35º Capítulo

682 44 72
                                    

— DIABO. — Micael afastou-se, apoiou as mãos na mesa de madeira, por ter perdido o equilíbrio. — Isso não é real, é um sonho. Eu não deveria estar sonhando com você, minha vida vai muito bem.

— Você achou mesmo que iria me matar? — Riu, sarcástica. Aproximou-se dele novamente. — Eu gritei, dentro daquele caixão, rezei para que minha alma não fosse levada. Tive falta de ar durante cinco horas seguidas. — Cerrou os dentes, lembrando do acontecido. — Urinei em minhas pernas, senti frio, calor, um choque térmico que também poderia ter me matado. — Tinha sangue nos olhos, enquanto Micael a encarava. — Minha última salvação foi lembrar do meu passado, enquanto estivesse na porra da sua casa, comendo a sua mulher e participando desse contrato idiota. — Pausou. — Eu não tinha mais esperanças, chorei, pedi a Deus que me levasse. — O homem engoliu seco. — Eu cai em sono profundo, e acordei, deitada em uma maca de hospital, com hematomas, fiquei internada por dois meses, estava me recuperando. E finalmente voltei. Para fazer a sua vida um inferno!

— Muita coisa mudou nesses últimos meses.

— Você continua a mesma praga repugnante?

— Eu mudei. — Piscou rápido. — Pode parecer piada mas eu mudei.

— Mudou? Mesmo? — Riu, sarcástica. Cruzou os braços. — Você quase me matou, quase matou Aline. Você é um doente que precisa de tratamento.

— O que você quer para sumir da minha vida?

— Matar você. — Foi rápida ao dizer. — E eu não estou brincando quando digo isso.

— Quer me matar?

— Vou adorar.

— Você precisa de tratamento! — Desviou de Sophia, andou até a grande janela. — Eu já disse que mudei, e a prova disso é Aline. Ela está bem, o feto está bem, estamos vivendo como um casal normal.

— Isso não importa para mim. Fiquei feliz pelas notícias de Aline, mas você... Eu quero que você se foda.

— Tudo bem. — Passou as mãos no rosto. — O que pretende fazer para me... Matar? — Foi sarcástico. Tinha entrado em seu jogo.

— Vamos voltar para casa, irei conversar com Aline.

— Aline acha que você a abandonou.

— Mais uma mentira de sua lista. Típico seu. — Umedeceu os lábios. — Você nunca vai aprender a ser uma pessoa normal.

— Inferno de mulher!

— Vamos, eu quero ir embora. — Retirou a bolsa em que usava, dando para Micael. — E leve isso com você, estou cansada demais para levar.

— Nem fodendo.

— Não vai levar? — Chegou mais perto, quase voou em cima de Micael. Ele bufou, tendo a bolsa Chanel nas mãos e levando para Sophia, primeiro abriu a porta, esperando que ela passasse. Foram até a faixada da empresa, a mulher avistou sua Land Rover estacionada, parou na frente da porta do passageiro, mexendo em seus cabelos. Micael destrancou o veículo.

— O que há agora? — Estava sem paciência.

— É para você abrir a porta do carro para mim, e me colocar lá dentro.

— Você por acaso é aleijada?

— Não irá colocar? — Franziu o cenho. Micael deu a volta, teve Sophia nos braços a colocando para dentro do carro, junto com sua bolsa Chanel.

Ótimo! Ele estava muito puto. Realmente pensou que ela estaria morta. Dirigiu até seu apartamento, rezando para que Aline estivesse fazendo alguma coisa para o bebê.

— Aline? — Chamou a esposa que não respondeu. — Aline, está aí? — Silêncio novamente. Micael observou Sophia.

— Vejo que ela não está.

— Observadora você.

— Eu quero um vinho, tinto.

— Na adega, á esquerda. — Ia saindo.

— Você pegará para mim, eu não irei fazer nada.

— Certo. — Estava entendendo seu jogo, e iria cair. Se não caísse, ficaria mal. Foi até a adega pegando um vinho para Sophia, despejou na taça e entregou para a mesma, que agora, estava sentada no sofá, tinha as pernas cruzadas por conta do vestido importado, curto. — Aqui está!

— Me sirva, eu estou com sede.

— E eu estou fazendo o que?

— Coloque na minha boca, rápido. — Foi persistente ao pedir. Micael levou a taça até sua boca, ela sentiu o gosto do vinho, deu dois gole e no último, cuspiu na face de Micael, que apertou os olhos, sentindo o líquido escorrer. — Pensei que seria tinto.

— É um dos melhores da adega.

— Será? Eu ainda não havia provado esse. Deve ser porque não é um dos melhores da adega.

— Eu quero estrangular você.

— Estrangule, e eu irei fazer pior. — Trincou os dentes, com raiva. — Agora busque outro vinho para mim, rápido. Estou com sede. — Micael deu meia volta, buscou na adega um de seus melhores vinhos, despejou em outra taça para Sophia, levou para a mesma que degustou, do mesmo jeito, enquanto o homem a servia, em sua boca.

— Mais alguma coisa? — Foi debochado ao segurar a taça, agora vazia.

— Estou satisfeita. Mas precisarei de seus trabalhos mais tarde, quando Aline estiver dormindo. — Umedeceu os lábios. — Está dispensado!

— Vaca.

— Vou sondar como um elogio e fingir que não escutei esse tipo de palavra. — Sorriu, falsa. Escutou o barulho da porta ser aberta, revelando Aline, tinha sacolas nas mãos, nada pesadas.

— Sophia? — Franziu o cenho, desceu os poucos degraus que havia no apartamento. — O que faz aqui?

— Eu vim te ver. — Levantou-se, arrumou o vestido importado que estava usando. Andou até Aline deixando um abraço apertado na amiga, estava com saudade. — Você está... Ótima. A sua barriga, está incrível!

— Obrigada. — Sorriu, doce. Estava magoada por Sophia ter ido embora, mas entendia o por quê. — Por onde andou? Não me mandou notícias, nem fotos, onde estava?

— Holanda. Eu conheci um cantor, estávamos nos conhecendo mas não deu certo. — Mentiu.

— Um cantor famoso?

— Do continente. Canta em bares estrangeiros. — Assentiu. — Isso não importa, o que importa agora é que eu voltei, e ajudarei você no que for preciso.

— Obrigada mas dispenso sua ajuda.

— Como?

— Eu me virei sozinha quando você decidiu ir embora, e estou seguindo em frente. — Respirou fundo. — Sou grata por você ter me ajudado, mas fico magoada por ter me deixado também, no momento que mais precisei.

— Aline...

— Você rasgou o que tínhamos em comum, e está de volta, como se nada tivesse acontecido.

— O que queria que eu fizesse? Você não sabe da metade do que aconteceu comigo!

— Você acabou de contar. — Encolheu os ombros. — Temos quarto de hóspedes, pode ficar em um. Ou lá em cima, no outro quarto. Estamos á disposição até achar um lugar para você. — Subiu as escadas com suas sacolas, Sophia segurou o choro. Não era para acontecer, estava tudo caminhando do modo errado.

Perfume de Mulher - MiniFic Where stories live. Discover now