cinquenta e três

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INGLATERRA, BRIGHTON

ADAM FORCHHAMMER

ATUALMENTE.

Eu podia ter contado tudo que descobri pra ela, mas não dava. Ela iria surtar, e assim, o espantar.

Tudo que eu tenho são teorias que só podem ser respondidas por meu irmão e por aquela vadiazinha que se auto rotulou esposa dele. Tenho pena dela quando estiver frente a frente com a fúria da Valentina.

Assim que sai da Itália, peguei voo para Inglaterra porque agora eu irei começar a agir e por isso estou novamente de frente ao trabalho da esposa de Petrus, observando seus passos.

Se tudo for da maneira que estou pensando, em pouco tempo ele entrará em contato com ela. As coisas estão se fechando pra ele.

Ela faz o mesmo caminho de sempre.

Eu que estou de fora fico entediado ao ver a vida que eles tem. É tão sem graça.

Enquanto a sigo, posso observar que ela realmente continua mais linda que antes, mas infelizmente, é uma víbora. Eu não sei como a Valentina vai lidar com tudo. E esse é meu maior medo. Ela não vai aguentar esse baque mais uma vez. Eu espero de verdade, que ela e meu irmão possa finalmente ficar juntos quando isso acabar.

Meu celular começa a tocar e eu o pego estranho ao ver que é Valentina, disse a ela que não ligasse mais. Nossos celulares estão grampeados. Merda.

— Você esqueceu o que eu disse? — pergunto um tanto nervoso.

— Não sei sobre o que você está falando exatamente, mas queria dizer que ela deve não ter esquecido Forchhammer. — Filho da puta!

— O que você está fazendo com o celular dela? — pergunto realmente puto. Ele solta uma risada sarcástica. Desgraçado.

— Ela é minha esposa e está no banho, então, me sinto no direito de poder mexer nas coisas dela. Mas quero ser direto. Pare de mexer onde não deve, ou será pior pra você. Bem pior! — ele nem me dá tempo para uma resposta. Desliga na minha cara.

A cada ação nova vindo da parte dele, eu confirmo o que já estava duvidando a muito tempo. Ele é o traidor. Só pode ser ele.

Vim investigando ele, e só agora, que eu descobri que ele estudou junto com Valentina durante o ensino médio. Pude perceber que ela não se recorda muito disso. Outro fato, é que sua família quase foi expulsa anos atrás, mas por algum motivo que ainda não descobri, não foi.

Ele tem motivos reais de ser o tal cara. Ele era obcecado por ela, e sempre esteve por perto, longe e ao mesmo tempo muito perto. Me recordo dele em algumas festas a observando. Na verdade, observando ela e meu irmão. Sempre.

Só alguém dissimulado para fazer algo grande assim só por querer uma mulher. E ele me parece esse tipo.

Ele nunca teve nenhum envolvimento com ela desde que se casaram, mas percebo que por ele, já teriam tido.

Ele sempre estava por perto quando armamos alguma emboscada, ou seja, ele sempre tinha acesso a tudo. E tinha dinheiro o suficiente para fazer tudo que fez. É lógico que ele quer mais, só não sei qual finalidade ele pensa ter. E sinceramente, não vou esperar pra ver.

Sou tirado de meus pensamentos ao ver quando a "esposa" de meu irmão sai de seu estúdio indo para seu carro, mas para com uma ligação e a pessoa diz algo pra ela que a faz procurar por algo na rua, mais especificamente no mesmo local que eu estou. Dentro de meu carro. Ela continua observando enquanto fala em seu celular.

Se minha teoria estiver certa, é ele.

Ela para de olhar e segue para seu carro, agora aparentemente nervosa. Muito.

Ah querida, seu inferno particular irá começar, falta pouco. Eu cogito em ir atrás dela, mas não irei. Vou atrás de meu irmão, ele finalmente precisa saber de tudo, ou pelo menos parte de algumas coisas. A principal, é quem ele realmente é. Estou contando com a ideia de ele acreditar em mim. Preciso disso.

