FELIZ NATAL NA MATRIX

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[19.08.19]

oui, acho que vocês já repararam, mas queria dizer que os seus comentários muitas vezes influenciam a história gsuahsh enfim, obrigada por lerem!


Taehyung e Jeongguk estavam deitados na cama. Era finalmente 24 de dezembro (o tempo havia passado realmente rápido), e dali a algumas horas seria a ceia de Natal — em famílias perfeitas, é claro. O casal provavelmente ia só comer um lamen instantâneo, sozinhos em frente à televisão ou ouvindo alguma música.

A cabeça de Jeongguk repousava sobre o tórax de Taehyung, que se movia suavemente com a respiração, e sua orelha estava grudada na pele nua para ouvir melhor o coração batendo. O dedo indicador tracejava as tatuagens e podia sentir a pele em chamas sob a digital.

Jeongguk mordeu o lábio ao perceber que se sentia vendo uma gravura de uma antiga arte oriental. Um dragão, um tigre. Um par de carpas nadando juntas. Claro, havia para além daquilo uma cobra que comia o próprio rabo em um gesto infinito nas costas e as palavras "Amor Fati" no bíceps esquerdo e "Memento Mori" no direito. Jeongguk achava que a tatuagem de tigre se parecia com um auto retrato de Taehyung, porque, às vezes, quando o olhava, sentia qualquer coisa de agressiva, misteriosa, selvagem e predatória em seu olhar. Pobre Jeongguk — sentia-se só um coelhinho indefeso, presa fácil sob aquelas íris castanhas. Tigres comem coelhos? Ele não sabia. Respirou fundo para parar de pensar em coisas idiotas e voltou a acompanhar com o dedo o corpo comprido do dragão. "Sabedoria, força, poder, proteção", Taehyung tinha-lhe dito o significado dos dragões. E das carpas: "vida longa e perseverança". O tigre também não era força? Taehyung precisava se sentir assim tão forte o tempo todo...?

Jeongguk ergueu os olhos e percebeu que Taehyung olhava para a janela, o rosto inexpressivo. Observou-o em silêncio, até se jogar para o lado e dizer:

— Você acha que vivemos na Matrix?

Silêncio.

— Taehyung?

O roqueiro agora encarava o teto, ainda sem expressão.

— Taehyung?

— Hã? — ele piscou enfim. — Você disse alguma coisa?

— Perguntei se você acha que vivemos na Matrix.

— ...Não sei.

— Você acha que vivemos de verdade? E se tudo for um sonho? E se tudo for um sonho de outra pessoa e nós achamos que existimos de verdade? E se existirmos de verdade, o que você acha que acontece quando morremos? Você acredita em inferno e céu, Taehyung? Taehyung? — Jeongguk ergueu o corpo dessa vez. — Taehyung.

Ele o olhou.

— Desculpe, o que você disse?

— Você não ouviu nada do que eu falei, não é?

— Hum... não. Desculpe — colocou as pernas para fora da cama e segurou a cabeça entre as mãos antes de deslizá-las para trás, puxando o cabelo. Parecia irritado. Talvez quisesse fumar.

— O que houve? Está pensando em quê?

— Em nada — Taehyung se levantou. — Só estou distraído.

— Você está assim já faz um tempo... — murmurou Jeongguk.

— Desculpe.

— Só vai dizer "desculpe"? — Jeongguk observou suas costas largas. Um ou outro arranhão ainda era visível perto da cobra.

O fim repete o começo, lembrou-se de ter ouvido aquilo alguma vez.

Taehyung vestiu uma camisa de botões e se virou com um sorriso de canto, sem abotoá-la.

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