13.

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No sábado seguinte Rui voltava a aparecer no bar onde Sofia atuava, ainda esta não tinha chegado sequer. Desta vez vinha sozinho e escolheu uma mesa mais afastada do palco. Talvez para poder apreciar o espetáculo mais à vontade. Ao chegar, Sofia reparou de imediato na sua presença. Seguiu para o camarim e preparou-se para o espetáculo.

–Hoje já estás mais animada. Assim é que eu gosto de ver! – Exclamou Isabel reparando na boa disposição de Sofia ao dar entrada no camarim. Poisou a mala a um canto e dirigiu-se ao armário onde eram guardados os outfits utilizados nos espetáculos.

–Há problema se eu usar antes este conjunto em vez do outro que eu disse na 5ª feira? – Perguntou Sofia referindo-se a um conjunto cor-de-rosa com brilhantes, mais vistoso daquele que havia escolhido antes.

–Não… mas a que propósito? – Questionou Isabel querendo saber o motivo que levara Sofia a mudar de ideias.

–Como o último espetáculo foi um bocado apagado, hoje apetece-me usar algo mais chamativo. É para compensar o público! – Respondeu Sofia sorridente.

–Tudo bem, usa o que tu quiseres. Estás à vontade. – Afirmou Isabel.

–Eu acho que sei porque é que a Sofia hoje está assim tão bem disposta! – Exclamou Márcio. – E o motivo resume-se a três letras: Rui!

–De facto, tenho que concordar contigo Márcio. Como ele hoje vem vê-la, por isso é que está assim! – Corroborou Bianca. Sofia ia ouvindo a conversa mas não dizia nada. Limitava-se a sorrir timidamente enquanto se aprontava para o espetáculo. No fundo era obrigada a admitir que as noites em que Rui a vinha ver eram aquelas em que Sofia estava mais bem-disposta.

Sofia subiu ao palco e deu então início ao espetáculo. Observou Rui, lá ao fundo, a aconchegar-se na cadeira, procurando a melhor posição para estar. Parecia estar bem mais
interessado na sua atuação do que na primeira vez que cá tinha estado. E, de certa maneira, Sofia ia correspondendo a esse interesse dançando de modo cada vez mais provocante e atrevido esquecendo-se até, por vezes, de que havia mais pessoas naquela sala. Era como se estivesse a dançar de propósito só para ele.

A atuação acabou, mais uma vez, com todo o público de pé a aplaudi-la. Se as suas atuações já eram fantásticas, hoje então Sofia tinha-se superado, definitivamente! Nunca naquela casa tinham ecoado tantos aplausos e assobios!

–Meu Deus! A minha alma está parva! – Exclamou Márcio mal vira Sofia a entrar no camarim. – Tu hoje ias-me deitando a casa abaixo! Tu superaste-te!

–Obrigada! Eu também estou muito contente com a atuação de hoje. Como a última não foi tão boa, hoje tinha que compensar. Foi, sem dúvida, a melhor até agora! – Respondeu Sofia que, ainda impressionada com a ovação do público, se sentou num banco a descansar.

–Mas é que foi mesmo, Sofia! – Apoiou Bianca. – Será que a presença do Rui terá alguma coisa a ver?

–Curioso, estava precisamente a pensar no mesmo, Bianca! – Exclamou Márcio sarcasticamente de mão no queixo.

–Pronto, lá estão vocês outra vez com essa história! – Reclamou Sofia que, em seguida, se virava de frente para o espelho com intuito de começar o processo de remoção da maquilhagem.

–Porquê? Vais dizer que é mentira? – Perguntou Márcio olhando para Sofia e continuando com o mesmo tom.

–É verdade! Eu bem vi que não paravas de olhar para ele durante o espetáculo. – Concordou Bianca dando um passo em frente.

–Até quando vou ter que levar com vocês os dois a azucrinarem-me o juízo com esse assunto? – Inquiriu Sofia dando um grande suspiro e interrompendo, momentaneamente, a tarefa que tinha em mãos.

–Até admitires que tens um fraquinho pelo Rui! Já todos percebemos isso! – Exclamou Márcio. – Ele até vem cá de propósito só para te ver e tudo!

–Andamos muito bem informados, senhor Márcio! – Exclamou Sofia arrumando o material de maquilhagem.

–São muitos anos a virar frangos, sabes! – Respondeu Márcio. – Quando é que o convidas para sair? Sim, porque já faltou mais!

–Desculpa? Deves-me estar a confundir contigo, só pode! Por norma eu não me atiro ao primeiro que me aparece à frente. Eu não me chamo Márcio Biscaia, okey? – Questionou Sofia atirando a indireta e levando Bianca a rir-se.

–Ai, temos sentido de humor? Sim senhora! – Exclamou Márcio.

–O Márcio tem razão: eu se fosse a ti aproveitava! – Apoiou Bianca.

–Pois, e olha que um partido como o Rui deve ser bastante concorrido. Portanto, se não queres aturar a concorrência despacha-te! – Acrescentou Márcio.

–Quem te ouvir falar até há-de pensar que ele é a última Coca-Cola do deserto! – Exclamou Sofia surpreendida pela intervenção de Márcio.

–Eu só te estou a prevenir. Se depois levares com alguma Maria-chuteira armada aos cágados não te venhas queixar! – Respondeu Márcio.

Sofia acabou de se vestir, despediu-se e foi embora. Pelo caminho, antes de sair do estabelecimento, encontrou Rui:

–Olá Sofia, tudo bem? – Levantou-se e cumprimentou a rapariga.

–Olá Rui. Sim, tudo ótimo. Não te vi por cá no último dia! – Sofia deu o mote para a conversa, saíram juntos do Bar e permaneceram algum tempo a conversar enquanto caminhavam
vagarosamente pela rua.

–Pois não. Não pude vir porque tive jogo nesse dia e quando cheguei a casa só queria descansar! – Justificou Rui.

–Não faz mal. Eu também quando chego a casa depois dos espetáculos não tenho cabeça para mais nada! – Acrescentou Sofia.

–Acredito que sim. O que é que achas de sairmos um dia destes? Um jantar, por exemplo. – Perguntou Rui, esperando uma resposta positiva da parte de Sofia. Esta não resistiu e riu-se ao lembrar da conversa de há pouco com Márcio.

–O que é que foi? Disse alguma coisa que não devia? – Perguntou Rui sem entender o motivo da risada de Sofia.

–Não, não tem nada a ver contigo. Fui eu que me lembrei de uma conversa, só isso. – Explicou Sofia.

–Ah bom. – Respondeu Rui aliviado e, ao mesmo tempo, fascinado com o facto de Sofia ficar ainda mais bonita quando se ria.

–Mas aceito o teu convite! E como é que queres fazer: combinamos já ou trocamos números de telefone e depois marcamos qualquer coisa? – Perguntou Sofia. Não sabia o quão ocupada era a vida profissional de Rui e, por isso, não queria atirar para o ar nenhuma data ao calhas.

–Pode ser, assim ficamos já com os números um do outro e depois combinamos melhor! – Aceitou a sugestão ao mesmo tempo que retirava o telemóvel do bolso. Ficaram com o contacto um do outro e, após mais alguns minutos de conversa, seguiu cada um para sua casa.

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E então? Só não vê quem não quer! Até já combinam saídas e tudo! 😎
A primeira pessoa a comentar este capítulo eu dedico o próximo capítulo, daqui a três dias.

Tudo Tem Um Fim Where stories live. Discover now