A PATROA

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DEDICO ESTA HISTÓRIA A MINHA GRANDE AMIGA, KATHRIN PEREIRA, FOI A PEDIDO DELA QUE EU A PUBLIQUEI AQUI.

Do que adianta ter olhos azuis se eu tenho que usar este óculos de grau ridículo? Do que adianta ter 1,80 de altura, se tenho apenas dezessete anos? Tenho fama de nerd na escola, mas o que acontece é que aqueles filhinhos de papai nunca precisaram correr atrás de nada que eles têm, já nasceram ricos e o que lhes restam é ser prepotentes e um cambando de filhos da mãe que adoram praticar bulling comigo que sou o único bolsista ali. Estudei muito para entrar nesta escola e não será meia dúzias de boyzinhos e patricinhas que irão me tirar o foco. Apesar de que são patricinhas lindas e imagino que sejam muito cheirosas, uma em especial: Darla. Ela é loira e seus olhos são verdes, fiquei louco por ela desde a primeira vez que a vi, mas claro, nunca ganhei a sua atenção. Darla é muito popular e cercada por garotos que fazem tudo que ela pede. Minha casa fica muito longe da escola, ando mais de trinta minutos até chegar, pedi meu pai uma bicicleta e ele me mandou trabalhar, pois além de eu ter idade suficiente para isso, está mais do que na hora de eu mesmo comprar as minhas coisas e ajudar com as despesas de casa. Fui as lojas, bancos e até em supermercados e deixei alguns currículos, mas como estavam demorando para me chamarem, decidi a bater nas portas das mansões do bairro mais próximo. Mesmo que seja bem afastado da minha casa e eu tenha que andar bastante até chegar lá, vale a pena, pois poderei ser jardineiro ou ajudante de limpeza e além do mais é próximo a minha escola, então posso ir trabalhar depois da aula antes de ir para casa. Preciso procurar pelo menos por duas mansões e assim trabalharei a semana toda e tirarei o final de semana para estudar e fazer os trabalhos da escola. Estes meus planos não me deixaram dormir à noite direito e quando, Val bateu na porta do meu quarto levantei em câmera lenta e me arrumei para ir à escola. Val é minha irmãzinha querida que já me tirou muito do sério, mas de um tempo para cá me deu uma trégua, ela completou dezesseis há alguns meses e parece que está amadurecendo. Valentina é seu nome, mas desde sempre a chamo de Val e ela me chama de Ben, apelido para o meu verdadeiro nome: Benjamin. Passo pela cozinha e dou um beijo em minha mãe e em Val. Mamãe quer que eu me sente e eu a explico que se eu fizer isso chegarei atrasado. Pego um pedaço de bolo de chocolate que tenho certeza que foi Val que a pediu para fazer, pois é o seu sabor preferido e caminho para a porta. Val continua sentada comendo tranquilamente, pois sua escola é apenas duas quadras daqui. Quando chego na escola, olho o meu velho relógio que meu querido avô materno me herdou. Relaxo e entro tranquilamente, já que ainda faltam cinco minutos para os portões se fecharem. Sento em minha carteira e sou o único a estar calado e se preocupando em abrir o caderno. O professor de química entra na sala e todos se sentam, mas demoram um pouco para se calarem. Ele pergunta se já estamos providenciando o trabalho que é para ser entregue semana que vem e começa a aula. Dou uma olhada para Darla sentada duas fileiras depois da minha, ela me olha rapidamente e desvia o olhar. Na hora do intervalo me sento um pouco afastado e sozinho no meu canto, estou lendo o jornal que comprei a caminho da escola quando sou surpreendido por quatro belas garotas e uma delas é Darla.

– Posso fazer o trabalho com você? – A voz de Darla é como os acordes da arca de um anjo.

– Claro que sim. – Me esforcei para não abrir tanto o sorriso, mas sei que fracassei. – Mas eu já praticamente, terminei.

– Ótimo, melhor impossível. – Ela sorri e me deixa hipnotizado. – Me passa o número do seu celular para podermos marcamos de nos encontrar mais tarde e terminar logo este trabalho.

– Eu não tenho celular – falo com a voz baixa, repleto de vergonha.

– Você não tem celular? – sua surpresa dói meu coração. – Nunca imaginei que alguém neste planeta ainda não tivesse um celular.

As risadas das três garotas fazem meu corpo queimar de vergonha.

– Anota aí o meu e me liga, podemos nos encontrar no final da tarde naquela sorveteria em frente à praça.

O APRENDIZWhere stories live. Discover now