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–Sofia! – Rui chamou-a, levantando o braço, e de imediato Sofia dirigiu-se à mesa onde este se encontrava.

–Olá Rui, estás bom? – Cumprimentaram-se com dois beijos na face e saíram juntos do estabelecimento, continuando a conversar.

–Como é que vão as coisas com a tua família?

–Não vão. – Respondeu Sofia assertivamente. – Noutro dia fui ao banco e descobri que o meu pai me bloqueou o acesso à conta.

–Ele pode fazer isso?

–Pode, porque o titular principal da conta é ele. Mas eu também já estava à espera que isto fosse acontecer. Depois daquele artigo sobre nós que saiu na revista, acabou também por
descobrir que trabalho aqui e proibiu-me de voltar a aparecer lá em casa!

–Estou a ver que a coisa está feia! – Exclamou Rui. - E não voltaram a falar desde aí?

–Pff, depois de tudo o que tem acontecido acredita: a última coisa que o meu pai quer é conversar! E, para te ser sincera, o sentimento é recíproco! – Admitiu Sofia.

–Então?

–Se a partir de agora, passei a ser personna non grata, como ele próprio me fez questão de dizer, então também não quero saber desse senhor para nada!

–O quê, ele disse-te isso? – Perguntou Rui atónito com a atitude do progenitor da sua amiga.

–Disse. E como, ainda por cima, não teve lata para mo dizer na cara, disse-me por telefone e no final desligou-me a chamada na cara! O lado positivo disto é que agora já não tenho que esconder aquilo que eu faço. – Relativizou Sofia.

–Pois, também é verdade. Mas já sabes: qualquer coisa que precises, conta comigo! – Rui interrompeu o seu trajeto e olhou-a nos olhos.

–Obrigada. Acredita, tens sido um apoio importante para mim! – Sofia sorriu pegando-lhe nas mãos em sinal de agradecimento. – Tens levado com os meus problemas em cima e continuas aí como se nada fosse!

–Tu és linda e mereces tudo! – Elogiou-a ao que Sofia reagiu com um sorriso e corando ligeiramente. – E já vi as fotos que puseste no Facebook. Estás um espanto!

–Obrigada! Mas como é que descobriste o meu Facebook? – Perguntou Sofia curiosa.

–Encontrar alguém no Facebook não é propriamente difícil. Procurei pelo teu nome e apareceu uma página tua com imensos likes. – Explicou Rui.

–Sim, essa é a minha página profissional. – Explicou Sofia. – Se quiseres posso dar-te o meu perfil pessoal!

–Claro. Depois eu peço-te por mensagem privada. E já agora, queres que eu te leve a casa? – Propôs Rui.

–Se não for incómodo para ti, aceito a boleia!

–Não é incómodo nenhum, não me custa nada! – Exclamou Rui.

Ao parar em frente ao portão da casa de Sofia, um embaraçoso silêncio tomou conta daquele instante até ser interrompido por Sofia:

–Não queres entrar? Assim podíamos conversar mais um pouco. – Sugeriu.

–Obrigado mas amanhã vou ter um jogo importante e, se calhar, é melhor não. Não leves a mal. – Justificou-se Rui.

–Então se tens jogo amanhã não devias estar em casa a descansar? – Perguntou Sofia com um ligeiro humor.

–Devia. Mas tive saudades tuas! - Respondeu Rui. E o silêncio voltou a impor-se naquele espaço.

–Bem, vou andando. Tchau! – Aproximou-se de Rui para se despedir mas pára, ao ver que iam chocar, sem querer, com os narizes um do outro.

–Oi, desculpa! – Exclamou Rui na sequência do quase incidente. Olharam estáticos um para o outro e assim permaneceram durante longos segundos. Já não era a primeira vez que o acaso os juntava naquela situação.

E, precisamente no instante em que Sofia se preparava para sair da viatura, Rui agarrou-a e beijou-a. Sofia, ao início apanhada de surpresa, rapidamente se deixou levar por aquele beijo impetuoso que lhe roubava o fôlego.

–Adeus. Depois falamos! – Sofia despediu-se e saiu rapidamente do carro, para pena de Rui.

Rui observou Sofia a sair do carro e entrar rapidamente em casa e questionou-se sobre se devia ter tomado a iniciativa ou não. Há muito que Sofia não lhe era indiferente. Não havia nada que não gostasse nela: admirava a força interior que escondia por detrás do seu ar aparentemente frágil e a forma como olhava para si; adorava sentir a sua pele sensível na ponta dos dedos, adorava quando ela sorria para si e o olhava nos olhos e apreciava a maneira exótica e única como dançava. Queria ter-lhe confessado logo os seus sentimentos por si mas não teve coragem. Em vez disso resolveu beijá-la mas, a julgar pela maneira como Sofia se tinha ido embora, já não sabia se tinha feito bem ou não. De qualquer das maneiras, aquele beijo tinha lhe
sabido pela vida. Ainda tinha na memória o sabor dos lábios carnudos dela. E só por isso já tinha valido a pena.

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