"Vá, Xu Minghao, beija-me."

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─ Eu só… Não sei. ─ Minghao suspirou e encostou a cabeça no ombro alheio. ─ Eu estou a exagerar. Talvez tenha partido o meu próprio coração.

─ Acontece aos melhores. ─ Jaehyun soltou uma risadinha e acolheu o mais novo nos seus braços, retirando-lhe a garrafa das mãos.

Rapidamente os jovens começaram a juntar-se na sala novamente o que significa que a festa estava prestes a recomeçar.

Minghao e Jaehyun levantaram-se do seu canto, agora mais animados e sem pensar muito, e dirigiram-se para junto dos demais. Taeyong tentava subir para cima da mesa de centro com a ajuda de Seungcheol, mas o mesmo acabava por o empurrar de brincadeira sempre que ela conseguia estabilizar-se.

─ Jeonghan, controla o teu namorado. Que caralho. ─ Taeyong disse irritado.

Jeonghan, que assistia a tudo de braços cruzados, lançou um olhar ameaçador ao mais velho e o mesmo foi para o seu lado, como um cachorrinho assustado.

Taeyong limpou a garganta e gritou para que todos os presentes olhassem para ele. Quem não soubesse do que se tratava pensaria que aquilo tudo era um culto.

─ É assim. Está uma porra de um dia lindo e TODA A GENTE VAI PARA A PRAIA! ─ O aniversariante gritou, seguido de todos os outros.

Uma enchente de gente seguiu a correr para a praia. O que antes parecia um culto agora semblava uma marotona, ou a black friday. Com garrafas, comida e toalhas nas mãos os jovens tresloucados chegaram à praia e a primeira coisa a se fazer foi colocar música, no volume mais elevado possível.

Então a festa voltou. Gritos, risos e muita bebedeira pairava pelos ares quentes de verão. E Minghao sentia como se fosse ser levado por eles a qualquer momento.

Começou a dançar junto a Chan, que se divertia com alguma improvisação muito profissional. Ria como um louco e estava mais feliz que nunca. Momentos como este completavam a sua vida.

Olhou em frente e viu Junhui olhá-lo também bastante sorridente. O mais velho gostava de ver Minghao assim, desinibido e aventureiro. Chamou-o discretamente para que o seguisse e o mais novo assim o fez.

─ Quero um beijo. ─ Junhui disse tentando esconder um sorriso óbvio.

─ Hm? Não falo coreano, sorry. ─ Minghao brincou, já claramente tomado pela bebida.

Junhui bateu a língua nos dentes e negou com a cabeça. Puxou o mais novo pela cintura, segurando-o rigidamente, e chocou os seus corpos sensíveis.

Quero um beijo. ─ Sussurrou perigosamente perto do ouvido do mais novo, que se arrepiou por inteiro.

E se eu não der? ─ Minghao ainda tentou rebater, porém sabia que não conseguia resistir.

Mas eu sei que tu queres. Vá, Xu Minghao, beija-me.

E, totalmente submisso, assim o fez. Puxou o mais velho pela sua nuca e conectou os seus lábios, agora quentes pelo contacto. De todas as vezes que beijava Junhui parecia diferente, havia sempre algo a mais a cada vez. Ainda havia aquele sentimento de 'Quero-te todo para mim.', mas sabia sempre a algo novo.

Como nos jogos, quando se desbloqueia uma conquista nova a cada passo do caminho. Era assim que Minghao se sentia, a desbloquear conquistas no coração de Jun, até conseguir desbloqueá-lo por inteiro. E, para se ser verdadeiro, Jun sentia estar a fazer o mesmo com ele, era apenas um pouco mais fácil.

Foi Minghao que decidiu subir a partida e com toda destreza, que não tinha, chupou a língua do mais velho. Pensou que o mesmo fosse rir, mas Junhui pareceu perder todas as forças naquele momento. O olhar penetrante de Minghao e os seus lábios macios em volta da sua língua, fizeram-no subir ao paraíso e voltar.

Quebraram o contacto lentamente e notaram que, para além dos rostos rosados, respirações descompassadas e corações acelerados, os seus olhos brilhavam com mais força do que o sol que os cobria.

─ O que somos, Xu Minghao? ─ Jun sorriu acariciando o rosto quente do outro.

