Capítulo 30

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"No one's got to know what we do, hit me up when you're bored"
—Better, Khalid

    A semana demora muito pra passar, acho que nenhuma pareceu tão longa assim

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    A semana demora muito pra passar, acho que nenhuma pareceu tão longa assim. Eu realmente estava lotada de deveres; fiquei ocupada com provas e atividades da faculdade, além de ter trabalhado dobrado na escola. Ou seja, estava completamente exausta.
    Pelo menos consegui dormir o suficiente noite passada pra repor minhas energias. O pessoal até chamou pra curtir a sexta, mas me desculpem... eu tenho uma vida nada fácil tampouco esse pique dos universitários normais, sinceramente! Sei que provavelmente estou apenas confirmando a teoria de ser uma velha num corpo de jovem e também sei que a maioria ali não fica tão ocupado como eu, por isso nem ligo. Talvez eu seja mesmo!

    Hoje é a festinha da Alyssa, agradeci aos céus por ser durante a luz do dia — ok, é meio óbvio, né Flora? — mas poderia ser mais tarde também, e meus planos para um sábado à noite não é ficar em casa sozinha fazendo nada, muito menos ir em festa de criança. É claro que amo os meus alunos, só que hoje queria aproveitar dignamente para compensar a semana superaterefada.

    Tomo banho, me depilo, passo alguns creminhos. Me maquio bem de leve e escolho um vestido longo azul delicadamente estampado, eu adoro muito essa roupa porque me sinto extremamente confortável e solta. Tem uma fenda na lateral expondo minha perna, além de suas mangas compridas ficarem caídas pra baixo do ombro. Coloco meu old skol tradicional nos pés, depois um cinto bem pequeno dando um toque à mais no look. Me olho no espelho aprovando o que vejo, mostro pra Broo e logo pego minha bolsa pra sair.
    Meu pai não está aqui esse fim de semana, o pai do Nick o chamou para pescar... na verdade, nem consegui ficar brava porque sei o quanto ele adora, o que me resta é torcer muito para que ele aproveite cada milésimo. Espero acontecer o mesmo comigo!

    Peço um uber até a casa de Rachel, já que estou sem carro. Nem demora tanto pra chegar, a motorista — graças a Deus — é bem simpática e passa o caminho inteiro conversando comigo. Mal vejo o tempo passar.

    Quando chego, um sorriso involuntário cresce em meu rosto; acho muito bonito a relação da família... eles cuidam de Alyssa como se valesse a própria vida, além dela ser uma menina encantadora. Não sei detalhes sobre a história deles, mas não pude deixar de reparar na ausência de assuntos relacionados ao pai; espero que não seja nada muito grave.

    — Prô Flora!! — as crianças correm imediatamente pra me abraçar quando entro. Uau, têm muitas. Elas ficam alguns minutos me rodeando e comentando sobre a minha ida, até enfim darem espaço pra aniversariante.

    — Oi pequena, parabéns! — lhe entrego um simples presente após beijar sua bochecha gordinha. — Espero que goste... Está aproveitando o dia?

    — Sim, prô! Muito muito obrigada. — ela me envolve de novo com seus bracinhos agradecendo. — A mamãe não deixa eu abrir agora, tenho que levar para o quarto... mas não gosto disso porque fico curiosa! O que é?

    — Hmm, não quero estragar a surpresa de abrir todos seus presentes antes da hora. Acredite em mim, deve ser bem mais emocionante descobrir todos de uma vez! — toco seu nariz levemente. — O meu não é nada muito chocante, mas acho que você vai gostar por ele poder ser compartilhado com um bichinho superfofo.

    Depois de ficarmos batendo papo sobre o que eu comprei e evitando revelar o que era. Rachel aparece repreendendo Aly pela ansiedade, logo pedindo para a filha voltar a brincar. Nos cumprimentamos enquanto eu era agradecida pela centésima vez desde quando aceitei o convite. Céus, eles são muito educados!
    É um prazer participar e se aproximar mais ainda dos meus alunos... eu realmente gosto do que faço, não é problema pra mim!
    Como alguns petiscos durante uma pequena brincadeira das crianças, a qual conseguiu chamar a atenção da maioria dos convidados.

    — Entediada, prô Flora? — Collin surge fazendo-me quase engasgar com o refrigerante. O reprovo com o olhar segurando um sorriso traiçoeiro.

    — Claro que não, estou me divertindo.

    — Estou vendo. Bom, já que está se entretendo, não deve ter sentido minha falta, muito menos, querer voltar comigo para o lugar onde eu estava. — ele debocha fingindo retornar.

    É, senti sua falta, mas jamais admitirei! Admito nem pra mim direito. Está na cara que gosto de tornar as coisas mais difíceis.

    — Concordo até a primeira parte sabe... porém, sobre a segunda sinto-lhe informar que está errado. Quero te acompanhar sim, Por Star! — respondo ao passar por ele com uma expressão presunçosa. 

    — Sobre sentir minha falta também?

    — Não, essa é a primeira parte! — viro pra ele arqueando as sobrancelhas. — E aí, vai me levar no seja qualquer lugar em que estava?

    Observo um pequeno sorriso de canto ser impedido de aparecer. Me parabenizo mentalmente pelo joguinho, devo confessar que eles podem ser excitantes...

(...)

    Subimos uns degraus que davam acesso à uma sala de lazer, eu diria. Sofás, puffs, jogos e uma grande tevê refinavam o local... tornando tudo bem aconchegante.
    Assim que sento, um cachorrinho lindo começa a pular em mim, presumo ser o Toy. Faço carinho, mas ele é acelerado demais fazendo-me dar uns gritinhos de surpresa. Collin pede pra parar e o coloca no chão novamente.

    — Por que Toy? — pergunto curiosa.

    — Ah, nem pergunte. Coisa de Alyssa. Olha qual ela deu para o coelho! — ele responde se referindo ao nome escolhido: Hope. Rio de seu comentário.

    — Como vocês lidam com a asma dela em relação a eles? 

    — Tínhamos que adaptar tudo por ela de qualquer maneira, principalmente no começo que era bem mais intenso. Então fomos atrás das melhores possibilidades pra garantir um bom crescimento, acho! Como se já não fosse complicado, a maluquinha criou uma paixão enorme por animais... e aqui estamos nós!

    Passamos horas conversando e rindo ali, a gente até tentou jogar videogame... Sou um desastre nos de corrida e também nos de tiros, morria em três segundos. As crianças apareceram em determinado momento nos atrapalhando um pouco, não que eu tenha me incomodado, mas o Collin provavelmente se incomodou. Eu só dou risada porque na verdade estou achando tudo divertido.
    Anunciam a hora do bolo no andar debaixo e nos preparamos para descer, mas antes mesmo de dar o primeiro passo, ele me detém.

    — Vamos tocar hoje à noite, quer ir comigo?

    — Eu adoraria, mas infelizmente estou sem carro esse final de semana.

    — Eu que te convidei, eu que te levo! — Sorri de lado. — a gente pode inverter os papéis às vezes.

    — Ah que ótimo, achei que nunca sugeria isso! — brinco dando tapinhas em seu ombro.

    — Ha ha. — ele rola os olhos ironicamente, mas logo retorna à expressão engraçada. E então descemos quando começam os parabéns.

Broken heartsWhere stories live. Discover now