VIRGEM

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Depois de jogar todas as caixas e guardanapos sujos no lixo, levo as garrafas vazias para fora e começo a lavar as taças. Dominique aparece e me olha surpresa.

– Você não precisava arrumar a cozinha.

– Estou terminando, posso ir para casa? Parece que vai chover.

– Já está chovendo.

– Droga. Mas tudo bem, talvez eu consiga chegar em casa antes que a chuva engrosse.

– Ela já engrossou.

Dominique abre a geladeira e tira mais uma garrafa de champanhe.

– Por que você não faz o seguinte: espere a chuva diminuir um pouco, enquanto isso você me faz companhia, depois eu te levo. Eu não gosto de chuva, sabe? Esses barulhos me assustam, então vou aumentar o rádio e poderemos ficar conversando até acabar. O que acha? – ela me olha com um olhar que eu ainda não conhecia. – Por favor.

– Por mim, tudo bem. Se eu chegar em casa molhado vou levar uma bronca daquelas, mesmo. Prefiro evitar. Mas está tarde e minha mãe deve estar preocupada, posso ligar para ela?

– Claro, se você quiser posso falar com ela.

– Seria ótimo, minha mãe é um pouco coruja demais, se você me entende.

– Claro que entendo. Liga aí, vamos acalmar o coraçãozinho da dona...

– Inês.

Mamãe atende no primeiro toque:

– Oi meu filho, onde você está? Estou aqui na sala te esperando, preocupada que você estivesse caminhando debaixo desse toró.

– Não mãe, ainda estou aqui, a festa terminou, mas a chuva está me prendendo. A Dominique pediu para eu esperar a chuva passar para depois eu ir embora.

Dominique estende a mão e me pede o telefone, entrego sem dizer a minha mãe que farei isso.

– Boa noite, Dona Inês, sou Dominique. - Mamãe parece dizer alguma coisa. – O prazer é meu, seu filho é um excelente rapaz, muito esforçado no que faz. – Dominique fica em silêncio por um curto tempo, depois fala: – Eu estava pensando em levá-lo, mas acho que a senhora tem toda razão, não sabemos a que horas esta chuva irá acabar. Pode deixar que irei falar com ele, agora volte para cama e durma bem, não se preocupe que daqui ele não sai enquanto o dia não amanhecer. De nada, Dona Inês, boa noite.

Estou aqui com cara de bobo esperando uma explicação.

– Sua mãe pediu para você dormir aqui.

– Sério? Minha mãe é impossível, eu não lhe disse?

Dominique sorri e pega duas taças.

– Olha Dominique, eu não preciso dormir aqui não, tá? Vamos fazer como combinamos, esperamos esta chuva passar e depois eu vou para casa.

– Sua mãe pediu para você dormir e eu lhe dei a minha palavra que você irá ficar aqui até de manhã.

– Mas ela só pediu porque não sabe que você mora sozinha. Bom parece que você mora sozinha, não mora?

– Moro, mas o que é que tem eu morar sozinha?

– Você é uma mulher e eu sou um homem, você não liga?

– Não. Você irá dormir na minha casa e não na minha cama. – Ela enche uma taça de champanhe e me entrega a outra. – Coloca um refrigerante para você.

Eu pego na geladeira uma coca cola e encho minha taça, depois a pedido dela vamos para a sala. Sentamos no sofá um de frente para o outro, Dominique bebe de uma vez toda a taça e a enche mais uma vez. Com um controle na mão coloca uma música, aumenta o volume e olha para mim.

O APRENDIZWhere stories live. Discover now