O APRENDIZ

MORENA E RUIVA

No dia seguinte, Darla me ignora como fazia antes do trabalho e mais uma vez volto para casa sem ver Nik. Na quarta-feira, a professora de química devolve os trabalhos e quando o coloca sobre a carteira da Darla, lhe diz:

– Acho que fazer dubla com Benjamin lhe fez muito bem, mas sabe que terá que tirar esta mesma nota na prova se quiser passar sem precisar de recuperação, não sabe?

Darla me olha, pisca um de seus olhos e meu estômago esfria na hora. Na saída, ela chama meu nome quando vou sair da sala, todos vão saindo enquanto, Darla não termina nunca de arrumar seus matérias e eu a espero próximo a porta. Quando não há mais ninguém além de nós dois, ela se aproxima.

– Obrigada por ter colocado o meu nome em seu trabalho e parabéns, você tirou total. – Ela me entrega o trabalho. – Apesar de que ninguém espera menos de você. Semana que vem terá a prova e eu queria que você se sentasse perto de mim, pode ser?

– Você quer colar?

– Claro. Você não ouviu a professora dizendo que eu preciso tirar o mesmo valor do trabalho para eu poder passar sem precisar de recuperação?

– Sim, mas você não precisa colar para isso.

Ela sorri.

– Eu não sou nerd como você, Benjamin.

– Eu não sou nerd, para falar a verdade nem gosto tanto de estudar, faço isso porque preciso e preciso muito, pois eu não posso me dar ao luxo de ficar em recuperação em nenhuma matéria, muito menos ser reprovado.

– Só tenho uma semana, Benjamin, que outra opção posso ter a não ser colar de você?

– Podemos estudar juntos.

Vou conversando, tentando me manter tranquilo, mas meus olhos não saem de seus lábios.

– Por que você está olhando para a minha boca? – Ela se aproxima mais – Quer beija-la? – Seus lábios tocam os meus mansamente, mas se afasta rápido demais para o meu gosto. – Ela não espera pela minha resposta e muda de assunto: – O cinema ainda está de pé?

– Claro. – Sorrio como bobo. – Podemos estudar um pouco na praça e depois irmos, podemos estudar no domingo também e todos os dias da semana a noite também podemos nos encontrar na praça se você quiser.

– Tudo bem, sexta-feira marcamos o horário de nos encontrar no sábado, me liga, pois provavelmente não virei na aula mais esta semana.

Sinto vontade de perguntar o porquê, mas seria muita ousadia da minha parte. Darla dá um beijo rápido em meus lábios e se vai. Vou logo atrás flutuando de tanta alegria. Depois do almoço vou para casa de Nik, pergunto ao Horácio se ele já providenciou as flores e ele diz que não e que não sabe quando irá encontrar oportunidade de falar com a nossa patroa. Fico sem o que fazer depois de molhar a grama, ontem eu limpei a piscina e hoje não tenho nada para fazer. Pego minha mochila e quando estou fechando a porta do quartinho escuto um barulho de carro. Caminho para o portão e vejo Milla saindo do carro da Nik, ela me vê e sorri. Nik também sai e coloca seu óculos escuro sobre a cabeça e eu não consigo mais olhar para Milla, nem para Milla e nem para mais nada. Nunca vi uma mulher mais linda na minha vida.

– Oi, Gatinho! – Milla vem ao meu encontro e me dá um beijo na bochecha.

– Oi.

Ela olha para os meus olhos e suas mãos vão ao meu óculos.

– Cadê meus olhos lindos da cor do céu?

– Oi, Benjamin, – Nik se aproxima – Tudo bem?