Capítulo 28

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"So when I'm ready to be bolder
And my cuts have healed with time
Comfort will rest on my shoulder"
—Home, Gabrielle Aplin
   

"So when I'm ready to be bolderAnd my cuts have healed with timeComfort will rest on my shoulder"—Home, Gabrielle Aplin    

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    — Então... pelo o que você passou? — Collin quebra o silêncio depois de alguns minutos esperando enfim o sol se pôr. Algumas pessoas, inclusive famílias, se juntaram a nós para admirar a vista, deixando o ambiente bem harmônico.

    — Eu fui traída! — olho pra ele que mantém uma feição séria. — Da pior maneira possível, acho. Não só uma ou duas... diversas vezes.

    — Agora te entendo... — sorri meio compreensivo. Por isso que não gosto de falar sobre essas coisas, não que seja culpa da pessoa, sei que é inevitável sentir pena. Mas é uma coisa que ninguém precisa, se a gente fosse mais realista em relação ao amor não sentiríamos a necessidade de sentir muito pelo outro. Eu to bem com tudo, afinal é normal... é o que eu quero dizer.

    — Mas está tudo bem, também não parei minha vida por causa disso!

    "Será?", uma voz irritante perturba minha mente.

    — Claro que precisei de um tempo... até entender tudo que já te falei hoje!

    — Foi o tal do Nick?

    Paraliso com sua pergunta, na verdade tá mais pra uma afirmação. Era o último nome que eu queria ouvir, mas fazer o que...

    — Sim! — evito olhá-lo enquanto penso mil maneiras de encurtar esse assunto. — Ele foi meu namorado do ensino médio, praticamente crescemos juntos... nossas famílias eram amigas e a nossa relação originou um puta amadurecimento pra ambos. Até que uma hora a verdade veio à tona e acabei caindo na realidade quando me formei; descobri que ele me traía há muito tempo com uma das minhas melhores amigas. Não só eu mas toda a escola descobriu no mesmo momento!

    — Bem... não nega a cara de babaca! — reprova com a cabeça bebendo a água que compramos.

    — Pois é, ele sempre foi. Eu só era ingênua demais pra perceber! Foi basicamente um tapa na minha cara, eu tive que crescer obrigatoriamente, entende? — digo com o pensamento longe. — Tive que lidar sozinha, sem mesmo compartilhar com minha família. Afinal, eu tive que aguentar outra traição em casa mil vezes pior! Então foi isso, enfrentei a minha silenciosamente enquanto também lidava com a do único amor que um dia fez sentido pra mim... o dos meus pais.

    — Sabe... — ele me fita intensamente segurando um sorriso meio que admirador, presumo. — Pensava que não fosse possível você me cativar mais; mas a cada dia que passa prova o quanto estava errado! — ele desce a mão analisando meu cabelo da bandana até a ponta. — linda e intensa pra caralho... sinceramente, não sei o que você tem mas conseguiu me prender.

    Sorrio tímida através do seu toque enquanto termino meu sorvete. Seu dedo acaricia de leve minha bochecha a milímetros da minha boca. Eu estou olhando pra sua tentando não corar como sempre faço... Mas uma ideia divertida me vem à mente e não me controlo. Passo o restinho da massa derretida em sua bochecha antes mesmo de algo acontecer.

    — Ah não! — ri e se afasta todo encolhido. — Está me sujando? Vem aqui. — ele me envolve com seus braços e me deita na madeira; tento me esquivar mas obviamente não obtenho sucesso. Reparando a minha desistência, ele enfim consegue melar meu rosto com o sorvete.

    — AAAH chega!! — mal consigo falar por conta das gargalhadas. Ele fica ameaçando de passar no meu pescoço, logo o lugar que mais sinto cócegas. — Não, por favor! — me retraio ainda rindo.

    — Parei! —  levanta as mãos em sinal de redenção mantendo um dos sorrisos mais lindos que já vi. — Será que posso terminar meu trabalho e limpa-la direito, senhorita?

