Capítulo 2

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Aos poucos fui recobrando os sentidos, minha mente estava despertando, mas o corpo não obedecia aos meus comandos. Me senti incapaz, imóvel, como se eu tivesse presa a um corpo que não é o meu.

Esforcei-me para abrir os olhos, mas eles pareciam tão pesados, como se duas pedras estivessem em cima deles e eu não conseguia abri-los. Passei algum tempo ouvindo uns barulhos estranhos, pareciam bips... só então me dei conta do que tinha acontecido.

Reuni todas as forças do meu ser para acordar. Meus pensamentos foram direto para Rebeca e Léo... porra! O Léo tinha levado um tiro! Pelo menos era o que parecia, ele estava todo ensanguentado, pálido e assustado. O Diogo não pode ter feito isso! Ele não pode ter acabado com a minha vida novamente! Ele não podia ter atirado no irmão!!! Não! Não!!!

Meu corpo se debateu na maca do hospital e eu ouvi uma voz longe dizendo:

- Seda novamente.

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Meus olhos doem com à claridade. Pisco inúmeras vezes antes de tentar abri-los de vez. O local é todo branco, meus braços estão presos a aparelhos hospitalar. Sinto-me fraca, uma moça vestida de branco, com sorriso acolhedor se aproximou de mim.

- Acordou senhora Martínez.

- Por que ... - tentei falar, mas minha garganta estava seca, e não consegui formular a pergunta.

- Acalme-se, está tudo sob controle. A senhora teve um choque emocional grande, tivemos que seda-la até a senhora se recuperar.

Balancei a cabeça, como assim choque? Eu não lembro como vim parar aqui, eu só lembro de ter visto o Léo ensanguentado... e quando acordei estava aqui, nesse hospital. Nem sei se é em Acapulco ou na capital, eu não vejo ninguém conhecido, meus filhos! Minha gestação! Será que alguma coisa aconteceu com os meus bebês? O bip começa a fazer um barulho estranho novamente.

- Dona Sara, por favor, tente se acalmar. Seu esposo está bem, todos estão ansiosos esperando a senhora acordar. - A enfermeira mexia nos aparelhos enquanto tentava me acalmar.

Mas sinceramente, ela deixou minha cabeça ainda mais confusa, quem é o esposo que ela se refere? Porque querendo ou não, oficialmente aquele traste do Diogo ainda é meu marido. Fecho os olhos e lembro dos seus olhos azuis perversos me fitando. Um arrepio de pavor percorre pelo meu corpo...

Ele voltou... e voltou ainda pior! Eu conheço aquele sorriso maléfico de quem quer fazer muito mal, conheço aquele olhar demoníaco, que parece tão encantador no primeiro momento.

Minha paz acabou! Tenho certeza que enquanto ele viver, o medo será meu companheiro inseparável. Que terei que ficar presa, refém do medo, tanto eu, como Rebeca somos o alvo dele, e sabendo da verdadeira história, da desavença familiar entre os irmãos, certamente ele não sossegará enquanto não nos destruir.

- A senhora está bem? - A moça afaga meus cabelos, enquanto estou com os olhos fechados, pensando na grande merda que aconteceu na minha vida.

Apenas balanço a cabeça afirmando que sim, a dor que eu estou sentindo, medicamentos nenhum é capaz de curar.

- A senhora quer um pouco de água?

Abri os olhos devagar, e encaro os olhos piedosos da jovem moça, confirmo que sim. Ela sai, e eu tento me manter acordada, apesar da tontura e da vontade de me entregar ao sono novamente.

- Aqui está a sua água.

Ela subiu a maca, e me deixou numa posição mais confortável para beber a água. Ela colocou o copo na minha boca, e aos poucos fui bebendo, minha garganta ainda estava muito seca. O que eu tomaria em questão de segundos, demorou minutos para tomar o copo com água.

Prisioneira do Tráfico (Livro 2) CONCLUÍDO ✅ Onde as histórias ganham vida. Descobre agora