39.{ÚLTIMO}

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[Um mês depois]

–Tens a certeza que não queres vir? – Perguntou Bianca. Um mês se passara e Sofia continuava de relações cortadas com Márcio. Em 8 anos de amizade esta era a primeira vez que se tinham chateado a sério. Bianca, apesar de não estar envolvida na origem da zanga, acabou também por se deixar afetar. Era amiga dos dois e custava-lhe vê-los de costas voltadas.

–Tenho. Ele que faça boa viagem! – Desejou Sofia com um tom de voz frio e distante nada comum em si. Dava para perceber que era só para disfarçar o facto de a situação ainda a afetar, embora dissesse o contrário.

–Ainda estás muito chateada com ele?

–Estou! – Disparou Sofia revoltada. – O que o Márcio fez não se faz a ninguém! Antes preferia mil vezes emprestar-lhe dinheiro a fundo perdido do que levar uma facada destas!

–Eu percebo o que tu estás a sentir e tens toda a razão para estar chateada. Mas o Márcio também não se está a sentir melhor. Ele diz que está mesmo arrependido e está triste por não quereres falar com ele.

–Então se percebes não insistas! – Exigiu Sofia. – Eu sei que a tua intenção é a melhor mas, ainda estou magoada com o que ele me fez. Preciso de tempo para digerir tudo!

–Mas sabes que ele vai-se embora daqui a umas horas e não sabe se volta ou não, não sabes?

–Sei. – Respondeu Sofia. – E se queres ir despedir-te dele vai à vontade. A sério, é na boa. Mas não me obrigues a mim.

–Tudo bem então. Se é isso que queres eu não insisto mais! – Desistiu Bianca. Ela bem queria que Sofia e Márcio fizessem as pazes mas a verdade é que Sofia tinha todos os motivos do mundo e mais alguns para se sentir revoltada. Aliás, se fosse consigo provavelmente também teria tido a mesma reação, por isso, decidiu não forçar mais as coisas. – Até logo!

Despediu-se e saiu de casa. Queria aproveitar ao máximo as últimas horas que ainda lhe restavam com Márcio. Foi até à estação de comboios de Santa Apolónia e encontrou-o junto das vitrinas dos horários. E estava acompanhado.

–É preciso chegar o último dia para finalmente conhecer o meu cunhado Hélio! – Exclamou Bianca ao aproximar-se do casal.

–Hola! ¿Como estas? – Cumprimentou Hélio. Era moreno, tinha um tom de pele ligeiramente bronzeado pelo sol e era fã de ginásio. Não era muito alto e tinha a pinta e o carisma de um cantor latino.

–Já vi que a Sofia não veio. – Constatou Márcio desanimado ao dar pela sua ausência.

–Não. Ela ainda está bastante magoada com o que aconteceu. – Respondeu Bianca partilhando do mesmo desânimo.

–É pena! Tu ias adorar conhecer a Sofia, ela é uma pessoa incrível! – Exclamou Márcio dirigindo-se a Hélio.

–No te preocupes. Habrá más oportunidades, estoy seguro! – Tranquilizou Hélio pegando na face do namorado.

–Sim, agora tens que pensar é na viagem que vais fazer com o Hélio. Andavas tão inquieto há uns tempos com receio de se separarem e afinal sempre conseguiram ficar juntos! –
Animou Bianca.

–Tens razão Bianca. Tenho a certeza que esta vai ser a viagem das nossas vidas! – Afirmou Márcio um pouco mais animado.

–E como é que fizeste em relação ao teu emprego? – Perguntou Bianca curiosa.

–Oh mulher, o que é que tu achas? Despedi-me obviamente! – Respondeu Márcio como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. – Agora eles lá que se amanhem sozinhos que eu quero é ser feliz! – Exclamou agarrando-se a Hélio.

–Fico contente por te ver assim entusiasmado. Mas por outro lado também estou triste porque vou ficar longe de ti! Quem é que me vai chatear ao camarim agora?

–Ai, mulher, choros agora é que não, por favor! Sempre que estiveres com saudades podes sempre vir ter connosco a Madrid, não pode? – Perguntou Márcio retoricamente olhando para Hélio.

–Por supuesto! – Respondeu Hélio. Entretanto a hora de partida aproximava-se a passos largos. Encaminharam-se os três para a zona de embarque e despediram-se pela última vez.

–Bem… está na hora! Dói-me não me poder despedir da Sofia por causa de uma asneira que eu fiz e da qual me arrependo amargamente. – Lamentou-se Márcio. - Mas eu ainda acredito que vamos voltar a ser amigos. É só uma questão de tempo. Pelo menos eu quero acreditar que sim! – Afirmou esperançoso. Sorriram um para o outro e deram um forte e demorado abraço.

–Diz qualquer coisa quando chegares, sim? – Pediu Bianca.

–Claro! – Respondeu Márcio.

Despediu-se de Hélio e de seguida entraram na carruagem. Quando chegou a hora de partida, Bianca observou o comboio a arrancar e a
aumentar gradualmente de velocidade, afastando-se cada vez mais de si. A felicidade de ver o amigo a iniciar um novo começo debatia-se com a mágoa de o ver partir sem ter feito as pazes com Sofia. Uma mistura de sentimentos que também se fazia sentir no coração de Márcio.

Porém, ainda havia uma esperança...

FIM DA I PARTE


**POR FAVOR LEIAM AS NOTAS FINAIS NO CAPÍTULO A SEGUIR**

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