GABI

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Seguindo minha rotina, chego na casa de Nik e sou recebido por Clara. Hoje é sexta-feira, dia de ela ajeitar as coisas por aqui e cozinhar para Nik. Ela pede que eu a acompanhe até a cozinha, pergunto por Dominique e ela diz que saiu com o irmão e o sobrinho. Sentada a mesa há uma garota de cabelos compridos castanhos claro, ela me olha e seus olhos são cor de mel. Clara nos apresenta, é sua filha. Ela se levanta, pega em minha mão e me dá um lindo sorriso quando diz que seu nome é Gabriela. Clara pergunta se quero comer alguma coisa, eu digo que não e que irei molhar as plantas. Gabriela elogia o jardim e me parabeniza. Molhando cada canto do jardim sou surpreendido por algo lindo demais que tenho certeza que Nik irá adorar. A orquídea que plantei em um pequeno arbusto deu uma graciosa flor lilás e branca. Sua beleza é tão autentica que parece ter sido pintada por um fino pincel. Continuo no trajeto e só paro depois de circular toda a casa. Guardo a mangueira e com uma tesoura podo alguns matos indesejáveis que querem roubar a beleza das flores.

– Você leva jeito com as flores. – Uma voz doce vem de trás e quando olho é Gabriela.

– Eu adoro cuidar delas.

Estou abaixado tirando o mato que cresceu entre uma violeta rosa. Gabriela se abaixa ao meu lado, repara o que estou fazendo e diz:

– São tão frágeis e lindas. – Ela toca de leve as florezinhas. – Qual é o seu nome mesmo? Benjamin?

– Isso, mas pode me chamar de Ben.

– E você pode me chamar de Gabi.

O portão se abre e o carro de Nik entra.

– Dominique voltou. – Gabriela fala sem emoção. – Você se dá bem com ela?

– Sim, você não?

– Eu não vou com a cara dela, Dominique é um pouco enjoada e metida. Mas também com o tanto de dinheiro que ela tem, como não seria?

Jack corre até nós e também se abaixa, eu o cumprimento e ganho um beijo no rosto.

– Senti saudade. – sua voz enrolada e tão infantil o deixa encantador.

– Eu também. – respondo acariciando seus cabelos.

Jack se levanta e corre para dentro de casa.

– Ele parece gostar de você. – Gabriela fala. – Acho que gosta muito, pois ele nem olhou para mim e nem para a minha mãe.

– É porque ele precisa de tempo para pegar confiança nas pessoas. Jack está me vendo todos os dias desde que chegou aqui e sem dizer que adora o jardim e eu o conquistei deixando-o me ajudar a cuidar dele.

Gabriela sorri.

– Comprando o garoto, né? Entendi.

Acabo sorrindo também. Nik e Vinícius me cumprimenta, ele entra e ela fica me olhando séria. Me levanto e Gabriela também.

– Preciso te mostrar uma coisa. – falo enquanto me aproximo de Nik. – Você pode vir comigo?

Nik responde que sim, olho para Gabriela e a convido a vir também, mas ela recusa, diz que irá ver se a mãe está precisando dela. Nik me acompanha até o arbusto que fica atrás da casa em silêncio e com os braços cruzados. Antes mesmo de eu apontar para a orquídea, ela abre o sorriso e se aproxima da flor dizendo que é linda. Ficamos ali por um tempo apenas falando da beleza das pétalas, depois Nik me olha e pergunta:

– Também vai beijar ela?

– Beijar quem?

– A Gabriela também vai entrar ou já entrou para a sua lista?

– De que lista você está falando?

– Não se faça de bobo, você sabe muito bem do que estou falando. Vai beijar a Gabriela, pois ela é linda e tem a sua idade.

Caramba a sorte está mesmo do meu lado! Como pode uma mulher dessa sentir ciúmes de um garoto sem graça como eu?

– A única boca que eu quero beijar é a sua, mas parece impossível.

– Eu também estou louca para beijar a sua boca, mas não podemos brincar com a sorte.

– E se fossemos para o quartinho de ferramentas?

Ela sorri e faz meu coração palpitar forte. Nik começa a caminhar em direção a piscina, mas a felicidade que eu estava sentindo enquanto seguia os seus passos é soprada para bem longe quando Jack aparece e não a larga mais. Com o olhar, ela me pede desculpas. Jack quer entrar na piscina, diz que seu pai também vai entrar. Ele quer que eu entre também, mas eu consigo convencê-lo que hoje não dará. Vinícius aparece de roupa de banho e mergulha na água, Jack logo pula atrás e Nik diz ir ao seu quarto se trocar. Eles passam o resto da tarde na piscina e eu cuidando do jardim. Gabriela me chama para lanchar com ela e sua mãe. Sento à mesa na cozinha e ela senta ao meu lado. Clara está preparando uma bandeja e diz que irá levar até a piscina, mas antes dela terminar, Nik entra na cozinha sorrindo e este sorriso desaparece quando vê Gabriela me mostrando a foto em seu celular de seus irmãos. Clara lhe diz que já estava levando o lanche, Nik agradece e sai. O horário de eu ir embora chega e Clara diz que também está na sua hora. Vamos, eu, ela e Gabriela até a piscina e nos despedimos. Nik desvia o olhar do meu e parece chateada. Vou com Clara e Gabriela ao ponto de ônibus e espero com elas, enquanto isso falamos de nossos planos para o futuro. Gabriela e eu temos o mesmo sonho de formarmos em direito. Tudo o que conversamos nos faz ver que somos muito parecidos, de menos em opinião a Nik que mais uma vez ela diz que é metida. Clara defende sua patroa e diz gostar muito dela e eu digo o mesmo, mas Gabriela não muda a sua opinião, mesmo eu contando como ela me tratou no primeiro dia de trabalho. Vou para casa depois de mais de vinte minutos esperando o ônibus e só de pensar que amanhã não verei a Nik meu coração se entristece. 

O APRENDIZOnde histórias criam vida. Descubra agora