Capítulo 4

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"Like a river flows
Surely to the sea
Darling, so it goes
Some things are meant to be"
—Can't help falling in love, Elvis Presley.

"Like a river flowsSurely to the seaDarling, so it goesSome things are meant to be"—Can't help falling in love, Elvis Presley

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— É claro que não vamos, você está louca? — dou uma olhada rápida para o lado e me concentro na pista de novo. — Fala sério amiga, eu implorei para não ir lá e você nem cogitou em repensar...

— Flora, pelo amor de Deus, não foi o fim do mundo, inclusive nos trataram muito bem. Graças a minha desobediência hoje temos uma festa superbacana, já cogitou em me agradecer?

Respiro fundo tentando não desviar o olhar da chuva, só que me faltava ter que agradecer por conseguir uma coisa que eu não queria...

— Agradecer? Jura? Eu não te pedi isso, só queria que minha amiga pensasse também na minha vontade antes de sair fazendo as dela.

Rindo, Brooke responde:
— Amiga, qual é? Quem vê pensa que eu sou uma menina nojenta e egocêntrica! Pensa pelo lado bom em conhecer gente nova, se divertir, beijar... Não dá pra fugir o tempo toda Flora, você precisa voltar a viver de verdade!

— Viver de verdade? — estaciono em sua garagem e a olho incrédula. — Me desculpe se não considero uma festa um ponto de relevância suficiente, me desculpe se não consigo confiar em mais ninguém por causa da porra do meu ex-namorado que me traiu com uma das minhas melhores amigas, me desculpe ser fraca o bastante por não superar e não conseguir "voltar a viver de verdade" e me desculpe se estou ocupada demais estudando e trabalhando para conseguir ajudar o meu pai!!! É, você está certa... eu não estou vivendo de verdade!
Não foi isso que ela quis dizer. Percebo isso após vomitar aquelas palavras bruscamente em seu colo e pela sua expressão, sei que a constrangi e a magoei.

— Bom, não foi isso que eu quis dizer... — arregala os olhos e respira fundo baixando a cabeça. — Mas fico aliviada por ter tirado o que tava engasgado.
Brooke começa a recolher suas sacolas e abre a porta do carro. — Até mais. — sorri de lado ao se retirar devagar, ela abre a boca mais uma vez como se tivesse algo a mais a dizer, mas se interrompe antes mesmo de achar que eu tenha percebido. Fechando à porta, ela dá as costas e corre até sua casa.

(...)

— Tá tudo bem filha? — meu pai me olha sentado no sofá ao lado. — Você está com a cabeça longe, não me diz que é o Nick de novo...

— Tá sim, fica tranquilo. Graças a Deus não é o Nick. — respondo antes mesmo de deixá-lo terminar. Já fazia um tempo que não ouvia aquele nome.

— Nem falamos sobre isso aliás! Juro que eu tento fazer o que você pediu: esquecer e aceitar que algumas fases são encerradas durante a vida — papai ri da ironia de ter aprendido isso com a filha, aposto. — Mas é complicado evitá-lo depois da relação que tiveram — incluindo entre as famílias.

Acredite pai, o senhor não vai querer saber o que aconteceu... não depois da mamãe. — respondo em pensamento. Tenho certeza que ele caçaria o Nick, caso fosse possível, se descobrisse que seu querido ex-genro me traía há sete meses com a Kate, ex-componente do meu trio do ensino médio.

— Entendo, mas acredite em mim, é melhor assim! — confesso em voz alta te observando.
Olho para relógio e vejo que são mais de oito horas, depois para os pratos do jantar sobre a mesa da cozinha e então novamente para meu melhor amigo ao meu lado... — Sr. Mendes, você ficaria muito chateado se eu saísse para uma festa esta noite? Acho que tenho coisas para resolver. — sorrio um pouco aflita.

— Claro! — me olha com uma expressão estranha. — Que não né Flora? Você precisa mesmo dar uns passeios querida, aproveitar enquanto pode. Vá em paz e se divirta, seu velho ficará aqui assistindo uma série digna de maratona!

