GARÇOM

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Quando chego na escola, Darla e suas fieis escoteiras vem ao meu encontro no corredor.

– Benjamin Dutra, como ousa não me ligar e ainda me deixar plantada naquela sorveteria?

Puta que pariu, eu me esqueci completamente que tinha um encontro com a Darla.

– Me desculpa, Darla.

– Não desculpo nada. Eu nunca levei um bolo na minha vida. Quem você pensa que é para fazer isso comigo?

– Eu arrumei um emprego e não tive como ir e me esqueci de ligar, me desculpe.

– Você terminou a porcaria do trabalho, pelo menos?

– Não, eu cheguei em casa muito cansado e acabei dormindo, mas está praticamente pronto, não precisa se preocupar.

– O que eu preciso fazer para você colocar o meu nome?

Pena que sou tímido demais ou eu iria dizer que ela teria que chupar o meu pau bem gostoso. Só de pensar nisso o sinto acordando.

– Nada.

– Nada?

Será que ela estava esperando que eu a cobrasse mesmo? Deve ser assim que o nome dela sempre está nos trabalhos dos garotos e nunca de garotas.

– Desta vez, você não precisará fazer nada, deixa para a próxima, vou terminar o trabalho e colocarei o seu nome. São as minhas desculpas pelo bolo.

Ela me olha surpresa e deixa até um sorrisinho escapar em seus lábios.

– Sendo assim, eu aceito suas desculpas. – Dito isso, ela e suas amiguinhas dão meia volta e entram na sala de aula.

Terminado a aula vou a lanchonete onde trabalha o meu melhor amigo, Theodoro, preciso que ele esquente meu almoço que mamãe embalou para viagem para mim.

– E aí, Ben, o que manda de novo?

– Esquenta aí pra mim. – Lhe entrego uma vasilha. ­– Daqui vou direto para a mansão que eu lhe disse ontem.

– Garoto de responsabilidades agora, hein? – Ele pega a vasilha da minha mão e a coloca no micro-ondas. – Quem sabe agora a loirinha não te dá mole. Pelo menos dinheiro para leva-la ao cinema, agora você vai ter.

– Por incrível que pareça, eu tinha um encontro marcado com ela ontem na sorveteria e me esqueci completamente.

– Como assim, cara? – Theo me entrega a vasilha e me olha espantado como se eu tivesse dito que estou com febre amarela.

– Como comecei a trabalhar ontem e passei a tarde toda naquela mansão, me esqueci completamente e a Darla quase me comeu vivo.

– Pô cara, o certo seria você comer a garota, não?

– Você está muito espertinho para o meu gosto, hein? Se eu ficar sabendo que você tem estas mesmas intensões com a minha irmã, eu te mato, ouviu?

– Sua irmã é linda, cara, mas é chata pra caralho.

– Sei. O problema é que ela também te acha um chato e isso não está me cheirado nada bem.

Theo começa atender alguns clientes e não tocamos mais neste assunto. Quando chego na mansão de Dominique, Horácio abre o portão e antes mesmo de nos cumprimentar, ele diz:

– Não preciso mais dos seus serviços, encontrei alguém mais classificado.

Não consigo esconder a decepção, mas no fundo eu sabia que ele não iria deixar por menos o que sua patroa lhe disse por minha causa.

O APRENDIZOnde histórias criam vida. Descubra agora