20° Capítulo

832 48 33
                                    

Micael foi rápido ao andar até a cama, assustando Sophia, que deixou o corpo de Aline. Teve as mãos fortes no braço da loira, arrastando ela até o andar de baixo, puxando seus cabelos com força, para machucar. Arrastou Sophia pelas escadas, chegaram na cozinha, o braço da mulher era de causar pânico.

— O QUE EU DISSE SOBRE FICAR LONGE DE ALINE? — Jogou a loira que bateu no mármore preto do balcão, sua cabeça agora doía. Teve as mãos no local, continha sangue. — ME RESPONDA! — Gritou mais uma vez, aproximando de Sophia, que agora, tinha se encolhido.

Prendeu Sophia com as pernas, subindo em cima de si, as mãos fortes enforcaram com força o pescoço da mulher, que pedia ajuda, arranhando a pele morena de Micael.

— Eu. Disse. Para ficar... Longe. De... — Apertou com força, Sophia estava avermelhada. — Sua filha de uma boa puta! — Cerrou os dentes, estava morto de raiva, e iria matar Sophia.

Estava com tudo para dar a cartada final, quando sentiu algo de cerâmica, batendo em sua cabeça, e sua mente adormecendo. Aline foi rápida ao verificar Sophia.

— Soph, está bem? Oh, céus! — Tinha as mãos no cabelo de Sophia. — Está sangrando?

— Estou bem. — Respirou fundo, agora tremia. Quase tinha partido. — Eu preciso sair daqui, urgente.

— Claro que não, você irá ficar comigo.

— Aline, eu não posso. Ele é mais forte do que nós duas. — Encararam Micael que estava desmaiado, no chão da cozinha. — Eu preciso ir, eu não deveria ter vindo para cá.

— Deveria sim, e agora, vamos encarar Micael. — Pausou. — Sozinhas.

— Eu não posso. — Tinha os olhos marejados. — Eu tenho que ir. — Sophia passou por Aline, subiu as escadas correndo, vestiu sua roupa novamente e deu um jeito de sair às pressas daquele apartamento. No caminho de volta, mandou mensagens para Claire, e agradeceu pela mesma estar em trabalho, não aguentaria contar que quase morreu nas mãos de Micael Borges. Ele a teria matado mesmo!

No apartamento dos Borges tudo tomava conta da tensão, a não ser Aline, que mordia a ponta dos dedos e andava de um lado para o outro, procurando um modo de contar para o marido, que estava com outra mulher, em sua cama. Foi até o pequeno bar, de madeira maciça e espelhos, abriu o uísque importado que Micael tomava depois de longas reuniões, retirou três cubos de gelo os pondo no copo de vidro, tomou apenas uma golada e o álcool lhe queimou, dando uma sensação horrível. Ela sabia que Micael não iria acordar por agora, ela deveria ter ido dormir, mas estava com medo. Medo de acordar morta, de acordar em uma câmara refrigerada, medo de assistir os familiares chorarem por sua partida, Aline estava com medo de Micael.

Ela simplesmente arrumou os cabelos, apagou às luzes e subiu novamente para seu quarto, não adiantaria sondar o marido, inconsciente.

— Sophia? Cheguei! — Era manhã quando Carlie chamou o nome da amiga, que grunhiu de dor pela noite, sua cabeça doía, foi difícil arrumar analgésicos. — Está acordada?

— Bom dia, Carlie. — Sua voz não era boa. — Como foi a noite?

— Você sabe que foi o de sempre. — Franziu a sobrancelha. — O que houve com você?

— Estou com dor de cabeça. — Tinha mentido, setenta por cento.

— Eu tenho alguns remédios, você quer? — Vasculhou a bolsa Louis Vuitton na cor bege.

— Não precisa, Carlie. Eu irei dormir, de novo. — Desviou o olhar.

— Ok, se precisar de mim... Estarei no quarto, descansando. — Sabia que Carlie iria dormir, contar para a amiga não iria resolver. Sophia sabia que era errado, estar metida na família dos Borges, mas queria uma vingança. Micael lhe fez mal.