    Eu faço que sim com a cabeça, tentando esconder a ansiedade de beija-lo. Ele se aproxima lentamente me encarando e sinto seu hálito quase de encontro ao meu. Impaciente, levanto um pouco unindo desesperadamente nossos lábios... e ficamos assim durante alguns minutos; nossas línguas em uma sincronia perfeita, suas mãos me apertando cada vez mais forte, seus cabelos sendo puxados por mim e nossos peitos oscilando ao mesmo tempo.
    Acho que a única coisa que nos impede é o local... nenhum dos dois parece conseguir disfarçar o imenso desejo de deixar rolar, pelo fato de quase estarmos um em cima do outro deitados num píer.

    Ouço cochichos seguidos de risadas próximo à gente, só aí reparo que não estamos mais sozinhos. Desperto do transe imediatamente afastando Collin, que só parece notar as presenças indesejáveis quando me olha confuso, nossa respiração está ofegante e a boca de ambos inchadas pela pressão. Coro instantaneamente com a atenção dos adolescentes desagradáveis, ai meu Deus... que vergonha! Cubro meu rosto com as mãos querendo desaparecer.

    — Relaxa, eles só devem estar com inveja! — Collin diz rindo ao tirá-las da minha cara. — São um bando de jovens pervertidos, no mínimo vão voltar pra casa e praticarem a experiência.

    — Cala a boca! — dou risada e observo o pequeno grupo conversarem fingindo estarem concentrados no mar. — Vamos sair daqui, vai! — Collin me ajuda a levantar e acena para os nossos admiradores quando saímos.

    Ofereço uma carona para o folgadinho e acabo tirando sarro praticamente todo o caminho... eu nem me importo pra falar a verdade, sei que ele faz isso pensando no bem da família; atitude a qual eu acho completamente linda. Nem ele parece se incomodar, também sabe que estou brincando por sempre entrar na onda. É muito fácil estar com Collin, ele tem um carisma e uma simplicidade sensacional. Faz qualquer um se sentir muito bem!

    — Entregue vivo e limpo! — anuncio quando estaciono em frente sua casa. No entanto, ele sorri mordendo o lábio maliciosamente enquanto tira o cinto. Desvio a atenção me reprovando pelo comentário mentalmente.

    — É, não sei se seria apropriado estar sujo neste momento. — responde concentrado em algo atrás de mim. Viro e vejo sua mãe caminhando até nós surpresa. Que ótimo...

    — Flora, que prazer vê-la aqui! Vem, entre para tomar um café conosco... Aly vai adorar.

    — Hã... eu gostaria muito, mas...

    — Mãe, é segunda-feira e ela é professora... já sabe né? Se não damos conta de uma pirralha, imagina de vinte! — Collin me ajuda, graças a Deus, enquanto contorna o carro.

    — Tá certo, desculpe-me! Mas espero que esteja tudo certo pra vir no aniversário da Alyssa sábado... minha princesa está com uma animação gigantesca pela possibilidade. — ela responde esperançosa.

    — Sim, claro Sra. Jep- Rachel... — sorrio sem jeito. — Pode ficar tranquila, virei com certeza.

    Ela se despede após agradecer e começa a se afastar lentamente. Collin abaixa em minha direção franzindo o cenho.

    — Você vem? — confirmo de maneira meiga fazendo-o abrir um sorriso de ponta a ponta. — Ótimo, acho que terá outra criança animada então... — ele se inclina colando nossas bocas de um jeito mais delicioso possível.

    Assim que rompemos, percebo sua mãe    parada na porta o esperando entrar. Puta merda. Ela parece um pouco sem graça mas se ela está assim, não existem palavras pra descrever como eu estou...
    Collin se dá conta do meu embaraço e ergue os ombros dando risada enquanto anda até ela.
 
    Parabéns, Flora!

   

Broken heartsOnde histórias criam vida. Descubra agora