"Eu só quero o Minghao."

1.2K 122 19
                                    

Jun parou de falar quando percebeu o que saiu da boca do mais novo. Subiu o olhar para os olhos do mesmo e não os largou por um segundo. Minghao ama-o? Minghao disse que o ama? Minghao é um louco por amar alguém como Junhui. E Junhui é louco por Minghao.

─ Eu também te amo. ─ Disse curto e simples, mas colocou todo o sentimento naquela frase.

Mas Jun sabia que esses sentimentos apenas prejudicam Minghao e agora tudo o que ele queria era não magoar o mais novo. E ficar perto dele não ajudaria em nada nesse quesito.

Colocou uma mão no topo da cabeça de Minghao e, carinhosamente, acariciou os seus cabelos pretos. O mais novo olhou-o confuso e Jun apenas sorriu. Um sorriso triste e amargurado, que significava apenas uma coisa.

Adeus.

─ Mas, mesmo com todos estes sentimentos, eu não te quero magoar. Eu sou um peso morto na tua vida, Hao. E eu não te mereço. ─ Disse sem piedade, como se não estivesse a ofender-se a si mesmo.

─ Mas Jun... ─ Minghao não teve tempo de sequer perguntar e foi deixado sozinho naquele quarto.

[2 semanas depois]

Minghao sentia-se perdido, porém não estava devastado como pensou que ficaria. Ainda precisava de respostas, esclarecimentos, palavras, algo que lhe garantisse que Junhui não havia desistido de si. Ou pelo menos da sua amizade.

Mesmo vivendo no mesmo quarto de dormitório, Minghao já não via o outro com tanta frequência. O mais velho saía cedo de manhã e voltava quase de madrugada, sempre quando os seus amigos já dormiam. E durante as aulas e intervalos ignorava qualquer pessoa que falasse consigo e fugia de toda interação social. Adotou essa rotina para não precisar encarar ninguém, sentia-se num caco. Um fraco, nojento, desprezível. Já não sabia de onde tanto ódio vinha.

Mas o que ninguém sabia era que, depois da universidade, já quase de noite, Jun frequentava um terapista. Algo que, há uns tempos atrás ele se irritaria se alguém lhe sugerisse. Mas agora... agora Jun queria emendar.

Ser melhor.

Ser melhor para Minghao.

─ Então Junhui, como foi esta semana? ─ O doutor Sook perguntou com as mãos descansadas no bloco de notas.

─ Normal, acho. ─ Jun deu de ombros enquanto olhava à sua volta. ─ Nada parece ter mudado desde que comecei as sessões, para ser sincero.

─ Não parece, mas mudou. ─ O doutor sorriu. ─ Mas tu ainda não percebes, porque não te soltas daquilo que te amarra.

─ Mas nada me amarra, doutor.

─ Junhui, eu sei quando alguém mente. E também quando alguém esconde algo. Por favor, ajuda-me a ajudar-te.

Jun suspirou, finalmente encarando os olhos do médico à sua frente, e percebeu que não poderia esconder-se por mais tempo.

─ É uma longa história, doutor. ─ Jun suspirou.

─ Ainda nos resta uma hora. ─ Falou após olhar para o seu relógio de pulso. ─ Sou todo ouvidos.

Então, Jun começou pelo início, pela génese da sua existência. Contou ao doutor Sook como foi quando chegou à Coréia, o medo e a solidão que sentia constantemente. Contou o quão desolado ficou quando foi forçado a deixar o seu pai para trás após um terrível divórcio com a sua mãe.

Mas a sua expressão aliviou quando entrou numa longa descrição de como os seus amigos coloriram a sua vida, que até então estava coberta por tons de cinza. Contou-lhe da felicidade que sentia quando todos se esforçaram para lhe ensinar coreano, como se preocupavam com ele e o tratavam como um irmão. Eles eram a família de que Junhui tanta falta sentia.

╺ innocence. 𝘫𝘶𝘯𝘩𝘢𝘰.Where stories live. Discover now