia.

Viera àquele lugar na tentativa de encontrar uma sala para que pudesse treinar nos instrumentos, quem sabe tocar violão ou piano enquanto cabulava uma aula entediante.

Andou a passos leves pelo corredor, olhando em todas as portas pelos pequenos vidros, observando os alunos em seus treinos diários nos violinos ou nos violoncelos; piano, percussão, sopro, até mesmo xilofones.

Continuou até encontrar uma sala vazia. Virou a maçaneta, cruzando os dedos para que não estivesse trancada, e deu um sorriso quando a porta abriu. Ao adentrar, no entanto, em um canto que Taehyung não pudera ver pelo vidro, estava um jovem segurando um violino.

Ele estava concentrado, de pé enquanto remexia algumas partituras e tentava puxá-las de sua pasta sem ter de colocar o instrumento de lado. Era alto e, estranhamente, tinha costas de provável nadador. Cabelo preto impecavelmente cortado e penteado, além de calças sociais pretas e uma camisa branca. Se não tivesse saído de um compromisso importante, então era um mauricinho e tanto, julgou Taehyung. Virado de costas, o jovem nem sequer percebeu quando ele entrou, muito menos se deu conta de que ainda estava parado ali, observando-o.

O rapaz puxou uma das folhas de sua pasta e essa se ergueu acompanhando o movimento, derrubando no chão outras coisas que estavam sobre a mesa em um ato desastrado.

Taehyung se aproximou de imediato, querendo ajudá-lo a juntar as partituras, a garrafa de água e os livros. O desconhecido se assustou, olhando-o com certo espanto antes de franzir a testa e dizer:

— Hã... obrigado — puxou os papéis de suas mãos, pondo-se de pé.

— Imagina.

— Você está perdido?

Taehyung mexeu a cabeça.

— Estava procurando uma sala vazia. Achei que esta estivesse...

— É, não está... Estou aqui — ele ergueu os ombros e Taehyung assentiu.

— Estou vendo aqui está aqui — riu com o canto dos lábios.

Em silêncio, o jovem colocou as coisas sobre a mesa. Virou-se para ele mais uma vez, esperando por alguma coisa — provavelmente que fosse embora —, e Taehyung acabou deixando os olhos caírem para os sapatos lustrosos à sua frente — claro que aproveitando a paisagem da viagem até eles. Era uma bela vista, mesmo que prejudicada pela calça social.

— Bom — o rapaz ergueu o arco do violino, a expressão um tanto quanto desdenhosa e irritadiça —, eu estou treinando nesta sala, então... você poderia arranjar outra.

Taehyung colocou as mãos nos bolsos da jaqueta de couro e assentiu outra vez. Sem dizer nada, saiu.

— Não acredito que ele me mandou sair — murmurou, fechando a porta, e começou a ouvir o som do violino antes de se afastar.

sobre todas as bandas de rock que eu não conhecia antes de conhecer vocêWhere stories live. Discover now