"So when I'm ready to be bolder
And my cuts have healed with time
Comfort will rest on my shoulder"
—Home, Gabrielle Aplin
— Então... pelo o que você passou? — Collin quebra o silêncio depois de alguns minutos esperando enfim o sol se pôr. Algumas pessoas, inclusive famílias, se juntaram a nós para admirar a vista, deixando o ambiente bem harmônico.
— Eu fui traída! — olho pra ele que mantém uma feição séria. — Da pior maneira possível, acho. Não só uma ou duas... diversas vezes.
— Agora te entendo... — sorri meio compreensivo. Por isso que não gosto de falar sobre essas coisas, não que seja culpa da pessoa, sei que é inevitável sentir pena. Mas é uma coisa que ninguém precisa, se a gente fosse mais realista em relação ao amor não sentiríamos a necessidade de sentir muito pelo outro. Eu to bem com tudo, afinal é normal... é o que eu quero dizer.
— Mas está tudo bem, também não parei minha vida por causa disso!
"Será?", uma voz irritante perturba minha mente.
— Claro que precisei de um tempo... até entender tudo que já te falei hoje!
— Foi o tal do Nick?
Paraliso com sua pergunta, na verdade tá mais pra uma afirmação. Era o último nome que eu queria ouvir, mas fazer o que...
— Sim! — evito olhá-lo enquanto penso mil maneiras de encurtar esse assunto. — Ele foi meu namorado do ensino médio, praticamente crescemos juntos... nossas famílias eram amigas e a nossa relação originou um puta amadurecimento pra ambos. Até que uma hora a verdade veio à tona e acabei caindo na realidade quando me formei; descobri que ele me traía há muito tempo com uma das minhas melhores amigas. Não só eu mas toda a escola descobriu no mesmo momento!
— Bem... não nega a cara de babaca! — reprova com a cabeça bebendo a água que compramos.
— Pois é, ele sempre foi. Eu só era ingênua demais pra perceber! Foi basicamente um tapa na minha cara, eu tive que crescer obrigatoriamente, entende? — digo com o pensamento longe. — Tive que lidar sozinha, sem mesmo compartilhar com minha família. Afinal, eu tive que aguentar outra traição em casa mil vezes pior! Então foi isso, enfrentei a minha silenciosamente enquanto também lidava com a do único amor que um dia fez sentido pra mim... o dos meus pais.
— Sabe... — ele me fita intensamente segurando um sorriso meio que admirador, presumo. — Pensava que não fosse possível você me cativar mais; mas a cada dia que passa prova o quanto estava errado! — ele desce a mão analisando meu cabelo da bandana até a ponta. — linda e intensa pra caralho... sinceramente, não sei o que você tem mas conseguiu me prender.
Sorrio tímida através do seu toque enquanto termino meu sorvete. Seu dedo acaricia de leve minha bochecha a milímetros da minha boca. Eu estou olhando pra sua tentando não corar como sempre faço... Mas uma ideia divertida me vem à mente e não me controlo. Passo o restinho da massa derretida em sua bochecha antes mesmo de algo acontecer.
— Ah não! — ri e se afasta todo encolhido. — Está me sujando? Vem aqui. — ele me envolve com seus braços e me deita na madeira; tento me esquivar mas obviamente não obtenho sucesso. Reparando a minha desistência, ele enfim consegue melar meu rosto com o sorvete.
— AAAH chega!! — mal consigo falar por conta das gargalhadas. Ele fica ameaçando de passar no meu pescoço, logo o lugar que mais sinto cócegas. — Não, por favor! — me retraio ainda rindo.
— Parei! — levanta as mãos em sinal de redenção mantendo um dos sorrisos mais lindos que já vi. — Será que posso terminar meu trabalho e limpa-la direito, senhorita?
