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     O sol estava bem forte, mais forte do que deveria a essa hora da manhã. Eu estava sentada em uma das mesas de pedra do campo, esperando o Daniel chegar no estacionamento com o seu carro nada chamativo.

Mesmo eu sabendo que as coisas poderiam nem estar boas entre nós dois, ainda estava animada para vê-lo.

A escola ainda não estava cheia, já que estava cedo. Logan foi embora assim que me deixou aqui, pois segundo ele, ia se encontrar com alguns amigos da faculdade de Londres que novamente estavam de passagem por aqui.

Alguns alunos estavam espalhados pela grama e outros sentados nos bancos conversando com alguém, ouvindo música ou lendo um livro. Alguns estavam comendo o que pareciam ser biscoitos recheados, o que me deu uma leve vontade de comer também.

Depois de dez minutos, que pareceram ser dez meses, vi Daniel chegando com o seu carro no estacionamento que estava mais cheio do que quando eu cheguei. Os professores já deveriam ter chegado.

Dei um pulo da mesa e peguei a minha bolsa, caminhando até aonde Daniel estacionou o seu carro. Eu estava nervosa. Meu coração batia freneticamente, e eu não sabia bem o motivo de ele estar dessa forma. Eu não sabia de era porque eu estava nervosa, ou se eu estava com saudades dele.

Quando ele saiu do carro, senti minhas mãos suando e não me esforcei para tirar os olhos dele. Suas roupas que ficavam perfeitamente bem nele. Seus cabelos macios tanto de longe, quanto quando eu os tocava. Sua testa franzida por conta do sol.

Mas tudo isso que eu pensava evaporou da minha mente quando seus olhos caíram sobre mim, e pela primeira vez eu não vi o garoto que estava acostumada. Seu olhar já não brilhava tanto.

Caminhei agora com passos lentos na sua direção, e quando cheguei a sua frente, seja lá o que eu tinha para dizer simplesmente foi embora e um silêncio tenso se formou ali.

— Londres? — perguntou, segundos depois, sem tirar os olhos do meu rosto.

— Podemos conversar com calma? — perguntei, soltando um suspiro silencioso e erguendo a mão para tocar no seu rosto, mas ela parou quando ele deu um passo para trás, fugindo do meu toque. — Daniel?

— Por que não me contou? — quis saber, colocando as mãos no bolso da calça jeans. — Eu fiquei sabendo pela Giulia.

— A Giulia te contou? — franzi a testa, surpresa com tudo aquilo. — A Amaya...

— Amaya não me disse absolutamente nada! — ele afirmou. — Todo mundo sabia, menos eu.

— Eu ia te contar só... — tentei dizer, mas ele me interrompeu.

— Eu conto tudo para você Samantha, por que você nunca faz questão de mim como eu faço questão de você? — questionou, me fazendo engolir seco e o olhar com dúvida. O que ele estava querendo dizer?

— Você está fazendo um drama por conta de uma viagem, Daniel — falei, tentando não deixar a minha voz falhar. — Eu ia contar para você.

— Um drama por conta de uma viagem? — repetiu. — Você está falando sério, Samantha? Por que não tenta se colocar no meu lugar pelo menos uma vez?

— E por que você não tenta se colocar no meu? — questionei também, firmando mais a voz da mesma forma que ele estava fazendo.

— Eu faço isso desde que começamos com isso aqui que nem há rótulo porque você não quer — apontou. — Eu sempre tentei me colocar no seu lugar em qualquer situação, então você não acha que está é a sua vez?

— Nem a minha mãe sabia, Daniel — contei. — Nem ela sabia, e quando ficou sabendo me apoiou mais do que você.

— Você quer mesmo que comparar com a sua mãe? — perguntou-me, parecendo achar aquilo um absurdo. — Você quer mesmo me comparar com alguém que pode simplesmente decidir ir morar com você e seu irmão em Londres, sem se importar com nada por que vocês são a família dela?

— Eu só pensei que você entenderia... — insisti, fechando os olhos por alguns segundos. — Eu sei que não é fácil para você aceitar que eu vá morar em Londres com Logan, mas por favor, ainda temos tempo de sobra para passar por vários momentos juntos. — me aproximei dele, e peguei na sua mão.

— Eu aceito que você vai morar em Londres, Samantha — confessou, fixando seus olhos no meu rosto. — Eu só não aceito que você tenha mentido para você. Eu não aceito que você passou todo esse tempo sem me dizer nada, e não disse uma palavra até mesmo quando me viu dizer que ia desistir de universidades longes para ficar perto de você.

— Eu te amo — era tudo o que eu podia falar naquela momento. Peguei mais forte na sua mão e a outra eu levei até o seu rosto. — Eu te amo muito, eu...

— Por que eu não consigo sentir que isso é verdade? — perguntou, me deixando sem chão. Afastei a minha mão do seu rosto e soltei a sua mão, e Daniel não se moveu enquanto eu dei dois passos para trás.

— O que você está querendo dizer? — quis saber, ainda não acreditando nas suas palavras.

— Eu sei que você nunca teve um namorado, se é que eu posso me rotular assim para você — disse, passando a língua nos lábios em seguida. — Eu também nunca tive uma namorada, mas eu te amo como jamais amei uma garota em toda a minha vida e eu faço qualquer coisa para mostrar isso á você. Eu menti por meses para ter você.

— Eu não posso demonstrar mais do que eu consigo só porque o que eu demonstro não é o suficiente para você.

— É realmente por que você não pode, ou por que você nem ao menos tenta demostrar que realmente me ama? — questionou. — Eu não quero que você vá para a cama comigo para provar isso. Não quero que você faça alguma locura para provar isso. Não quero que você escreva em fogos de artifício que você me ama. Eu quero sentir através do seu coração que você me ama.

— Eu não sei como fazer isso — confessei, o olhando como se dissesse sinto muito, mas eu sei que não deveria dizer que sinto.

— E você acha que eu sei como fazer você acreditar que eu te amo? — ergueu as sobrancelhas. — Eu apenas deixo rolar, e você também deveria tentar deixar as coisas rolarem naturalmente, porque você parece viver em um roteiro.

Suspirei.

— Eu não quero que isso dê errado.

— Você não tenta nem começar, e já pensa em como pode terminar? — ele balançou a cabeça e franziu as sobrancelhas. — Eu acho que nós dois sabemos que precisamos de um tempo separados para perceber se é melhor levar isso adiante.

Após dizer isso, ele ficou alguns segundos parado na minha frente como se esperasse para ver se eu tinha algo a dizer. Mas eu não tinha, e foi isso que o fez passar por mim e entrar no colégio, enquanto eu sentia o sol quente nas partes descobertas no meu corpo e o meu coração quebrado.

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FINALMENTE ESSA CONVERSA MEU PAI!

obrigada a todos que estão acompanhando essa obra feita com todo amor e carinho❤

Uma vez eu disse que tudo isso estava na reta final, mas na verdade ainda tem muita coisa para contar.
Quando comecei queria essa história com no máximo 50 capítulos, mas eu parei de "viver em um roteiro" e deixei rolar sem apressar nada.

Beijinhos e me perdoem se acharam algum erro.

5 PEDIDOS || CONCLUÍDAWo Geschichten leben. Entdecke jetzt