─ Somos só amigos, Wen Junhui. ─ Minghao retribuiu o sorriso, meio atordoado pelo que saiu da sua própria boca.

Só amigos.

─ Mas os teus amigos não conhecem o teu sabor. ─ O mais velho falou entre os beijos molhados que deixava no pescoço de Minghao. ─ Nem o som dos teus gemidos.

Pois não. 

Não conhecem.

Só tu conheces.

─ Então que somos? Amantes? ─ Minghao fechou os olhos, tentando manter a postura.

─ Somos tudo, Hao. E não somos nada. ─ Jun parou e abraçou o outro levemente. ─ Esta noite.

Tudo e nada.

─ Esta noite, o quê?

─ Deixa-me fazer-te meu, finalmente.

O de cabelos pretos paralisou. Uma imensidão de perguntas sem respostas passou pela sua cabeça e por momentos tudo ficou branco. Estaria preparado para aquilo? Um passo tão pequeno para Jun e, ainda assim, tão grande para Minghao. Não era um pedido de casamento, mas o nervosismo era talvez semelhante.

Minghao apenas apertou Jun no seu abraço e sussurrou "Sê paciente.". O outro apenas suspirou em resposta. Por Minghao ele teria toda a paciência necessária, esperaria mil anos luz se preciso. Mas Jun não sabia se podia esperar, e Minghao tinha a certeza que não. Era um risco que estava disposto a correr, ver Junhui com outros apenas porque teve medo de avançar. Não o culparia, mas sentir-se-ia muito mal.

─ Eu prometo que vou. ─ Jun finalmente quebrou o gelo. ─ Vou esperar.

─ Jun, não prometas coisas que não serás capaz de cumprir. ─ Minghao arrumou o cabelo do mais velho.

Era uma conversa importante, talvez decisiva, que envolvia muito mais que um acordo. Envolvia sentimentos e dois corações apaixonados. Mas, mesmo assim, era calma e relaxada, como se fosse uma conversa passageira.

─ Mas eu prometo. Eu sei que vou conseguir esperar por ti. Eu prometo, Xu Minghao. ─ Junhui não sabia da percentagem de certeza que tinha naquelas palavras.

─ Então lembra-te dessas palavras. Por que se não cumprires, vais-me partir o coração. ─ Minghao suspirou. ─ Seria mais fácil não teres feito promessas, imbecil.

Os dois, sem pronunciar nem mais uma palavra, voltaram para junto dos outros. Estava na hora de cantar os parabéns a Taeyong e quatro pessoas tinham bolos nas mãos. 

Juntaram-se todos num círculo, com o aniversariante no meio, e começaram a cantar a tão famosa musiquinha, enquanto acompanhavam com palmas. No final da canção Taeyong soprou as velas e todos os seus amigos aproximaram-se para abraçá-lo. 

No meio da multidão Minghao procurou Junhui e quando notou o seu olhar ser correspondido evitou-o imediatamente. Não queria parecer rude, mas estava nervoso depois do pedido do mais velho. Talvez o melhor por agora fosse ignorar e ocupar a cabeça com outras coisas.

Juntou-se a uma rodinha de pessoas sentadas na areia e procurou entender o que estavam a fazer. Aparentemente, jogavam um jogo como o "Eu nunca", porém com um twist. Chama-se "Eu já" e funciona assim: uma pessoa diz "Eu já fiz tal coisa." e quem não tiver feito essa coisa, para além de beber, terá de a fazer. Parecia divertido, então o chinês decidiu participar.

─ Jihoon, é a tua vez. ─ Vernon disse.

─ Hm… ─ Parecia uma tarefa difícil para Jihoon pensar em algo. ─ Eu já mergulhei no mar vestido.

Uma série de resmungos foram ouvidos pelos outros jogadores que tomaram um shot de uma bebida qualquer que ali estava. Junto com Minghao foram mais umas seis pessoas, que rapidamente mergulharam na água fria e saíram a reclamar com Jihoon. 

Os que estavam na areia apenas riam e os que não estavam no jogo estavam confusos com aquela situação, mas era extremamente engraçado ver os outros tremer de frio.

─ Agora é o Yunho. ─ Jihoon escolheu o próximo jogador.

─ Fácil. ─ Yunho sorriu malicioso. ─ Eu já dei um beijo triplo.

╺ innocence. 𝘫𝘶𝘯𝘩𝘢𝘰.Where stories live. Discover now