43º Capítulo

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— Com quantos anos começou a tocar piano? — Sophia apoiou a cabeça em um dos braços, estava deitada de lado, com os pés na direção da cabeça de Micael, ambos nus.

— Eu tinha treze anos quando comecei a fazer aulas. — Sua voz era embargada, sexy, ainda tinha êxtase pelo corpo. Tocou os pés de Sophia rodeando seu dedão. — Minha tia havia comprado um piano, um pouco menos, praticava em sua casa, antes de ter meu próprio piano.

— Gosto do som de piano, consigo lembrar da minha infância. — Sophia sorriu, lembrando-se.

— Onde estão seus pais?

— Meu pai casou-se com uma mulher, sumiu da cidade. Carlie me disse uma vez que, ele estava à trabalho por Houston, mas nunca mais ouvi falar dele, desde que me tornei prostituta. — Silabou.

— Sua melhor amiga se chama Carlie? — Franziu o cenho.

— É, quer dizer. Eu nem sei mais, o contrato que assinei não foi algo bom para Carlie.

— E tinha que ser?

— Tinha. Ela não aceitou muito bem! — Estava triste pela amiga. Sophia remexeu-se. — Vamos tomar um banho? Você precisa fazer essa barba, está horrível! — Micael riu leve, observou Sophia sair da cama com seu corpo escultural, tudo era lindo. Pernas, coxas, barriga, seios, bumbum, face... Parecia não ter defeitos ao seus olhos. A loira entrou na suíte abrindo as torneiras da banheira branca, arrumou as toalhas e abriu as portas do gabinete, procurando pela Gillette Mach3 de Micael, retirou o objeto trocando suas lâminas e esperando que o mesmo entrasse para seu banho.

— Me sinto doente. — Abraçou Sophia por trás que sorriu.

— Por isso estou cuidando de você. — Viu o homem entrar na água quente, ela entrou em seguida, sentando atrás de seu corpo, tendo ele para si. Apoiou as mãos no peitoral definido de Micael, que tinha abaixado um pouco, na altura da água, dando mais facilidade para Sophia mexer em seus cabelos. — Realmente, essa sua barba está horrível!

— Então faça, querida. — Fechou os olhos esperando por Sophia.

— Irei fazer. — Tinha o spray de barbear nas mãos, passou na face de Micael fazendo ele ter risos nos lábios. — Você não pode estar apresentável assim.

— Como assim? — Franziu o cenho, sentiu a lâmina da Gillette em seu rosto.

— Sabe que terá que voltar para a empresa, não sabe?

— Não sei se vou querer voltar.

— Claro que vai! Phill e os outros precisam de você.

— Você já está fazendo isso por mim. — Tinha um lado da barba já feita, a face lisa deu alívio para Sophia. — Phill te deu os passos corretos para administrar a empresa.

— Não é a mesma coisa. — Pausou. — Uma hora você terá que encarar tudo isso, sabe que sim.

— Eu fiquei triste por Aline, não gostaria mais de sair de casa. — Respirou fundo. — Mas sonhei algumas noites com ela, pareci receber um... Aviso.

— Que tipo de aviso? — Continuou a fazer sua barba.

— Para ser uma pessoa melhor, eu levo um pouco de culpa por Aline ter partido. — Sua voz ficou tensa novamente. — Eu a trai, fiz coisas erradas, bati nela e ainda por cima a culpava por tudo. — Explicou. — Eu não quero ser um espelho do meu pai, eu não quero carregar essa culpa.

— Então não carregue. — Sorriu, simples. — Seja uma pessoa melhor.

— Você irá me dar um filho, não vai? — Virou a cabeça para Sophia que parou, por segundos. Piscou lentamente pensando em uma forma de dizer.

— Eu acho que... Estamos rápidos demais. — Gesticulou. — Não que eu não queira mas... Acabamos de sair de um problema, não queremos ter outro.

— Você não quer ter filhos comigo?

— Eu quero mas, não precisa ser agora. — Semicerrou os olhos. — Acho que tudo isso, está recente! Eu posso te dar daqui à alguns anos, mas não vamos ser precipitados. — Mexeu em seus cabelos. — Precisamos cortar um pouco, seu cabelo está parecendo uma tigela de pipoca. — Micael soltou um riso sem vida, mergulhou a cabeça na água livrando-se da espuma de barbear, sua face estava lisa.

Sophia cortou um pouco seu cabelo, ficando na medida ideal, Micael não colocou muita fé mas até que deu certo, até perguntou se ela não havia feito cursos de cabeleireiro, a loira apenas riu. Vestiram suas roupas e desceram, optaram por assistir um filme, juntos, Micael reclamou pelo roteiro mal feito fazendo Sophia ter uma crise de risos, observou com ela com um tom apaixonado, mexeu em seu rosto antes de beija-la, calmamente.

— O que tanto ri? — Sophia estava sorridente demais, isso era ótimo.

— Eu vou fazer você melhorar. — Decretou.

— E eu irei retribuí-la. — Deu um último beijo. — Estava pensando em uma coisa.

— O que?

— Não rasgamos o seu contrato, realmente. — Pensou. — Sendo assim, você é tecnicamente uma Borges. — Coçou o maxilar. — Eu havia um relacionamento à três, agora somos dois.

— Mas não sou casada com você.

— Se está no contrato, você é minha. — Encarou ela, vitorioso.

— Sou sua? — Riu. — Que ótimo saber que você acha isso, me deixa mais... Persistente.

— Mas saiba que você não irá tomar o lugar de Aline, ela tem um lugar especial no meu coração. — Lembrava da esposa em quase todos os minutos, Sophia assentiu, era mais do que justo. — Eu irei me tornar uma pessoa melhor.

— Começando por lavar os pratos essa noite! — Sophia levantou as duas sobrancelhas, tendo um ar brincalhão. Micael jogou a cabeça para trás, odiava lavar louça, quer dizer, odiava jogar os pratos na lava-louças.

— Preciso mesmo ir?

— Precisa! Eu irei enxugar e guardar. — Incentivou o homem que saiu, quase arrastado do sofá. Andaram até a cozinha, juntos. — Você andou tomando o sorvete que estava aqui? — Abriu o freezer sentindo falta dos Ben&Jerry's no sabor chocolate.

— Não tive disposição nem para levantar, quem dirá tomar sorvete. — Deu de ombros, abriu a lava-louças colocando um prato de cerâmica, Sophia se assustou quando o objeto caiu na grade de proteção, quebrando. — Está vendo? Eu odeio lavar louças!

— É a sua primeira louça depois desse acontecido louco. — Negou com a cabeça. — Mas não tente quebrar todos os pratos, se não, comeremos em bacias daqui em diante.

— Pode deixar! — Estava tendo o máximo de controle para não quebrar outro prato. Era difícil mas conseguiria.

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