─ Então isso significa que eu só me consigo envolver com alguém romanticamente apenas se tiver uma conexão espiritual ou forte o suficiente para me apaixonar? ─ Jun não podia estar mais confuso, mas pensar nisto fê-lo esquecer de todo o resto.
─ Exatamente. E também acho que tu tens uma conexão muito forte com o Minghao e te estás a apaixonar, mas não consegues entender por ser algo tão novo e diferente.
Jun ficou em silêncio enquanto digeria tudo o que acabara de ouvir. Seria mesmo possível? Ele queria tanto que fosse. Talvez assim aquele "Eu também te amo." não tenha sido por piedade como Jun pensava ter sido.
─ Eu disse que o amo. ─ Jun cortou o silêncio bruscamente.
─ O quê?
─ Eu disse-lhe que o amo. Não sei porquê. Apenas saiu da minha boca na hora.
─ Sabes, o nosso cérebro é algo muito complexo e complicado de entender. Às vezes nós pensamos tanto numa coisa que quando temos de enfrentá-la o nosso corpo simplesmente se entrega, mesmo quando a reprimimos com toda a força. A maior parte das vezes por causa de amor.
─ Então quer dizer que eu disse que o amo impulsivamente, porque é uma verdade que estou a tentar reprimir?
─ Talvez sim. Talvez não. O cérebro humano e o amor são as duas coisas mais complexas e poderosas que existem. Não há explicação para nada que façam. ─ O doutor sorriu e Junhui retribuiu. ─ Chegámos.
Ao ouvir essa palavra Junhui paralisou. Olhou para a esquadra da polícia à sua frente, vendo guardas a sair e entrar pela porta principal, e sentiu uma grande ânsia de vômito.
Notando o seu desespero, o médico gentilmente ajudou Jun a sair do carro e segurou no mesmo enquanto caminhavam em direção ao edifício. Ao entrar seguiram sem rodeios para a receção onde se encontrava a secretária e o médico proferiu a tão conhecida frase.
─ Estamos aqui para reportar um crime.
[Horas depois]
Tanto tempo já se havia passado e Junhui ainda se encontrava sentado na cadeira fria da sala de interrogação. Sentiu que ia desmaiar pela décima vez e fechou os olhos contendo as suas emoções.
Já havia dado o seu depoimento a três polícias diferentes e chorou em todos eles. Como uma menininha indefesa. E bebeu dois cafés para ganhar toda a energia que perdeu repentinamente.
O doutor Sook ainda permanecia ao seu lado e segurava a sua mão quando Jun se sentia mais fraco. O chinês fez uma promessa mental de pagar um jantar ao médico pela sua dedicação e ajuda.
Uma detetive entrou na sala, tirando Junhui dos seus pensamentos, e cumprimentou ambos com um aperto de mão.
─ Olá Junhui, sou a detetive Moon. Já me informaram do teu caso e quero que saibas que sinto muito. ─ A mesma disse sentando-se e Jun agradeceu baixinho. ─ Vou fazer os possíveis para encontrar essa jovem. Aparentemente não és o primeiro a quem ela fez isso, porém os anteriores foram desacreditados. Algo assim não é muito comum, como deves saber. Mas eu acredito em ti e ela vai ter o que merece.
─ Obrigada detetive. Espero realmente que a prendam imediatamente. Agora, já posso ir?
─ Sim. Como és maior de idade não iremos informar os teus pais, mas sugerimos que o faças antes que eles descubram pela tv ou internet.
─ Irei fazê-lo. Obrigada, novamente.
E assim Jun livrou-se do maior peso que tinha nos ombros. Sentia-se talvez uns oitenta por cento mais livre, mas aqueles vinte que restavam… pertenciam a Minghao.
O que faria ele agora? Falaria com ele? Contar-lhe-ia tudo o que aconteceu? Teria assim tanta lata de voltar repentinamente depois de ignorar toda a gente por duas semanas? O antigo Junhui faria tudo isso, parece que está na hora de voltar ao normal.
─ Queres que te leve de volta para a universidade? ─ O doutor Sook perguntou.
