Capítulo 2

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      Já estava na hora de acordar

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      Já estava na hora de acordar. Meu pai já havia feito a minha matrícula na escola nova, nem para me dar um tempo antes de voltar à rotina. Me levantei, ainda bocejando. Escovei os dentes e lavei o rosto. Escolhi uma calça jeans rasgada, uma blusa branca e uma jaqueta clara, acompanhados com um tênis plataforma. A maquiagem bem básica como sempre.
      Foi aí que me dei conta de que não havia comprado nenhum material escolar. A minha mochila da outra escola havia ficado na Flórida. Acho que posso voltar a dormir. Era o que pensava até ver uma mochila lilás em cima da cadeira perto da escrivaninha. Quando abri, estava cheio de cadernos, bolsinha com tudo necessário. Nossa.
Não pensei muito. Coloquei ela nas costas e saí do quarto. Quando cheguei até a mesa do café, meu pai já estava lá.

— Gostou da mochila? — ele estava sorridente. Como não estaria se é um dos empresários mais respeitados de Los Angeles?

— Sim, é bonita. — coloquei ela ao lado da cadeira e me sentei. Não estava a fim de comer nada.

— Ontem sua mãe me ligou e disse que você havia esquecido a sua mochila em casa e queria que eu providenciasse uma para você. — ele contou. Como eu disse, minha mãe sempre vai se preocupar comigo, mesmo que esteja bem longe.

— É, ela se preocupa muito comigo. — disse sem nem olhá-lo. — Bom, preciso ir para a escola. Como sou nova, preciso saber do horário das minhas aulas.

— Não vai comer nada? — ele me perguntou.

— Não. — lhe respondi enquanto me levantava da mesa.

— Vou pedir ao motorista para que te leve. — ele se levantou e chamou um tal de Caio. Ele era o motorista. O carro do meu pai era super extravagante. É o tipo de carro que todos esperam que saia de dentro, uma celebridade. A escola se chamava LA HIGH SCHOOL. Foi uns dez minutos até chegar lá.

Quando entrei, era como estar em um cenário de filme. Aqueles típicos clichês da Netflix. De um lado tinha garotas conversando, do outro um casal dando uns amassos. Garotos nerds com livros na mão e com certeza aquele grupinho Chanel, eram as líderes de torcida. Nunca gostei de ser a novata, ninguém te respeita, todos acham que você é um brinquedinho novo.

Fui até a diretoria e peguei todas as informações sobre meu horário escolar. Estava me sentindo um peixe fora d'água. Não tinha amigas do tipo juntas para sempre, mas pelo menos fazia parte de um grupo. Minha mãe sempre dizia que sou muito antissocial e não deixo ninguém se aproximar muito. Ela não está errada. O sinal bateu e a minha primeira aula era de matemática. Eu curto matemática. Meu problema mesmo é com química. Demorei um pouco até achar onde ficava a bendita sala vinte e três. Cheguei atrasada, só para completar.

— Você deve ser a aluna nova, certo? — um cara alto e engravatado me perguntou. Meus olhos estavam ocupados fitando a figura de braços largos, cabelo castanho claro e um belo par de olhos azuis. Christian Audrey. Inacreditável que ele é da minha sala. — Senhorita Stendall? — essas palavras me fizeram sair dos meus pensamentos. Às vezes esquecia que meu nome era Header Moore Stendall.

— Senhorita Moore. — o corrigi. Odiava que colocassem "Stendall" como meu sobrenome.

— Como quiser. — ele deu uma leve risadinha — Tem algum parentesco com Richard Stendall? — com certeza essa era uma curiosidade.

— Somos parentes distantes. — respondi.

— Ah sim! Sou o professor Cárter, de matemática. Sente-se e seja bem-vinda. — ele me pareceu ser um cara legal. Apenas agradeci e resolvi sentar em um lugar bem afastado de Christian Audrey. Apesar que todos os lugares perto dele já haviam sido ocupados por um bando de garotas. Elas praticamente o idolatravam. Quando olhei para ele de relance, o mesmo me observava. Fiquei um pouco desconfortável. Não gostava de olhares em mim. A aula começou e o professor começou explicar a matéria nova.

