sobre todas as bandas de rock que eu não conhecia antes de conhecer você

O QUE VEM DEPOIS DA MORTE

[04.10.19]

para quem está assustado com o título do capítulo: bú

JULHO DE DOIS MIL E UM

Os olhos de Jeongguk observaram as folhas agitando-se minimamente com a brisa abafada do lado de fora. As árvores estavam todas verdes, o céu, azul e o sol, brilhante demais com aquele verão demasiado quente. Era como se a natureza estivesse em plena euforia no ponto alto de sua existência, e era uma pena saber que aquilo sumiria quando o outono chegasse, levando embora todas as cores vibrantes tal como a tristeza quando chega à vida humana. Ugh, você tem que parar de fazer esses paralelos bregas, Jeongguk.

Subitamente, arrancado de seu próprio mundo, ele prendeu a respiração quando sentiu os lábios de Zhang Yixing roçarem sua pele, subindo pelo umbigo em direção às costelas. Jeongguk moveu o braço para o rosto, tampando os próprios olhos. Os dedos alheios tocaram-lhe em um lugar específico e ele quis revirar os olhos na mesma hora, sentindo o calor das digitais o queimarem. Sabia bem o que vinha agora, e ele odiava essa parte. Não havia como fugir, não importava o quão casual e insignificante o sexo fosse.

— Eu realmente não ia perguntar nada, mas... — Yixing se pronunciou em voz baixa. As palavras podiam variar, mas a mensagem final era sempre a mesma. Jeongguk tirou o braço do rosto. — Essa tatuagem foi—

— Sim, eu fiz com alguém, e não, não estou mais com a pessoa — murmurou em resposta, levantando-se sobre os cotovelos. A risada baixa que se seguiu o fez aliviar a tensão dos ombros por alguma razão.

— Não. Eu ia perguntar se foi inspirada no clipe do Aerosmith.

— Ah — piscou, tomado de supresa. Parece que tinha errado pela primeira vez. — Foi.

Yixing assentiu, jogando-se para trás, o corpo caindo sobre os lençóis. Jeongguk desviou o olhar, arrastando os dedos pelo cabelo em direção à nuca.

— Jeongguk?

— O quê?

— Eu te amo — Yixing provocou-o.

Ele adorava provocar Jeongguk, que sempre revirava os olhos quando coisas daquele tipo lhe eram ditas. "Gosto de você", "gosto de estar com você", "gosto de passar o tempo com você", "adoro você", "adoro seu cheiro", "acho que eu te amo".

— Sabe de quais três palavras eu gosto mais? — Jeongguk perguntou, absorto nos detalhes brancos do teto.

— Hum? — Yixing ergueu-se para observá-lo com um sorriso de canto e Jeongguk se aproximou:

— Vai se foder — disse, empurrando-o de volta.

A gargalhada alta preencheu o quarto branco varado pelo sol dourado.

— Eu vou embora na quarta que vem — Yixing mudou de assunto.

— Achei que fosse nesta semana — Jeongguk respondeu simplório e colocou as pernas para fora da cama, procurando pela calça jogada no chão.

— Suas frases são sempre tão amáveis — o chinês riu de leve, provocando no outro um revirar de olhos. — Você podia ao menos fingir que sentirá minha falta.

— Quem disse que não sentirei sua falta? — disse em um tom difícil de interpretar.

Yixing se levantou, aproximando-se das costas largas de Jeongguk, o nariz deslizando por seus ombros.

— Apesar de você não estar nem aí, saiba que foi ótimo tocar com você no dueto. E também foi ótimo tran—

— Já entendi — cortou-o enquanto se levantava e se vestia, mas não demorou a se sentir levemente culpado com a ação grosseira. — Foi ótimo para mim também. Você é um ótimo pianista e também foi ótimo transar com você. Agora eu preciso ir, ok?