E falando em mal, o próprio estava acordando. Abriu os olhos castanhos, devagar, a cabeça latejando. Franziu o cenho antes de ficar sentado, identificando o local que estava. Mexeu em seus cabelos e tentou lembrar da noite anterior, o que tinham feito com ele. O sangue logo ferveu, teve impulso ao ficar de pé e procurar por Aline, ou até mesmo Sophia.

Correu até o quarto achando a esposa, que estava no closet, esperando por ele, tinha as mãos atrás do corpo.

— Você viajou com ela? — Tinha raiva na voz, mas ainda não gritava. — Me diga... Viajou com ela?

— Viajei! — Teve coragem. — Fomos á Paris, uma incrível viagem. — Observou Micael que tinha as mãos na boca.

— Eu lhe dou o mundo e você...

— Não diga nada sobre Sophia, ou irei matá-lo. — Mostrou a faca, de aço inox. Aquilo cortaria uma carne em segundos, e faria estrago no corpo.

Micael ficou em silêncio.

— A quanto tempo isso acontece?

— Dias.

— Viajou com ela para Paris?

— Viajei.

— Por que?

— Eu gosto de Sophia.

— Então gosta de mulheres?

— Eu apenas descobri.

— E seguiu o seu caminho?

— Segui meu coração. — Prendeu as lágrimas. — Sophia me dá tudo que você não consegue, ela me dá carinho, amor, cumplicidade. Você só sabe me xingar, não temos um diálogo amoroso. E Sophia, ela tem isso, e muito mais. Ela me dá prazer, ela me faz chegar em momentos que eu não consigo quando estou com você. Ela me faz sentir livre!

Micael respirou fundo, umedeceu os lábios e partiu para cima de Aline, retirando a faca de suas mãos, que caiu no chão do closet. Segurou nos braços da esposa com força, segurando seus punhos.

— Eu odeio ser drástico com você. — Rasgou as roupas de Aline, retirando peça por peça. — Mas você... Você gosta de me irritar. — Fez a mulher ficar de pé novamente, agora nua, se encolhia no canto do cômodo, chorando. — Eu lhe dou o mundo mas parece que você não está pronta! — Retirou o cinto de couro, mexendo na calça social, sentiu o objeto nas mãos antes de enrolar e segurar a fivela, dando a primeira cintada em Aline, que segurou os braços em defesa. — ALINE, EU DISSE. EU DISSE QUE NÃO QUERIA SOPHIA AQUI DENTRO. — Lhe bateu novamente, acertando a barriga. — VOCÊ CRUZA A MINHA LINHA DE CONFIANÇA, E EU ODEIO SER DRÁSTICO COM VOCÊ! — Bateu em suas pernas, braços, em todas as partes que teve direito.

Aline apenas chorava, quieta, enquanto tinha as mãos em defesa, tentando salvar seu corpo. As batidas lhe doeram muito mais quando a fivela soltou dos dedos de Micael, não queria aquilo nem para o seu pior inimigo. E ele, viu que tinha exagerado quando observou a esposa agachar, ainda em choro. Largou o cinto que caiu no chão, estava ofegante.

— Aline. — Chamou pela esposa que levantou-se, rápida.

— NÃO ENCOSTE EM MIM. — Gritou. — EU ACHEI QUE ESTIVESSE MUDADO, MAS ESTOU VENDO QUE NÃO. — Soluçou. — NÃO TOQUE UM DEDO EM MIM.

— Aline. — Tentou chegar perto, impossível.

— Eu te perdoei todas às vezes em que isso aconteceu, e você, me prometeu. — Secou suas lágrimas. — Não encoste em mim, ou irei procurar ajuda em uma polícia.

— Já conversamos sobre isso. Eu... Me desculpe, estava morto de ódio.

— Não encoste em mim. — Quase em um sussurro, suas palavras saíram, e ela se pôs a deixar o cômodo, protegendo seu corpo de batidas que Micael lhe deu, como em tempos atrás.

Perfume de Mulher - MiniFic Where stories live. Discover now