18º Capítulo

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— O que houve com você, querida?

Sophia pegou as mãos de Aline, estava angustiada.

— Devo responder?

— Ele voltou com tudo? — Bebeu seu cappuccino.

— Uma mistura de misterioso com bravo, eu não consigo entender o meu próprio marido.

— Ele não sabe o que quer. O temperamento dele não é igual a de um homem amoroso, quando você conheceu ele, era assim?

— Não. Ele era apenas um menino normal, com sorrisos, o tempo todo. — Sorriu, se lembrando.

— Fico triste em saber isso.

— Eu também estou, não quero mais perder o meu tempo e brigar com Micael. — Sorriu para Sophia. — E você? Está bem?

— Estou. — Sorriram. — Precisamos fazer uma viagem, o que você acha?

— Uma viagem? Nós duas?

— Sim. Você pode escolher o roteiro. — Mordeu seu biscoito amanteigado.

— Seria uma maravilha, mas... E Micael? Como vou mentir?

— Diga que vai visitar a sua mãe, pelo que me lembro, ela mora em Washington, não é? — Franziu o cenho.

— Sim, não me lembro de ter te contado.

— É que você estava em êxtase. — Beijou a mão de Aline. — Posso fazer as malas?

— Eu vou pensar em um roteiro.

— Ótimo. Pode me mandar mensagens á qualquer momento do dia. Eu estarei esperando.

— Vou despistar Micael e ligar para a companhia de viagens.

— Certo. — Sophia terminou seu cappuccino. — Vejo você daqui a alguns dias?

— Sim. — Despediu-se da loira com um abraço.

Bingo! Aline estava caída por Sophia, um ótimo passo. Saiu do café, buscou um táxi e voltou para casa, Carlie iria surtar com a notícia de que Sophia iria viajar, com a mulher de seu ex cliente, que loucura!

Já Aline, pagou sua conta, saiu do café e entrou em sua BMW. Dirigiu até a companhia de viagens mais próxima, conversou com a guia de turismo e comprou duas passagens, com destino a Paris. Ela pensou que estaria tudo bem, quando colocou o óculos Ray Ban nos olhos novamente, mexeu em seus cabelos e voltou ao seu apartamento. Podia até estar tudo bem, se não fosse a guia de turismos ligando para Micael, em seu trabalho, e contando para o mesmo que Aline comprou duas passagens, em seu cartão.

Mas por que diabos ela havia contado? E se fosse uma surpresa? Simples! O cartão de Aline estava para ser renovado, por isso as passagens tiveram que ganhar um cartão especial, e negócios de dinheiro na casa dos Borges era para ser resolvido com o próprio.

Na empresa, o homem escutou batidas em sua porta, a secretaria apareceu, com alguns papéis nas mãos.

— Senhor Borges, telefone para o senhor. Posso transferir?

— Claro, transfira. — Esperou o bipe do aparelho e sua secretária sair.

Acomodou-se na cadeira de couro. O bipe do aparelho rondou seus ouvidos.

— Senhor Borges? Sou Mônica, da companhia de viagens. O senhor está bem?

Micael revirou os olhos, se fosse alguma promoção, iria matar quem tivesse ligado.

— Sim, Mônica. Algo de errado? — Cruzou os dedos.

— Estou entrando em contato para dizer que Aline passou por aqui, comprou duas passagens com destino para Paris, em seu antigo cartão. Porém, não estou conseguindo normalizar o pagamento, parece que o cartão irá vencer. Posso mandar em sua conta bancária?

Micael ficou em silêncio, por que Aline compraria passagens para Paris? Estava desconfiado. Primeiro sua espuma de barbear, sua cueca roubada, sua gravata roubada, e por último, uma viagem para Paris.

Aline tinha um amante. Fim da charada.

— Pode sim, eu confirmarei a conta aqui mesmo. Pode me mandar por e-mail. — Mexeu no mouse de seu IMac.

— Obrigada, senhor Borges. Um ótimo dia!

Não era um ótimo dia. Micael esperou que a conta chegasse, leu as características da viagem, onde embarcariam e etc. Aline não conseguia ser esperta nesse quesito, daria tudo errado. Só pensava em quem era o seu acompanhante e onde tinha o arrumado. Será que tinha mais dinheiro? Poder? Já trabalhou com Micael? Essas perguntas rodeavam a mente do homem, que irritado, socou a tela plana do IMac, destruindo o aparelho, que foi jogado ao chão.

— Inferno. — Saiu de sua cadeira. Passou pela porta de madeira maciça. Sua secretária rabiscava papéis e marcava reuniões, como sempre, falante. — Amber, estou saindo e mande alguém comprar um novo IMac, eu destruí o meu.

— Sim senhor. — Assentiu ao chefe que pisou duro quando passou pelo elevador.

Andou até sua Land Rover e dirigiu feito um louco para casa, ultrapassando carros, estava morto de raiva e queria explicações de Aline, o mais rápido. Estacionou o veículo na rua, entrou em seu condomínio e esperou, até chegar em casa.

— Aline. — Procurou a esposa com o olhar. — Aline, eu sei que está aí.

A mesma demorou para responder.

— Micael? O que faz aqui? Deu folga para seus funcionários?

— Não interessa. — Andou até ela. — Posso saber para onde você vai?

— Como? — Franziu o cenho.

— A mulher da companhia de viagens me ligou, disse que você comprou duas passagens, com destino a Paris. — Segurou nos braços de Aline. — Eu quero saber quem vai com você, e quero que me diga nesse exato momento.

— Você quer saber? Ótimo, eu lhe dou a resposta. — Cerrou os dentes. — Irei com esse homem, que está machucando meu braço enquanto me segura.

— Mentira!

— Não é mentira. Eu iria te contar, hoje á noite, quando você chegasse. Mas aquela vaca estragou tudo. — Referiu-se a mulher da companhia de viagens.

— Uma viagem comigo?

— Não posso?

— Você sabe que eu preciso trabalhar.

— Você é dono daquela merda, pode muito bem tirar uns dias de férias. É apenas uma viagem, não vai lhe matar. — Estava calma dizendo aquilo, mas seu coração parecia passar pela boca. Por pouco!

— Pode desmarcar, nós não vamos.

— Ótimo. — Embraveceu. — Se você não quer viajar comigo, eu irei sozinha.

— Para Paris? Nem morta.

— Não, eu irei visitar a minha mãe em Washington. — Aline estava usando as cartas que Sophia lhe ensinou, estava se saindo bem.

Conseguiu dar a primeira volta em Micael. Ótimo!

— Está me desafiando, Aline?

— Claro que não. Eu sinto saudades da minha mãe e você não pode me obrigar a ficar aqui dentro. Eu quero vê-la, e faz anos que não faço isso.

— Convide ela para vir aqui, você fica sozinha o tempo todo.

— Por que você me prende tanto? Você tem medo de que? — Encarou os olhos castanhos do marido.

— De perder você para alguém que não saiba te amar, como eu amo você.

— E você lá ama alguém? Me poupe, Micael.

— Você quer criar um conflito, saiba que conseguiu.

— Eu crio os conflitos que quiser. Não pode mandar em mim, eu cansei de ser a sua cachorrinha, fazer o que quer. — Disse dura. — Irei arrumar minhas malas para visitar a minha mãe, problema é seu se você quer que eu fique aqui, sozinha, para ser humilhada desse jeito.

Perfume de Mulher - MiniFic Where stories live. Discover now