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Desci as escadas lentamente, para não cair, já que usava apenas meia e aquele piso parecia uma pista de gelo e que eu estava com os patins certos para deslizar.

Daniel estava na cozinha fazia um bom tempo, e eu precisava lembra-lo que estava ali para lhe ajudar a estudar, mas com ele desaparecendo desse jeito, as coisas se tornavam impossíveis. Eu precisava acelerar os estudos com ele.

— Daniel? — chamei, perdida sobre aonde seria a cozinha daquela casa enorme. Ouvi a sua voz em resposta, e continuei andando, até que ela pareceu mais próxima.

— [...] e eu preparei uma coisa para comermos. Desculpe, é a única coisa que eu sei fazer — ao chegar na cozinha, vi seus ombros largos e suas costas nuas. Ele estava sem camisa. — E eu acho que eu exagerei um pouco. Feche os olhos! — ele pediu.

— Por que? — questionei.

— Finge que você é jurada de um programa, mas precisa experimentar as comidas de olhos vendados — ele sugeriu, e eu achei divertido. Ele olhou para trás por cima dos próprios ombros e então eu fechei os olhos.

— Não seja trapaceira — pediu, e senti minhas mãos suando e meu coração acelerando quando percebi que ele se aproximava. Senti sua mão no meu queixo e abri a boca, quando a colher encostou nos meus lábios e eu experimentei o que ele havia feito. — Macarrão. Desculpe, é a única coisa que eu sei fazer.

— Primeira vez na vida que como massa no café da tarde — sorri, abrindo meus olhos e perdendo o fôlego quando vi que ele estava sem camisa. Não que essa seja a primeira vez, já que algumas vezes nos finais dos jogos de lacrosse, ele fazia questão de tirar todos os equipamentos e correr pelo campo girando a camisa no alto. — Está... Espera! Isso ai tem molho de tomate? — apontei para a panela.

— Sim. Acho que exagerei um pouco, não acha? — ele me perguntou, inclinando a cabeça para o lado.

— Deus! Daniel. Eu tenho alergia a molho de tomate — falei, segurando o pescoço do fingindo falta de ar. Seu rosto ficou pálido, tão pálido que ele poderia ser comparado á uma folha de sulfite, e apenas saberia que era uma pessoa, pelos seus lábios vermelhos e desenhados.

Daniel ficou imóvel, sem saber se deveria ou não fazer alguma coisa, enquanto eu fingia cada vez mais ter falta de ar.

— Eu estou brincando — tirei as mãos do meu pescoço e Daniel ficou com o rosto sério, como se realmente não tivesse gostado nada da brincadeira. Tive certeza disso, quando ele deu as costas para mim e voltou para o fogão. — Foi apenas uma brincadeira, Daniel.

— Não faça mais isso — ele pediu, seriamente, apoiando os braços musculosos na pedra escura que havia nos dois lados do fogão. — Nunca mais. — ele se virou para mim novamente, e pude ver seus olhos escuros. Sem brilho algum.

— Foi apenas uma brincadeira — repeti, dessa vez mais lentamente. — Não há necessidade de ficar desse jeito. Aliás, quem tem alergia com molho de tomate nem fica com falta de ar.

— Uma vez, na páscoa— ele começou. —, praticamente obriguei a minha prima a comer chocolate. Eu a desafiei, mas sabia que ela não podia comer. Como eu era pequeno, pensei que fosse apenas um castigo que a minha tia havia dado a ela. Mas ela era alergia a chocolate. Fiquei assustado quando ela reclamou que não estava conseguindo respirar e tossia sem parar.

— Me desculpe — pedi, me aproximando da bancada no meio da cozinha. — Da próxima vez, vou tentar brincar com algo que você não tenha trauma. — não tinha certeza se ele daria risada com o que eu falei, mas ele sorriu. Não foi o sorriso mais brilhante do mundo, mas foi o que fez com que eu não me sentisse tão culpada. — Vou buscar nossos materiais para estudarmos aqui.

5 PEDIDOS || CONCLUÍDAWo Geschichten leben. Entdecke jetzt