+16 | Flora Mendes foi um tipo de garota que enfrentou as frustrações da vida justamente quando tinha começado a viver. Os sonhos, as lembranças, as ideologias... tudo pelo o que tinha passado foi manchado pela falsa versão criada do amor. Ela era s...
"Cause I've been moving on for miles and miles Running off instead of facing you" —As Long As You Care, Ruel
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Estou prestes a surtar, sei disso. Minhas mãos estão fechadas e firmes. Sinto a raiva passar por cada parte do meu corpo. Essa sensação está me preenchendo aos poucos e eu consigo prever que não vou aguentar por muito tempo.
Minha querida mãe vem de encontro a mim carregando um sorriso cínico no rosto. Totalmente alheia à minha fúria.
Não posso deixar isso acontecer, de jeito nenhum. Mais um passo dela pode destruir mais uma vez a minha família. Minha única família aqui comigo. E eu não vou permitir! Adianto os meus passos e a empeço de continuar, deixando claro meu desagrado.
— Pode parar por aqui, por favor? — estico minha mão trêmula entre nós — Isso não está mais acontecendo. Vocês não vão entrar.
Pego um vislumbre de choque atravessar seus olhos. Como ela ainda é capaz?
— Filha...
— Não fale uma palavra. Eu preciso que você vá embora agora! — espio a casa atrás de mim pedindo aos Céus que proteja meu pai disso.
— Flora, está tudo bem...
— Não, não está — eu não estou nem aí se não deixo ela falar. Eu preciso que ela saia — Nada está bem, então por favor faça o que eu estou te pedindo.
Ela olha bem para mim como se não conseguisse entender o quão séria estou sendo. Depois analisa seu namorado por alguns segundos e como um passe de mágica ele retorna ao carro.
Awn, tão compreensível. Tão fofos!
— Você quer conversar? — ela pergunta cautelosamente.
O que ela quer dizer? Conversar sobre todo o desgaste emocional que ela nos causou enquanto um dos motivos está bem tranquilo nos observando?
— Não, obrigada! — entrelaço meus braços como forma de proteção. De relance vejo Collin ainda presenciando cada detalhe da relação caótica que tenho com a minha mãe. Posso assumir que ele está sem graça demais para estar aqui, mas não quer sair para não me deixar sozinha.
— Vamos lá, Flora. Você não pode fugir disso por muito tempo.
Eu rio em ironia, mas não falo nada. Não sei se poderia. Não sei se posso colocar pra fora tudo que passa pela minha mente. Isso com certeza seria uma catástrofe.
— Eu estou aqui. Esse é nosso momento — ela espera alguns segundos — Vamos conversar como mãe e filha. Você pode fala-
— Você quer que eu fale? Então tudo bem, eu vou falar — juro por Deus que consigo sentir meu sangue correr pelas minhas veias — Não me venha com esse papo de eu não poder mais fugir, porque a especialista nisso aqui é você. Na verdade, foi você quem me ensinou muito bem. Não me venha com esse jeito e sorriso cínico no rosto agindo como se tudo estivesse mil maravilhas, porque não está. Não me venha segurando a mão do seu querido amante para o jantar que eu e o meu pai preparamos pra você, porque se isso for totalmente normal no seu mundo, você é mais louca do que eu pensava!
