quatro

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ITÁLIA, SICÍLIA

VALENTINA MONTANARI

NOVE ANOS ATRÁS.

Eu não sei como parar de pensar naquela cena que ia acontecer aqui nesse mesmo quarto, ele foi tão fofo, vindo me dar explicação, que minha alma de romântica já fantasiou até o nosso casamento, idiota, eu sei.

Preciso compartilhar isso com alguém e tem que ser com a Lina, só posso falar sobre isso com ela.

Minha mãe está estranha comigo, o tempo todo me olhando com um olhar de interrogação, tentando de alguma forma me decifrar. Eu sinto que ela ficou toda estranha depois que me pegou "abraçada" com ele. Mas falando sério, até eu estou estranha.

Eu nunca imaginei que fosse ficar tão próxima dele como ontem, e justamente por isso fiquei nervosa, ainda mais quando todos os garotos no colégio e agora na faculdade tentaram e ainda tentam, mas eu sempre dou um jeito de fugir deles, não sei se era esperando por ele, mas nunca me imaginei me relacionando com outra pessoa que não fosse Petrus.

Enfim, paro de andar de um lado pro outro e pego meu celular e ligo para Alina pedindo a ela pra vim para cá urgentemente. Ela não pede explicações, só vem.

Deito na minha cama e fico refletindo, não fui a faculdade hoje, não dava, eu precisava conversar com ela em casa, sem ninguém por perto.

Escuto um barulho na porta e me desperto sabendo que ela chegou, essa que já chega pulando literalmente na minha cama, quase me derrubando.

- Pode ir contando o que aconteceu pra senhorita faltar hoje e por que estava toda nervosa na ligação? - me pergunta, com uma cara de que sabe que aprontei, ou que vou.

- Lina, você não faz ideia de tudo que aconteceu em apenas uma noite. - falo a puxando para perto de mim, isso é algo que não se pode falar muito alto, essas paredes têm ouvidos.

- Realmente não sei, mas você pode me contar...

- Há há, bem engraçadinha você. Mas então, Petrus voltou e eu surtei ontem, ele tava estranho, me olhou durante todo o jantar com um olhar diferente, não sabia decifrar o que era. A gente teve uma pequena discussão, onde eu falei das namoradas dele e ele foi um cara de pau de confirmar, fiquei chateada com isso e terminei subindo para meu quarto, achando que não o veria mais, pelo menos não até o outro dia, mas logo depois ele vem aqui e começou a conversar comigo... - conto o resto dos detalhes e ela está com a boca aberta olhando pra mim quando termino.

- Você tá me dizendo que aquele gostoso te disse isso? Porra, que sorte você tem minha amiga, muita sorte.

Não estou entendendo esse nervosismo todo. Isso não é bom? o cara que você é louca foi fofo, qual o motivo do surto? - pergunta, com a maior naturalidade.

- E não é pra mim ficar nervosa? ele nunca me deu bola durante esses anos e agora volta e do nada vem todo doce, isso é estranho demais. - ela começa a rir do meu desespero, essa desgraçada.

- Val, se agora ele voltou é porque se importa contigo, e se quer um conselho é que vá atrás dele, converse ou então tasca logo um beijão nele, ou eu farei por você - sua fala me deixa intrigada, mas ignoro. - e pelo amor de Dio, não deixa isso passar, nunca te perdoaria por isso. Vive a vida amiga. Deixa acontecer. - continua, vindo me abraçar.

Mas ela realmente não entende, acha que tudo é fácil. Tem meu pai, e ele. Com certeza ele só fez aquilo pelo momento, nunca que ele vai me querer.

- Não é fácil assim Lina, você sabe que meu pai jamais deixaria eu me envolver com alguém de dentro agora. Mesmo que ele me queira ao lado, ele não quer eu ao lado de alguém, ele é muito ciumento, tenho até medo do que ele poderia fazer se sonhasse com isso. E outra, tem minha mãe, ela também não iria aceitar, principalmente pelo fato de me querer o mais longe possível desse mundo. Várias vezes ela me perguntou se eu encontrei alguém no colégio ou na faculdade, ela sempre torceu para mim encontrar alguém de fora.

- Eu entendo tudo isso Val, mas pensa em você, no que sente, pode ser algo passageiro ou algo pra vida toda, não deixa passar. Se der errado é aprendizado amiga. - ela diz, e me deixa refletindo.

Tudo que ela disse realmente faz sentido, mas não sei se isso pode ser o certo.

FRAGILE | ✓Où les histoires vivent. Découvrez maintenant