VÁ EM PAZ

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Chegando no endereço que minha mãe deixou na porta da geladeira, meu coração se aperta. Sei que a poucos passos meu pai está deitado em um caixão. Saio do carro de Nik e meus pés cravam no chão, ela se aproxima e pega em minha mão. Seguimos de mãos dadas e quando chegamos em uma ampla sala, vejo da porta um caixão sobre uma armação. Mamãe chora próximo ao caixão, Val está abraçada ao Theo e várias pessoas estão sentadas. Minha tia cochicha no ouvido de mamãe e ela me olha e vem rapidamente ao meu encontro, Val faz o mesmo e me abraçam. Mamãe quer que eu vá ver meu pai, mas eu digo que não quero. Ela insiste e Nik pede que ela me dê um tempo. Nik está abraçada a Val, pega em minha mão e nos leva para nos sentarmos. Theo se senta ao lado de sua namorada, mas Val não quer largar a mão de Nik. Mamãe voltou para perto do caixão e ao seu lado está sua irmã. Alguns parentes e amigos se aproximam e querem me dar as condolências, fico de pé e recebo vários abraços. Minha prima me abraça mais forte e por mais tempo que os outros.

– Eu sinto muito que estejamos nos revendo depois de quase um ano nesta condição.

– Eu também sinto. – respondo.

– Estava ansiosa para chegar logo o natal para poder te ver. Vocês irão para a minha casa mesmo assim, não vão? Estou cheia de planos para este natal ser o melhor de todos. No natal passado, eu bebi demais e acabei estragando tudo, desta vez o máximo que irei colocar na boca será uma dose de vinho, nada mais. Para o que eu pretendo fazer não posso estar bêbada, pois quero que seja inesquecível. – Ela sorri sabendo que sei do que ela está falando.

Será que ela está propondo uma noite de sexo?

Olho para os lados para ver se alguém está prestando atenção na conversa e dou de cara com o olhar atento de Nik. Minha prima não para de falar sobre seus planos para o natal, Nik desvia o olhar, mas eu pego em sua mão e ela se levanta um pouco surpresa.

– Nik, deixa eu te apresentar a minha prima, Priscila.

Priscila surpresa, olha para Nik desconfiada. Nik estende sua mão para ela e quando Priscila pega, ela diz:

– Prazer. Dominique.

– Prazer.

Priscila me olha em busca de uma explicação, quer saber quem é esta mulher, é claro.

– Dominique é minha ...

– Namorada. – Nik diz o que nem passou pela minha cabeça e me deixa surpreso e confuso.

– Namorada? – Priscila parece estar passando pelo mesmo que eu.

– É, Priscila, ela é minha namorada. – disfarço bem a minha surpresa.

– Eu não sabia que você estava namorando. Até no natal passado você era estava tão tímido.

– Mas do natal – Nik fala – até hoje já se passaram quase um ano. E se em um dia pode acontecer tantas coisas, imagina em um ano.

Priscila lhe olha séria, Nik retribui o mesmo olhar. Parece que não irão ser amigas.

– Mas você irá passar o natal lá em casa, não é, Ben?

– Vamos ver, eu ainda não sei de nada. Também depende de onde minha mãe vai querer ficar.

– Com certeza, ela irá querer ficar perto da irmã dela. Mamãe não irá querer deixar sua única irmã sozinha em pleno natal.

– Ela não irá estar sozinha.

– Mas a sua mãe com certeza irá querer ir lá para casa como ela faz todos os anos e você e a Val irão com ela como sempre foi, não é?

O APRENDIZOnde histórias criam vida. Descubra agora