EMPREGO

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Segunda-feira chego na sala de aula no horário de sempre e antes que a professora chegue, Darla entra linda como sempre. Ela me encontra com os olhos e vem logo até minha carteira. Antes de ela falar qualquer coisa, lhe entrego o trabalho, Darla pega a caneta que está sobre a minha mesa e assina sem nem ao menos dar uma olhada, me dá um olhar duro e sem dizer nada vai para a sua carteira. No intervalo, sento no meu canto e fico escutando músicas em meu fone, como sempre fico observando Darla sendo paquerada pelos caras repetentes, em meus pensamentos tento despi-la, imagino meu corpo sobre o seu, metendo com força e lhe fazendo gritar meu nome. De repente a sua imagem some e Nik entra em cena, não são imaginações, são lembranças de tudo o que fizemos e para piorar, em meu ouvido começa a tocar a música que estava tocando quando ela me chupou na sua sala. Não sei nem como reconheci esta música, sendo que eu estava no mundo do prazer naquele momento. A doce e sensual melodia de Charlie Puth e Meghan Trainor – Marvin Gaye, soa em meus ouvidos e me faz me perder ainda mais nas lembranças daquela noite mágica. Quando abro os olhos no final da música vejo que o pátio já praticamente vazio, volto às pressas à sala de aula e obrigo esses pensamentos darem lugar a explicações do professor de física. Terminado as aulas vou a lanchonete e Theo esquenta minha comida, queria poder conversar com ele sobre a Val, mas neste horário, ele está muito ocupado. Eles estudam na mesma escola e no mesmo horário, ele vai e volta de escolar, chega todos os dias na hora que saio da minha escola que é bem mais próxima da lanchonete do que a dele, mas seu pai não tem condições de pagar e meu amigo que tentou uma bolsa como eu, não conseguiu notas suficientes e por isso pode ver minha irmã na escola todos os dias. Ele ficou arrasado na época, queria ter conseguido, pois tinha esperança de poder pegar as patricinhas que sempre via saindo da escola mais cara da redondeza. Depois do almoço, vou ao banco e enfrento uma fila para trocar o cheque da Nik. Enquanto não chega a minha vez fico analisando o papel. A letra é tão bonita quanto a dona e seu nome também me agrada muito – Dominique Bittencourt White. Com o dinheiro nas mãos penso em passar em casa e deixa-lo com minha mãe para ela poder comprar as coisas que esteja precisando, mas isto me roubaria mais ou menos uma hora, então acabo desistindo e vou direto para o meu trabalho. Horácio me recebe com a cara fechada.

– Posso trabalhar hoje?

– Por mim não, mas a patroa quer os seus serviços, então entre. – Passo por ele e sigo para atrás da casa, onde sei que há um quartinho próximo a piscina, onde fica guardada as fermentas e a mangueira. – Mas não se anime muito, pois logo ela irá se esquecer de você e eu o te substituirei por um adulto que não me cause problemas.

Não digo nada e nem o olho, sigo meu caminho e só paro quando estou dentro do quartinho. Pego a mangueira e ligo a torneira, começo a molhar as gramas perto da piscina, circulando a casa, não deixo de molhar nenhuma parte verde. Enquanto faço isso fico recordando da carinha de brava da Darla sábado e algo dentro de mim diz que Val e Theo estão certos – eu tenho uma chance. Pensando em várias coisas, recordo de Nik dizendo que gosta de flores e que quer seu jardim repleto de flores. Desligo a água e guardo a mangueira, depois vou atrás de Horácio. Ele está sentado na varanda bebendo algo, me aproximo, mas não muito e ele me olha sério.

– Não vem me dizer que está passando mal de novo.

– Não, estou me sentindo ótimo.

– Então o que é que você quer?

– Dominique me pediu para plantar flores pelo jardim. Estou precisando de adubo e sementes ou mudas de flores de diversas cores.

– Vou ver com ela, mas se não tiver mais nada para você fazer por hoje, pode ir embora.

– A piscina está bastante suja, posso limpa-la?

– Amanhã você limpa, agora vá para casa descansar, antes que passe mal e eu leve outra bronca por sua causa.

Não digo mais nada, volto ao quartinho e pego minha mochila e faço o que Horácio mandou, vou para casa antes de Nik chegar.

O APRENDIZWhere stories live. Discover now