Eu faço que sim com a cabeça, tentando esconder a ansiedade de beija-lo. Ele se aproxima lentamente me encarando e sinto seu hálito quase de encontro ao meu. Impaciente, levanto um pouco unindo desesperadamente nossos lábios... e ficamos assim durante alguns minutos; nossas línguas em uma sincronia perfeita, suas mãos me apertando cada vez mais forte, seus cabelos sendo puxados por mim e nossos peitos oscilando ao mesmo tempo.
Acho que a única coisa que nos impede é o local... nenhum dos dois parece conseguir disfarçar o imenso desejo de deixar rolar, pelo fato de quase estarmos um em cima do outro deitados num píer.Ouço cochichos seguidos de risadas próximo à gente, só aí reparo que não estamos mais sozinhos. Desperto do transe imediatamente afastando Collin, que só parece notar as presenças indesejáveis quando me olha confuso, nossa respiração está ofegante e a boca de ambos inchadas pela pressão. Coro instantaneamente com a atenção dos adolescentes desagradáveis, ai meu Deus... que vergonha! Cubro meu rosto com as mãos querendo desaparecer.
— Relaxa, eles só devem estar com inveja! — Collin diz rindo ao tirá-las da minha cara. — São um bando de jovens pervertidos, no mínimo vão voltar pra casa e praticarem a experiência.
— Cala a boca! — dou risada e observo o pequeno grupo conversarem fingindo estarem concentrados no mar. — Vamos sair daqui, vai! — Collin me ajuda a levantar e acena para os nossos admiradores quando saímos.
Ofereço uma carona para o folgadinho e acabo tirando sarro praticamente todo o caminho... eu nem me importo pra falar a verdade, sei que ele faz isso pensando no bem da família; atitude a qual eu acho completamente linda. Nem ele parece se incomodar, também sabe que estou brincando por sempre entrar na onda. É muito fácil estar com Collin, ele tem um carisma e uma simplicidade sensacional. Faz qualquer um se sentir muito bem!
— Entregue vivo e limpo! — anuncio quando estaciono em frente sua casa. No entanto, ele sorri mordendo o lábio maliciosamente enquanto tira o cinto. Desvio a atenção me reprovando pelo comentário mentalmente.
— É, não sei se seria apropriado estar sujo neste momento. — responde concentrado em algo atrás de mim. Viro e vejo sua mãe caminhando até nós surpresa. Que ótimo...
— Flora, que prazer vê-la aqui! Vem, entre para tomar um café conosco... Aly vai adorar.
— Hã... eu gostaria muito, mas...
— Mãe, é segunda-feira e ela é professora... já sabe né? Se não damos conta de uma pirralha, imagina de vinte! — Collin me ajuda, graças a Deus, enquanto contorna o carro.
— Tá certo, desculpe-me! Mas espero que esteja tudo certo pra vir no aniversário da Alyssa sábado... minha princesa está com uma animação gigantesca pela possibilidade. — ela responde esperançosa.
— Sim, claro Sra. Jep- Rachel... — sorrio sem jeito. — Pode ficar tranquila, virei com certeza.
Ela se despede após agradecer e começa a se afastar lentamente. Collin abaixa em minha direção franzindo o cenho.
— Você vem? — confirmo de maneira meiga fazendo-o abrir um sorriso de ponta a ponta. — Ótimo, acho que terá outra criança animada então... — ele se inclina colando nossas bocas de um jeito mais delicioso possível.
Assim que rompemos, percebo sua mãe parada na porta o esperando entrar. Puta merda. Ela parece um pouco sem graça mas se ela está assim, não existem palavras pra descrever como eu estou...
Collin se dá conta do meu embaraço e ergue os ombros dando risada enquanto anda até ela.
Parabéns, Flora!
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Broken hearts
Romance+16 | Flora Mendes foi um tipo de garota que enfrentou as frustrações da vida justamente quando tinha começado a viver. Os sonhos, as lembranças, as ideologias... tudo pelo o que tinha passado foi manchado pela falsa versão criada do amor. Ela era s...