Verdades

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OLIVER.

Zoe andava de um lado para o outro de forma impaciente. A testa franzida e os punhos fechados me fizeram ter vontade de fazer alguma piada sobre um pequeno bichinho bravo.

A sua testa estava franzida e a tensão nos ombros era perceptível   mesmo de olhos fechados. Ela desviava seus olhos para o celular, fingindo estar esperando a resposta de Brady toda vez que tentava me espiar enquanto eu estiva distraído. Seus olhos grandes me encarando me trazia um aperto desconhecido no peito, Zoe estava completamente diferente do que eu imaginei que estaria quando descobrisse tudo.

Ela não gritou ou esperneou, não encheu a cara ou ficou emburrada. As lágrimas que caíram dos seus olhos não foram suficientes, ela não estava lidando nem um pouco bem com isso, não estava nem ao menos lidando com o problema.

- Você está me encarando. - Zoe tentou ser engraçada me fazendo olhar ainda mais sério para ela.

- Estou esperando você agir como adulta e parar de se esconder dos seus próprios sentimentos. - Falei friamente me encostando na ilha da cozinha, cruzando os braços.

A sua boca se abriu por um segundo de silêncio. Ela não sabia o que falar. Zoe não era burra, ela tinha pleno conhecimento de que eu a conhecia bem melhor do que ela imaginava.

- Não estou me escondendo. - Tentou se defender de forma inútil. - Ao contrário de você, quero achar sua irmã. 

Seus olhos se desviaram novamemte para o Iphone em suas mãos com suas unhas pintadas de azul Royal. Ela fingiu conversar novamente com Brady e eu revirei os olhos, aquilo era patético.

- Quem você pensa que é? Sherlock Holmes? - Debochei de forma maldosa. - Nós temos pessoas muito bem pagas trabalhando nisso.

- De qualquer forma, quero ajudar. - Ela deu ombros e caminhou até a geladeira, pegando uma garrafa de água de vidro.

Contei de um até cem para me acalmar. Sei que estava sendo difícil para ela. Blake e Daisy eram pura confusão e conseguiram arrastar a única filha para um problema que era apenas deles dois.

Zoe não se lembra, mas quando nós éramos mais novos ela sempre me ligava chorando no meio da noite por sua mãe ter falado algo rude ou estar com suas amigas socialites em tempo integral e esquecer completamente que tinha filha.

Ela era uma confusão, e confusões como essas eu tinha o prazer de resolver.

- Não gosto que você vire as costas para mim enquanto estamos conversando. - Avisei enquanto a olhava mexer em coisas aleatórias, fugindo do meu olhar.

- Estou procurando alguma coisa para comer. - Ela mentiu e enfiou uma cereja na boca, tentando encerrar a conversa.

Caminhei em passos curtos até ela, segurando-a contra o balcão e virando-a para me olhar. Seus olhos se perderam um pouco e senti meu coração se apertar, ela estava péssima. Ainda era a mulher mais linda que eu conheci em toda a minha vida, mas o furacão Zoe Wado parecia ter acabado. Ela abaixou a cabeça, fugindo do meu olhar e eu suspirei, frustrado.

- Conversa comigo, amor. - Murmurei baixo levantando seu queixo com os dedos.

- Não sei o que falar. - Ela sussurrou, fechando os olhos. - Não sei o que fazer, nem como agir. A única coisa que sei é que eu cresci a minha vida toda imaginando que finais felizes existem, que até as pessoas mais frias amam alguma coisa. Mas e se não for verdade? Minha mãe não foi capaz de amar nada, nem a mim, nem ao meu pai e acho que nem o tal amante. Ela nunca amou nada, é a pessoa mais egoísta que eu conheço.

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