─ Sim, por favor.
Voltaram a entrar no carro e seguiram caminho até à universidade. O médico estava mais feliz vendo que Junhui já esboçava mais sorrisos e fazia mais piadas. Finalmente soltou-se daquilo que o amarrava.
─ Junhui, ainda temos de continuar a tratar da tua condição. Tens melhorado bastante nesse aspecto.
─ A ninfomania?
─ Sim. Quando foi a última vez que tiveste relações sexuais?
─ Hm… dois dias atrás, acho.
─ É um grande progresso. E não sentes necessidades constantes como antes?
─ Agora que fala nisso, não sinto muito.
─ Vês? Eu disse que tinhas melhorado. ─ O doutor sorriu largo.
─ Realmente. Muito obrigado, doutor. ─ Jun retribiu o sorriso na mesma intensidade. ─ Fico a dever-lhe um jantar.
─ Aceito apenas se trouxeres o Minghao contigo. ─ O médico provocou.
─ Então traga a sua mulher também. Vejo que tem aliança. É um encontro duplo. ─ Jun riu.
─ Combinado então. ─ O médico riu também.
Chegando à universidade Junhui correu para os dormitórios, mais precisamente para o seu quarto, na esperança da primeira pessoa que visse seria Minghao.
Ah… como ele sentia saudades da sua voz doce, do seu risinho fofo e das suas mãos suaves. Como ele cravava sentir aquele sabor a morango novamente.
Abriu a porta rapidamente e quase deu um grito de alegria ao ver o mais novo na sua cama a ler um livro pacificamente. Fechou a porta atrás de si atraindo a atenção do mais novo que o olhou de olhos arregalados.
─ J-Jun? O-Olá… ─ O mais novo rapidamente escondeu o livro que estava a ler e Jun olhou-o intrigado.
Sem se importar correu até ao mesmo e atirou-se para a sua cama. Ouviu um grunhido de dor do mais novo e abraçou-o com toda a força que tinha.
─ Senti tantas saudades, Hao. Nem imaginas. ─ O mais velho enterrou o rosto no pescoço do mais novo.
─ Então por que é que praticamente desapareceste durante estas duas semanas? ─ O mais novo estava chateado, mas não conseguiu evitar em levar uma mão aos cabelos do outro e acariciar.
─ Aconteceu uma coisa e a minha cabeça estava a mil. Perdoa-me.
─ Só te perdoo se me contares o que aconteceu.
─ Eu… ─ Jun respirou fundo e apertou mais forte o corpo magro de Minghao. ─ Na festa do Taeyong. Uma garota… ─ Sentiu tudo voltar e quis chorar novamente. ─ Violou-me.
─ O QUÊ?! ─ Minghao praticamente gritou e puxou o rosto de Jun para olhar para si. ─ Meu G-Dragon, Jun. Por que é que não nos contaste nada? Nós a pensar todo o tipo de coisa e tu a passar por isso sozinho.
─ Eu não estava sozinho. Eu fiz terapia nestas duas semanas. Hoje fui à polícia fazer queixa e ela vai ser detida.
─ Espero bem que sim. Porque se eu a apanho ela desaprende a respirar.
O mais velho apenas riu do comentário de Minghao, tinha saudades disto. Olhou nos olhos pretos do mais novo e sentiu uma vontade absurda de o beijar. E seria mentira se se dissesse que Minghao não sentiu o mesmo.
Como ímãns a atraír-se, os seus rostos aproximaram-se rapidamente e com toda a pressa do mundo os seus lábios tocaram-se pela primeira vez em muito tempo. Bom, foram apenas algumas semanas, mas pareceu uma eternidade inteira.
Jun acariciou a pele macia do rosto do mais novo enquanto Minghao tinha a sua mão por cima da do mais velho. Deixaram escapar vários suspiros por entre o beijo, de tanta falta que sentiam do toque um do outro.
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╺ innocence. 𝘫𝘶𝘯𝘩𝘢𝘰.
Fanfiction"Ah e como era bom, os seus lábios eram quentes e molhados. Estranhamente, sabiam a morangos e cigarros. Era viciante."