Fiquei muito feliz quando o sinal do intervalo bateu. O primeiro dia é sempre um porre. Meu armário era o 216. Estava guardando alguns livros lá.
No refeitório, cada mesa parecia representar um grupo. Não importa em que lugar esteja, sempre vai haver grupos na escola. Peguei uma maçã e uma garrafinha de água de 500ml e me sentei em uma mesa pequena e vazia. Gostava da sensação de ficar sozinha. Estava fuçando no Instagram até alguém sentar na minha mesa. Quando olhei bem, era um garoto loiro e de olhos verdes, era muito lindo. Infelizmente, por mais que fosse muito contra em morar em Los Angeles, tenho que confessar que a visão masculina dela é melhor que na Flórida.

— Quem é você? — perguntei bem direta.

— Nossa... — ele riu um pouco pela minha maneira direta e objetiva de perguntar as coisas — Bom, sou Becky Hollister e como se chamaria essa bela garota ruiva, dona de olhos verdes maravilhosos? — ela estava sorrindo. Ele era mais lindo ainda sorrindo. Pela sua roupa, seu jeito e seu cheiro, era de se notar que era um garoto de uma família bem sucedida.

— Nossa... — franzi o cenho ironizando da mesma forma direta dele — Essa garota ruiva, dona de olhos verdes maravilhosos se chama Header Moore. — o jeito dele sorrir era contagiante.

— Não é de Los Angeles né? — ele estava me analisando.

— Não. Sou da Flórida. — debrucei os meus braços na mesa e ele fez o mesmo.

— Sério? Geralmente eles dizem que as garotas da Flórida são mais bronzeadas. — sua voz era gostosa de escutar.

— Bom, vai acabar percebendo que não sigo muito o padrão, simplesmente não me encaixo nele. — brinquei e ele não se conteve e riu também.

— Garotas fora do padrão representam um perigo para os olhares masculinos. — senti minhas bochechas corarem um pouco.

— Bom, o que essa garota ruiva tem que chamou a atenção desse garoto loiro para sentar em sua mesa? — dessa vez tentei não ser direta para perguntar logo "O que você está fazendo aqui?"

— Esse garoto loiro tem uma queda por ruivas antissociais. — Ótimo. Devo estar mais vermelha que um tomate agora, e pelo visto ele percebeu. — Brincadeira. É que vi você aqui, um rostinho bonito, sozinha. — ele não melhorou em nada.

— Gosto de ficar sozinha. — disse bem direta. A presença dele me deixava um pouco nervosa.

— Não mais. Você precisa se enturmar mais nessa escola. — ele comentou.

— Eu sei. Só não tenho ânimo mesmo. — escorei minhas costas na cadeira.

— Que tal isso, hoje à noite tem uma festa na casa de um colega meu. Vamos e prometo que vai se divertir muito. — ele estava mesmo me convidando? Uma garota que mal acabou de conhecer?

— Não sei, não curto festas. — a única que fui, entrei e saí na mesma hora. Nunca me encaixo nisso.

– Ah! vamos... se você não gostar, vamos embora. — ele falava de uma maneira que era quase impossível ignorar.

— Tudo bem. Me passa o local e a hora. — fui vencida.

— Me passa o seu endereço e eu te busco às oito em ponto. — ele estava bem estratégico. — Me dá seu número e você me envia tudo por mensagem. — ele tirou um iPhone enorme do bolso e colocou na tela de discagem. Salvei meu número e o devolvi.

— Então, te vejo mais tarde Header. — ele se levantou.

— Até então. — respondi. Ele continuou seguindo até a saída do refeitório.

Pensando melhor, eu estava aceitando ir em uma festa com um cara que mal acabei de conhecer, passei meu número para ele e acho que dei uma leve flertada. Los Angeles é realmente um lugar que te torna irreconhecível.

Mesma Sintonia Where stories live. Discover now