Dou risada e lhe indico Lost, conheço bem o seu gosto para isso, e tenho certeza que ele vai adorar. Depois de ajudá-lo subo correndo para tomar um banho, tenho pouco tempo para me arrumar se quiser encontrar Brooke ainda sóbria o suficiente para conversar.
Assim que visto o look que escolhi, me parabenizo pela ótima decisão de comprar um cropped vinho rendado. A calça cintura alta com o cardigã comprido rosinha deixou exatamente o toque de primavera que eu queria. Além da maquiagem se encaixar perfeitamente com o tipo de noite que terei... me sinto tão confortável que até tiro algumas fotos para registrar. Me lembro vagamente sobre a piscina, afinal quem faz essas festas nessa época? Ok, bem provável que tenha aquecedor... mas não faz diferença alguma já que não entrarei mesmo!

Só mando um beijo de longe para meu pai a fim de não te atrapalhar e enrolar mais. Já passam das nove e a festa deve estar rolando, eu nem sei o que farei quando chegar lá, se pelo menos tivesse combinado...
O caminho é tranquilo, na verdade é uma área famosa para universitários, é praticamente um bairro personalizado. Há muitos carros na rua e gente andando pela casa. Respiro fundo determinada em me desculpar com a Broo, só espero que ela não esteja tão chateada assim...

— Hey, então você é a gata de pedagogia? Flora Mendes, uma boca linda e um corpo de matar, estou certo? — um cara com cheiro de álcool e olhos vermelhos tenta me abraçar quando entro.
Levei um susto tão grande que mal consegui desviar, e agora estou presa em seus braços sentindo seu bafo horrível de bebida. Faço a maior força que posso e o empurro, no entanto, ele perde o equilíbrio e acaba caindo em frente à porta. Ando depressa ainda tentando me acalmar pós
a desagradável surpresa, acho que pela falta de atenção esbarro em alguém perto da cozinha... prendo a respiração torcendo para que não seja outro cara sem noção... mas quando olho, me deparo com a garota de cabelos pretos da banda, Jasmine!

— Algum problema? Parece que correu uma maratona — dispara com uma cara de desfeita. — Ou isso se chama bebida... olha ok, se você quiser beber e ultrapassar o limite vá em frente, mas só toma cuidado em não machucar alguém, tem gente que está aqui para trabalho! Até mais, tome uma água para conseguir assistir a nossa banda mais tarde. — Pisca ao sair andando em direção ao quintal.

Bufo revirando os olhos de sua tentativa de espertalhona. Não querida, eu não sou como você nas festas. — sorrio ao lembrar dos babados que Brooke trouxe da última farra.
Assim que penso isso, a avisto com o mesmo pessoal do bar numa mesa perto da piscina. Foi o que eu pensei... pequenas fumaças saem da água, burgueses! Ao me aproximar, reparo que tem mais gente na rodinha, alguns que conheço de vista outros que nunca nem vi. Quando olho melhor, percebo que Jay está inclinado com a mão na perna da loira e eles se olham fixamente, riem de algo e continuam cochichando. Perfeito, minha conversa vai demorar mais do que suspeitei.

Retorno à cozinha para tomar alguma coisa, previsivelmente há muita bebida alcoólica. Eu até tomaria se fosse embora mais tarde, mas como vim com a intenção de só me desculpar com a minha amiga, talvez o efeito do álcool não passe a tempo de dirigir.
Com a ajuda de um frat boy, encontro suco de uva no freezer e sirvo um copo vermelho. Olho pela janela a área externa, Brooke ainda se concentra em seu novo amigo e não parece querer sair dali tão cedo. Um pouco afastado tem uma pequena movimentação, estão organizando o palco e equipamentos da Straight Vodka... bem, pelo menos não esperarei tanto pela conversa.
Saio da cozinha para não atrapalhar os sedentos de plantão e ando até a sala, onde há muitas pessoas dançando loucamente. Neste exato momento uma menina passa mal e vomita no chão, eww!
Atrás desse pessoal tem um local mais sossegado com uns poofs confortáveis, é para lá mesmo que vou!
Vou me desvencilhando das pessoas, tentando na verdade. "Licença, desculpa... estou passando!", quando estou chegando no fim da travessia, uma garota toda animada esbarra em mim me fazendo perder o equilíbrio e cair sob alguém sentado no sofá. Ao olhar para meu copo, eu já sei o que aconteceu... claro que isso aconteceu comigo... eu derrubei o suco em mim e em cima da pobre pessoa.

— Mil desculpas, eu sinto muito mesmo, eu posso ajudar com a roupa! — Falo tentando sair de seu colo, depois virando para te olhar.
Se eu pudesse descrever a sensação, eu falharia com toda certeza... minha respiração e minha pulsação já falam por si só.

Broken heartsWhere stories live. Discover now