╺ innocence. 𝘫𝘶𝘯𝘩𝘢𝘰.

"Acontece aos melhores."

Já vestido e preparado para voltar a socializar Jun saiu do quarto. Ao sair deu de caras com Seungcheol e Jeonghan a sair do quarto ao lado do seu e congelou naquele mesmo momento. Demorou cerca de cinco segundos a juntar as peças e percebeu que os seus dois amigos eram a fonte dos gemidos que havia ouvido anteriormente. Sentiu uma pontada na cabeça e uma forte vontade de vomitar. 

Desceu as escadas até à sala de estar e encontrou algumas pessoas a jogar uno, entre elas alguns dos seus amigos. Sentou-se no sofá e apenas ficou a assistir enquanto os jogadores gritavam e riam.

Pelo canto do olho pôde ver Minghao sentado num canto com Mingyu e o irmão de Seungcheol, o qual não se lembrava o nome. Subiu-lhe o sangue à cabeça quando viu Mingyu passar o braço pelo pescoço de Minghao e abraçá-lo apertado, como se fossem um casal. "Mas tu és meu, Xu Minghao." pensou na maior fúria enquanto via os dois amigos rirem um para o outro.

─ Vocês são perfeitos para o papel. ─ San sorriu. ─ Têm tanta química.

─ Temos? ─ Minghao riu levemente envergonhado.

─ Claro que temos, amor. ─ Mingyu brincou apertando o mais novo no seu abraço.

Enquanto tratavam dos detalhes para a curta-metragem, Minghao conseguiu sentir o olhar de Jun sobre si. Sentiu-se levemente desconfortável e, por isso, olhou na sua direção.

O mesmo já o olhava, como esperado, e não estava muito feliz. 'O que foi?' Minghao gesticulou com a boca e Jun deu de ombros. "Teimoso do caralho." o mais novo xingou mentalmente e voltou a atenção para os dois rapazes que estavam consigo.

─ CARALHO! ─ Alguém gritou do fundo dos seus pulmões. ─ MAIS CATORZE? EU VOU ACABAR COM A VOSSA RAÇA!

─ EI, EI, CALMA. ─ Outra pessoa gritou de volta e as pessoas presentes na sala começaram a desviar o olhar para os berros. ─ WONWOO LARGA ESSE COPO!

A situação parecia um circo. Wonwoo aparentemente teria de apanhar catorze cartas do baralho, claramente a personificação de sorte. Teve um ataque de raiva e pegou no copo mais próximo para tentar atirar a alguém, mas Seungcheol e Jun seguravam nos seus braços para ele se acalmar.

─ Wonwoo, é só um jogo. Calma. ─ Soonyoung aproximou-se do outro e tentou relaxar o ambiente.

─ NÃO ME MANDES TER CALMA! ─ Wonwoo parecia um animal selvagem infetado com raiva.

─ Chega. ─ Mingyu chegou por trás do mais velho e puxou-o para a cozinha. ─ Não podias ser mais criança, Wonwoo.

Wonwoo apenas deu de ombros e sentou-se na cadeira chateado. Gostava demasiado de Mingyu para se chatear ou gritar com ele.

Enquanto os dois conversavam, agora mais civilizadamente, os restantes, ainda na sala, riam da situação.

Minghao sentou-se no sofá entre Jun e Jeonghan e nunca se sentiu tanto entre a espada e a parede. Rezou mil vezes mentalmente para Junhui não fizesse nenhuma piadinha ou lhe tocasse em algum lugar inapropriado, senão ninguém conseguiria parar Jeonghan como pararam o Wonwoo. E, com certeza, ele não usaria o copo.

─ Há pouco passei pelos quartos do fundo e ouvi uns gemidos loucos. ─ Soonyoung comentou enquanto ria.

Os quatro culpados paralisaram nesse preciso momento. Os chineses entreolharam-se e o casal de mais velhos fez o mesmo. Ao notar toda aquela tensão vinda dos quatro, Seungkwan riu abafada atraindo a atenção dos outros.

─ Estás a rir de quê? ─ Soonyoung questionou.

─ Aqueles quatro ficaram muito pálidos, não? ─ Seungkwan apontou para os amigos. ─ Acusem-se.

─ Eu 'tava a ver porn. ─ Junhui rapidamente livrou-se das acusações e os outros ficaram sem reação.

─ Estás rodeado por gente que quer foder contigo e vais ver porn e bater uma sozinho? Que triste, Junhui. ─ Boo reclamou.

Por alguma razão desconhecida aquela frase fez o coraçãozinho frágil de Minghao doer. Ele não costuma ser afetado por coisas banais e não se deixa abater por mesquices, mas quando se trata de Junhui parece que toda a sua armadura de ferro inquebrável cai.

'Estás rodeado por gente que quer foder contigo.' ainda dói mais quando se percebe que é verdade. É um facto. Um que Minghao não consegue afastar da sua cabeça.

Junhui tem duas filas quase infinitas; a fila das pessoas com quem já fez sexo e provavelmente vai fazer de novo e a de pessoas que ainda falta fazer sexo com. E Minghao não se sente confortável em saber que potencialmente as filas vão andar, sem ele saber.

Ok, o acordo que fizeram não tinha explícito que Jun não se podia envolver com outras pessoas, mas se ao menos ele tivesse lido as entrelinhas no contrato. Talvez se ele tivesse prestado atenção às letras pequeninas, Minghao não se sentiria assim.

Levantou-se do sofá calmamente tentando não chamar a atenção de nenhum dos seus amigos e dirigiu-se para o mini bar mais próximo. A festa iria começar de novo, então por que não começar um pouco mais cedo?

Pegou na primeira garrafa que lhe apareceu, talvez fosse um scotch, um whiskey ou uma aguardente qualquer. Não se preocupou em pegar num copo e apenas bebeu direto do olho da garrafa, como se fosse um selvagem... ou apenas alguém com o coração partido.

─ O que vem a ser isto? ─ Uma mão grande tenta roubar a garrafa ao chinês, porém os seus reflexos são mais ágeis.

─ Deixa-me em paz, Jaehyun. ─ Minghao disse seco antes de dar mais um gole.

─ Aconteceu alguma coisa? ─ Jaehyun sentou-se ao lado do mesmo e acariciou o seu ombro. ─ O álcool nunca é suficiente para preencher um coração partido, Hao.

─ Eu só... Não sei. ─ Minghao suspirou e encostou a cabeça no ombro alheio. ─ Eu estou a exagerar. Talvez tenha partido o meu próprio coração.

─ Acontece aos melhores. ─ Jaehyun soltou uma risadinha e acolheu o mais novo nos seus braços, retirando-lhe a garrafa das mãos.