O APRENDIZ

CIÚMES MAIS UMA VEZ

Quinta-feira, não vejo a Nik, e até acho bom, não sei como reagiríamos quando ficássemos cara a cara. Sexta-feira a vejo de longe entrando em sua sala, mas ela não me vê. Na academia vejo o cara que a chamou de gostosa, ele está em uma esteira e seu amigo na bicicleta. Tento não pensar em como a Nik deve ter fodido gostoso com ele depois da raiva que deve ter ficado de mim. Imaginar este cara sobre ela ou embaixo faz meu peito doer. Ele fala com o amigo que imagino ter pegado a Milla e os dois sorriem, não consigo tirar os olhos deles e sinto raiva por isso, mas essa raiva some, ou melhor, aumenta quando os dois saem dos equipamentos, se aproximam um do outro e se beijam.

Droga, eles são um casal!

Não sei se fico feliz ou se dou um soco na minha cara. A Nik tentou me falar e eu não deixei e a tratei daquele jeito tão ignorante. Eu sou mesmo um imbecil! Vou para casa e estudo muito pouco, pois estou louco para pedir desculpas para Nik. Decido não ligar, preciso fazer isso pessoalmente.

Pela manhã estudo um pouco, depois de jardineira e boné, vou para a casa de Nik. Quem atende a campainha é a Clara e depois de abrir o portão, me encontra no jardim sorrindo.

– Oi, Benjamin, está vindo aos sábados também?

– Estou sem tempo para vir durante a semana. E você, não é na sexta-feira que costuma vir?

– Pois é, ontem não teve como eu vir. A Gabriela aprontou de novo e mais uma vez está internada. Aquela menina não tem jeito, ela não muda. – Nik aparece na porta, ela está de biquíni vermelho e usa uma saída de praia. Ela se senta na cadeira e fica nos olhando. – Você podia ligar para ela, a Gabi gostou tanto de você. Ela sempre me pergunta de você.

– Me passa o número dela, vou ligar assim que eu terminar por aqui.

Clara dita o número e depois entra. Nik continua me olhando, enquanto caminho até ela.

– Estudando muito?

– Tentando.

Sento ao seu lado.

– Acho melhor você não vir cuidar do jardim até o seu vestibular passar.

– Eu não vim só cuidar do jardim, eu vim te ver e lhe pedir desculpas por ter lhe tratado tão mal aquele dia.

– Tudo bem, eu sei que quanto mais próximo fica o vestibular, mais o vestibulando fica nervoso.

– Eu não estava nervoso, estava com ciúmes. Ouvir aquele cara te chamando de gostosa me deixou possesso.

– Ben, ele é gay.

– Eu sei.

– Sabe? Sabe como?

– Eu o vi beijando o outro cara lá na academia.

– Eu tentei te falar, mas você não quis me ouvir ...

Toco seu rosto e me aproximo mais.

– Desculpa, Nik, mas eu fico louco quando penso que outro cara sabe o quanto você é gostosa.

Nik retira meu óculos, vira o meu boné e depois suga meus lábios. Suas mãos acariciam meus cabelos e meu rosto. Minhas mãos também está em seus cabelos macios e nosso beijo é uma delícia até ouvirmos a voz de Clara:

– Dominique, você vai querer ... Desculpa.

Olhamos para ela e me preocupo com o sumiço de sua cor.

– Pode falar, Clara. – Nik diz quando a coitada está voltando apressada para dentro de casa.

Clara volta a nos olhar e fala finalmente: