Capítulo 9

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"They say: All good boys go to heaven
But bad boys bring heaven to you"
Heaven, Julia Michaels.

"They say: All good boys go to heavenBut bad boys bring heaven to you"—Heaven, Julia Michaels

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    Sabe aquela sensação de que a sua vida nunca vai dar certo? Estou sentindo sempre. A cada dia que passa eu percebo que não vim ao mundo pra sorrir e ser feliz... se é que isso ainda existe!

    — Oi Flora, que coincidência te encontrar! Como você está? — Nick pergunta ao vestir sua máscara de bom moço.

    — Bem... estou atrasada, preciso ir! Até mais. — consigo falar toda afobada e viro de costas tentando andar o mais rápido possível. Irada.

    — Espere! — corre atrás de mim. — Por favor, quero falar com você. Flora! — grita ao perceber que não dou a mínima. Em questões de segundos, ele segura meu ombro pra me impedir.

    — O que foi, Nick? O que você quer de mim? Não tenho nada pra conversar com você... me deixa em paz. — respondo transparecendo minha exaustão desse assunto.

    — Perdoa-me Flora! Sinto sua falta, estou há um tempo querendo te ver pra desabafar de vez. Sei que errei, fiz a maior cagada da minha vida e sei que isso pode parecer contraditório pelo fato de ter sido por longos meses. Mas estou arrependido. Juro. — Ai, sério?

    Não consigo segurar, dou risada da sua cara de idiota e risada da maneira que meu coração tonto reage à essa ladainha:

    — Fiquei sabendo de Kate. Foi para Boston, certo? É por isso que está sentindo minha falta?

    — Claro que não, Flora. Não é por isso, eu já não falava com Kate há um tempo... eu só... Flora, a gente viveu coisas incríveis, marcamos o nosso ensino médio. Tudo. Todas as fases importantes de um adolescente, estávamos juntos e...

    — E você estragou absolutamente tudo. — o interrompo. — Tudo que um dia foi especial pra mim, agora só me traz angústia. O meu ensino médio, o meu primeiro beijo, a minha primeira vez, o meu acampamento, o meu Prom... Todas as minhas lembranças contaminadas por você... vocês dois!

    Não lhe dou chance de responder, apenas aviso que preciso ir e saio depressa.
    Chegando em casa, meu pai está terminando de organizar a mesa do café e Brooke está descendo as escadas. Eles me olham com uma cara interrogativa, mas prefiro ignorar, devo estar parecendo uma louca com o cabelo esvoaçado.
    Evito contar o que aconteceu, não quero mais me expor da mesma forma que ontem... não que tivesse algum problema por ser eles. Mas essa sou eu, sempre optei lidar com os meus problemas sozinha.

    — Jay me chamou pro boliche hoje à noite, — comenta Broo sentada na minha cama. — acho que vai todo mundo, mas não vou poder. Minha mãe quer ajuda pro almoço de família de amanhã, uma galera vai lá em casa... se você quiser aparecer pra me fazer companhia. — termina com um sorriso meigo. No entanto, sorrio balançando a cabeça e olho para a janela de novo.

     — O problema que está assombrando sua mente dessa vez é o do Collin?

    — Não! Não me importo com ele... — limpo a garganta e encolho as pernas dando espaço pra ela se sentar. — Estou só refletindo sobre minha vida, como sempre.

    — Não acredito, mas vou aceitar. De novo. — apoia o queixo em meu joelho semicerrando os olhos.

    Eu sei o porquê. Quando eu não quero falar, não falo, eu sempre oculto meus pensamentos. É a parte mais frágil do ser humano. É a minha parte mais frágil, e minha melhor amiga sabe disso porque me conhece como ninguém. Quando eu me sentir disposta, ela sabe que será a primeira a saber... de tudo.

(...)

    Quando o sol começa a se pôr, estou entediada em casa. Todo mundo está ocupado e acho que meu pai está de saco cheio da minha preocupação excessiva.
    O clima já começou a ficar mais agradável essa semana, o que acaba gerando mais ânimo pra sair. Então, faço uma coisa que amo de paixão: ir ao cinema sozinha. Tomo meu banho, visto meu macacão pantacourt laranja com um pequeno decote, calço minhas sandálias pretas, passo uma maquiagem básica e guardo um cardigã preto na bolsa só por precaução.

    Atravesso a cidade até o shopping escutando minhas músicas pra espairecer. O local está um pouco cheio, há muitas famílias passeando. Então decido passar em algumas lojas antes de  comprar meu ingresso. Quando dobro a lateral da bilheteria, um olhar lindo mas perigoso encontra o meu, saindo das salas de cinema sozinho.

    Tento dar meia volta mas Collin já me viu e está vindo até mim.

    — Ei, Flora! — trato de colocar um sorriso nos lábios enquanto viro o rosto em sua direção. Ele está a um passo de mim agora, sorrindo abertamente. — Sem bebida dessa vez? — ele ri, me fazendo acompanhá-lo.

    — Dessa vez eu deixo você sair limpo. — ele sorri e eu encaro seus olhos, um pouco tímida.

    — Que coincidência eu te encontrar hoje. Venho querendo falar contigo desde o ocorrido com a Alyssa. — meu corpo gela e um ligeiro desconforto cresce em minha barriga. Forço um sorriso e ele continua. — Eu queria te agradecer do fundo do meu coração por tê-la ajudado. A Alyssa é muito importante para mim, entende? — sim papai, eu não queria mas eu entendo. Respondo com ironia em meus pensamentos. — Enfim.. queria que soubesse que ela gosta muito de você, agora só comenta disso.

    Mesmo com a sensação boa que isso me provoca eu ainda estou desconfortável com a situação, então logo tento trocar de assunto.

    — É, eu também gosto muito dela.. então, veio ao cinema sozinho? — tento não transparecer meu nervosismo enquanto troco minhas sacolas de mão. — Nenhuma fã quis te acompanhar hoje, Pop Star? — complemento e ele ri baixo antes de sorrir maliciosamente, me causando um frio na barriga.

    — Nenhuma que me interesse. E você? O que uma mulher linda como a professora Flora faz em um cinema sozinha? — ele se aproxima um pouco, fazendo meu corpo pegar fogo e engolir em seco. — Na próxima me chama, aí podemos não fazer uma coisa que eu fiz hoje. — ele fala o "não fazer" com maior entonação, me fazendo ficar curiosa.

    — E o que o senhor fez hoje? — sorrio que nem boba enquanto o menino começa a se afastar para ir embora.

    — Assisti todo o filme. — ele sorri amplamente de um jeito cafajeste, fazendo meu coração bater mais rápido e meu sorriso cortar meu rosto. Ele acena brevemente ainda sorrindo e sai andando calmamente, como se não tivesse incendiado meu corpo da cabeça aos pés.

     "Quem sabe", meu subconsciente completa antes mesmo de conseguir evitar. Cala a boca, Flora...

Broken heartsWhere stories live. Discover now