O APRENDIZ

DÁDIVA DE DEUS

No dia seguinte todos saem da empresa mais cedo e se despedem desejando feliz ano novo uns aos outros. Laís me pergunta o que farei hoje à noite e eu minto dizendo que irei para casa de um amigo. Mamãe e Val se preocupam comigo quando me tranco no quarto, elas foram convidadas para virar o ano na casa do vizinho onde está acontecendo um churrasco. Faço dezenas de desenhos e acabo amassando todos, não queria, mas acabo sentado no chão com a cabeça nos joelhos e chorando muito. Até sábado, eu só saio do quarto para tomar banho e comer. Val e nossa mãe me dão espaço e não me pressionam para contar o que está acontecendo. Com certeza elas já desconfiam que eu e a Nik não estamos mais juntos. Mas o que elas não sabem é que nunca estivemos juntos, apenas no meu mundo. Meu celular apita, eu o pego para ver a mensagem que chegou e tento negar a mim mesmo que meu coração disparou na esperança de ser uma mensagem da Nik, mas se decepcionou no instante que vi que é uma mensagem da Darla me lembrando que é hoje a festa e perguntando se irei. Respondo que sim e volto a ficar deitado em meu travesseiro o dia todo. Assim que escurece, tomo um banho, mas não sinto vontade de fazer a barba que não faço desde terça-feira. Visto uma calça jeans escura, uma camisa branca e a jaqueta que Nik me deu. Val diz que estou um gato. Vou de taxi até o sítio, dou meu nome na entrada e vejo na lista o nome da Nik ao lado do meu. Mostro minha identidade e assino o papel. Pego uma caneca de choop e ando pelo grande espaço. Darla está com um vestido branco na altura de suas lindas coxas. Ela vem até mim sorrindo.

– Ora, onde está a sua companhia? Eu estava ansiosa para vê-la. – Seu sorriso me diz que ela nunca acreditou que eu tinha uma companhia.

– Estou livre como sempre, Darla, e você? – Viro toda cerveja na boca.

– Por enquanto, eu também estou, mas com tantos solteiros por aí, isso será por muito pouco tempo.

Um garçom passa e nos oferece mais bebidas, eu pego outra caneca de choop, bebo mais da metade, enquanto, Darla prova seu drinque. Ela me olha quando tiro o copo da boca, passo a língua onde se formou um bigode de espuma e ela a acompanha com os olhos.

– Você não está mais usando óculos?

– Não preciso mais deles.

– Você está lindo sem eles. Seus olhos são incríveis.

– Obrigada. – Bebo a outra metade do choop e antes de limpar o bigode de espuma, Darla me impede.

– Deixa eu fazer isso para você. – Ela passa sua língua ao redor de meus lábios e quando termina, eu sugo seus lábios para dentro de minha boca. Puxo-lhe pela cintura e a colo em meu corpo, minha mão sobe por suas costas que estão de fora e adentra em seus cabelos.

– Você beija muito gostoso, Benjamin, – O beijo chega ao fim, mas ela ainda não deu um passo se quer para longe de mim. – mas hoje quero curtir a festa, você fugiu de mim e perdeu a oportunidade, agora sou eu que não te quero.

– Que pena, – beijo seu pescoço – eu seria capaz – mordisco sua orelha – de lhe dar prazer a noite toda. – procuro por sua boca e ela me entrega no ato.

Depois de mais um beijo de corpos colados com direito a deixa-la mole e meu pau duro, ela se afasta e me olha.

– Você está diferente, mas não me engana, não vou cair na sua. Não estou a fim de tirar a virgindade de ninguém hoje. Quem sabe outro dia, quando eu não tiver nada melhor para fazer.

– Tudo bem, mas se mudar de ideia, estou por aí.

Outro garçom passa, eu troco minha caneca vazia por uma cheia e saio andando sem olhar para Darla.

Não há tantas pessoas, e a maioria eu conheço de vista, principalmente da hora do intervalo, onde eles nem me enxergavam quando eu estava sentado no canto escutando minhas músicas, lendo meus livros ou simplesmente os reparando. As três garotas que andam com a Darla passam por mim e me encaram, uma é loira como a Darla, porém seus olhos são castanhos, a outra tem o cabelo pintado de vermelho e a terceira é clarinha de cabelos castanhos.