Ligo meu carro e faço o trajeto até o trabalho de meu irmão. Meus homens me seguem logo atrás. Escolhi alguns que eu acho que posso confiar. Mesmo sabendo que na situação que estamos, ninguém é confiável.

Ao chegar de frente a empresa observo o grande prédio. Está na hora de Petrus Forchhammer voltar a vida. Voltar ao submundo que ele pertence.

Desço do carro indo em direção a empresa. Pego o elevador indo direto ao setor onde ele trabalha. Administração.

Ao chegar no local, observo algumas pessoas e uma secretária. Vou em sua direção informando que preciso falar com Antony Moretti. Ela pega seu celular o avisando.

Sento-me em um banco próximo e espero pacientemente até que ela diz que ele está me esperando. Saio em disparada para a sala com seu nome.

Bato na porta e ele diz um entra baixo.

Ao entrar, o vejo sentando em sua cadeira. Essa sala é minúscula. Nada confortável para um homem tão poderoso como ele.

— Fiquei surpreso ao saber que você que estava aqui. — ele diz se levantando e me cumprimentando.

— Precisava falar com você com urgência. — Eu digo a ele que me olha estranho. — Você deve está estranhando, mas o que tenho pra te dizer é algo que irá fazer você se sentir familiar novamente. — ele me observa enquanto me sento na cadeira de frente pra ele. Pego meu celular em meu bolso abrindo na pasta que contém fotos dele desde pequeno comigo, até os dias atuais, com Valentina também. Entrego o celular para ele. — Olha!

— O que é isso? — ele me pergunta enquanto pega meu celular e passa a observar as fotos. Sua expressão começa a parecer confusa. — Isso é algum tipo de brincadeira? Quem é você? Por que está me mostrando isso?

— Sou seu irmão. Adam Forchhammer. — falo olhando dentro de seus olhos. Ele me olha incrédulo. Ele solta meu celular na mesa e se levanta andando de um lado para o outro. — Eu sei que é difícil de acreditar, mas é a verdade. Eu vim observando você a alguns dias. Você foi dado como morto, eu achei que você tinha morrido, por isso não te procurei mais. — falo também me levantando. Ele para de andar me olhando.

— Por que você só me disse isso agora? — ele fala transtornado. — Eu passei todo esse tempo que acordei do coma achando que minha vida era essa que eu estava vivendo. — ele diz olhando pra mim, muito nervoso. — Como eu posso acreditar que você está falando a verdade? E minha esposa?

— É uma conversa muito longa, não dá pra ser aqui. — digo a ele que me olha tentando de alguma forma me reconhecer.

— Eu não consigo me lembrar de nada. — ele diz jogando tudo que estava em cima de sua mesa no chão. O observo, e compreendo. Não se lembrar da sua própria vida deve ser uma das piores torturas. — Você não tem ideia do inferno que venho vivendo durante todos esses anos desde que acordei. — Ele senta no chão, com as mãos na cabeça. — Aí do nada você aparece e joga tudo isso em cima de mim...— Ele não está bem. É nítido. E eu entendo. Só preciso que ele passe a confiar em mim. Simplesmente isso.

— Eu sei que é difícil, mas observe todas a fotos. Talvez faça você se lembrar de algo. — falo enquanto envio para seu e-mail os arquivos. Eu estou arriscando alto. Ele pode simplesmente não acreditar em mim, e sim em sua esposa, que com certeza está em casa se armando de munições pesadas contra tudo o que eu disse. — Não confie na sua esposa. Ela não é quem você pensa. Se você quiser saber mais sobre você mesmo, me procure nesse endereço.  — O entrego o endereço do hotel onde estou hospedado saindo de sua sala. Mas antes de a porta se fechar ele fala.

— Qual o meu nome verdadeiro?

O olho novamente, seus olhos estão perdidos, mas eu sinto que ele irá acreditar em mim. Nossa conexão como irmãos é muito grande.

— Seu nome é Petrus Forchhammer, capo da Alemanha. — saio de sua sala indo em direção ao elevador.

Estou confiando que ele irá atrás de mim, porque eu preciso que ele faça isso.

FRAGILE | ✓Where stories live. Discover now