Brady

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O caminho até a casa do meu pai foi silencioso. Oliver e eu não trocamos nenhuma palavra desde que Madson avisou que ela estava indo para casa do Blake. Aparentemente alguma coisa ruim tinha acontecido, já que ela queria me ver hoje, no dia que chegou.

A porta branca da casa em que passei os anos que eu lembrava não era mais familiar. Não me sentia mais confortável em só abrir a porta como fazia antes, mas Oliver não pareceu ter o mesmo receio quando abriu sem tocar a campainha.

Me encostei ainda mais nele enquanto caminhávamos em direção a sala de estar. Se alguém me dissesse a quatro meses atrás que eu estaria aqui, com Oliver Wado, nesse grau de confiança e intimidade eu com certeza riria da cara da pessoa.

Mas o mundo dá voltas.

E muitas.

- Se você não quiser ficar a gente pode ir embora. - Oliver avisou parando de andar e virando para mim.

A expressão de dele era neutra, mas eu sabia que assim que alguém com um sobrenome Smell chegasse o rosto lindo dele ficaria com uma carranca enorme. Oliver ia de zero á cem em um segundo e eu sabia disso, Seus dedos entrelaçados nos meus  me puxaram para mais perto, era tão natural fazer aquilo que eu não deveria ter ficado sem jeito.

- Tudo bem. Não é como se fosse o fim do mundo não é? É só a minha mãe. - Dei ombros tentando parecer confiante.

Ele assentiu lentamente antes de estudar meu rosto. A vergonha crescia a cada segundo que ele passava sem falar. Era estranho que ele não estivesse fazendo alguma piadinha ou zoando o meu nervosismo.

- Você sabe que eu nunca deixaria que eles fizessem mal para você de novo não é? - Ele perguntou ainda sério, me fazendo olhar para ele novamente.

O ar dos meus pulmões pareceu desaparecer por um momento. A expressão de Oliver não vacilava nem mesmo por um segundo. A mão dele estava forte sobre a minha, como se quisesse que eu sentisse o apoio que ele estava me dando. Uma interrogação enorme surgiu na minha cabeça, ele estava mesmo falando sério? Oliver estava mesmo admitindo que estaria do meu lado? E por quê ele estaria? A única coisa que nos unia era um contrato, por mais que eu estivesse começando a gostar da companhia dele como amigo, ao contrário de mim ele só parecia me aturar.

- Por quê se importa?

- Não sei. - Ele deu ombros, desviando os olhos dos meus. - Você é irritante, isso é fato. Mas apesar de tudo somos amigos.

A indiferença forçada na sua voz me fez rir por um momento antes de eu me dar conta do que ele tinha acabado de falar.

- Somos amigos? Tipo, de verdade? Aqueles que ligam um para o outro e contam segredos? - Perguntei entusiasmada.

- Foi o que eu acabei de dizer. - Oliver falou com tédio.

A carranca no seu rosto não foi capaz de deter minha alegria. Ele tinha falado que nós éramos amigos depois que eu precisei literalmente forçar isso, não consegui me conter quando pulei em cima dele abraçando-o como se eu estivesse vendo ele depois de um ano. Oliver pareceu surpreso por alguns segundos antes de finalmente me abraçar de volta e de repente, eu não conseguia mais me lembrar que estava aqui por causa da minha mãe. Era como se tudo tivesse sumido, eu só conseguia pensar nele, naquele abraço e em como era estranho estar feliz por ter algum laço com um homem que eu deveria odiar. Ser amiga de um homem como Oliver com certeza era uma coisa que não podia ser prevista, mas era uma coisa boa.

Pelo menos eu esperava que fosse.

- Que momento encantador.

A voz fria da minha mãe soou me fazendo congelar nos braços de Oliver. Me soltei dele, virando para olhar para a minha mãe que estava parada sozinha, enquanto nos observava com uma expressão de repreensão. Os dedos de Oliver entrelaçaram-se nos meus antes de o mesmo assumir uma postura completamente defensiva.

Contrato EscarlateOnde as histórias ganham vida. Descobre agora